Os solavancos que conheci*
Rozelia Scheifler Rasia
Desenhei teu nome
Em doce coração de abóbora.
Queimei os dedos em rósea calda de romã,
Esculpi solidão no controverso do espelho.
Retemperei medos e traumas,
Reavivei perdas e sonhos.
Fiz salada com lágrimas do destino,
Tomei ilusão em copo de nuvem.
Vesti mapas de saudade.
Descobri no teu sorriso que a vida mentiu.
Brinquei de rei-rainha e pega-ladrão.
Pesquei dourados em águas barrentas.
Cuspi sementes de pitangas
Nos olhos das lembranças.
Reinventei chuva de esperança
Com gotas de fel.
Vida, metamorfose, encontros, caleidoscópio,
Páscoas, Natais, música,
Magia, destino:
Morte.
Se tua palavra fosse profecia,
Seriam estéreis os solavancos que conheci.
* Rozelia Scheifler Rasia, "Coletânea Internacional Gaya: poesias, contos, crônicas e artigos", Cruz Alta (RS): Editora Gaya/ALPAS 21, 2018, p. 147.
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