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cronicas-->Homens não dão descarga (revista) -- 18/05/2007 - 18:06 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O publicitário quarentão sustenta a coluna do bar. A coluna deveria sustentá-lo, mas a história do publicitário inverte os papéis. Coluna, normalmente, suporta o peso de um prédio e serve de apoio aos homens que podem perder tempo, encostados num canto. A história deste cara inclui umas duas ou três separações judiciais litigiosas e umas cinco ou seis doses de Irish Jameson promocional. Todo o tempo que ele tinha para perder nesta encarnação já perdeu. Todo peso que deveria ter perdido, conquistou. Assim, o homem, como um objeto meio tonto já incorporado ao bar, repleto de sobrepeso, sustenta a coluna. É um homem-coluna, disputando atenções com o vaso de plantas artificiais ou com o pedestal do microfone.
Sem muitos flertes produtivos, o tipo espera o banheiro dos heteros ficar vazio. Sabemos quando um homem está com auto-estima nível menos dois quando ele tem paciência para ficar olhando o movimento de entrada e saída dos banheiros. Parece que controla a bexiga até o limite do masoquismo, esperando o momento certo para visitar o vaso, atitude que será tomada quando aquela ninfetinha cheia de modinha passar rebolando rumo à pipihouse nos parágrafos abaixo.
Por ora, o cantor ególatra arrota um Tribalista tão falso quanto uísque irlàndes ou uísque escrito com "U":
"O amor é feio.
Tem cara de vício.
Anda pela estrada,
Não tem compromisso.
O amor é isso:
Tem cara de lixo
Por deixar meu bem
Jogado no lixo.
O amor é sujo.
Tem cheiro de mijo..."
Diante de versos tão sugestivos, a menina resolve encarar o longo caminho da mesa do canto até o dabliocê em passos de dança misturados com Sexy on the Beach. O momento previsto chega, o publicitário segue a trilha do perfume Carolina Herrera e se transforma na sombra desagradável da ninfeta, babando feito cerveja quente. A perseguição continua até a divisão do corredor entre masculino e feminino. Barrado pelas convenções e pela ainda presente noção de gênero ou de ridículo, o quarentão esquece a caça e entra no banheiro que exibe o símbolo de marte, mesmo sem saber que aquela bola com uma seta apontando para cima é o símbolo de um planeta. Vai direto à latrina, privada, boca de lobo ou sei lá o nome que ele prefere dar às louças sanitárias amareladas. A porta não tem trinco e, para conseguir um pouco de vida privada, ele inclina todo o corpo sobre a folha de madeirite disfarçado de mogno. Homem-tranca com uns 98 quilos mal malhados. Erguida a tampa, a constatação:
- Caracas! Ninguém sabe apertar o botão dessa descarga...
Abre o zíper. Mija um arco e suja a água podre. Fecha o zíper. Abre a porta. Sai do banheiro e pensa:
- Só de raiva, não dei descarga também.
Homens não dão descarga. Não dão o braço a torcer. Dão o fora. Só de birra. Só de sarro. Mas alguma menina linda, loira, louca e leviana vai achar tudo isso uma gracinha. Com balanços de cabelo e sorrisos de aparelho, vai rir das piadas insuportáveis do homem-coluna e destravar a vida sexual do homem-tranca. Ele será o companheiro ideal para uma noite inesquecível que nem ele, nem ela, nem o garçom vão lembrar amanhã. Uísque é mesmo um veneno. E o amor... Para eles, o amor é isso.
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