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cronicas-->Clássico ou Científico? -- 27/05/2007 - 01:37 (Beatriz Cruz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Clássico ou Científico?


Quando digo aos jovens que fiz o clássico, eles caem na gargalhada. Aí, só para atrapalhar, acrescento que os meninos faziam o científico. Eles ficam boiando. Então continuo, dizendo que aos doze anos eu estava na primeira série e estudava francês, inglês e latim. Pensam que eu era retardada, não conseguem entender como alguém podia entrar na escola com essa idade. Além disso que maluquice essa de estudar latim logo de cara, se nem alfabetizada eu era. Para complicar mais um pouco, explico que em latim há declinações, que eu penava ao solfejar nas aulas de canto orfeónico e não acertava fazer macramê nas de trabalhos manuais. Desenhava gregas com nanquim e para que os trabalhos ficassem bem apresentados, usava mata-borrão. Colava mapas com papel de seda e fazia provas com caneta-tinteiro Parker 51. Antes de entrar no ginásio, porém, depois do quarto ano, tive que prestar o exame de admissão. Nos exames orais do vestibular fui bem, graças a Deus, entrei em Neolatinas na Maria Antonia. Mais tarde,estudei por uns tempos na Católica. Para ir ao colégio, gostava de pegar o camarão, mas nunca conversei com motorneiros. Descia sempre na ilha e carregava todo dia meu classificador no braço, porque não cabia na mala. Ao chegar à escola, apresentava minha caderneta à vigilante.
Pior do que isto, só mesmo grego ou o samba do crioulo doido.
Nos colégios de freiras havia meninas e nos de padres, só meninos. Quem tirava as melhores notas ia para o quadro de honra e quem não se comportava bem pegava um castigo. Todo mundo ficava quieto e se levantava quando a professora chegava. Ainda em pé, rezávamos uma ave-maria. Em português, francês, inglês ou latim, conforme a aula. Depois arrastávamos as cadeiras fazendo um barulhão, só para chatear as freiras. Jamais permanecíamos sentadas ao responder perguntas das mestras.
Não saíamos da classe nos intervalos, nada de ficar andando pra lá e pra cá. Quem circulava pelos corredores era a Irmã Badalo, brandindo seu sininho. Para o recreio saíamos em fila dupla até o pátio, onde comíamos sanduíches trazidos de casa. Não havia nada à venda no local.
O uso do uniforme era obrigatório, com meias três-quartos e tudo. Se alguém as abaixasse ao andar pelas ruas, linguarudos iam logo dedurar para as freiras e as infratoras sofriam penalidades: permanecer no colégio depois de terminadas as aulas do sábado.
Tínhamos aulas aos sábados, sim. Naquela época ainda não vigorava a semana inglesa e quem estudava no período da tarde saía da escola às cinco horas. Isso sem falar nos internatos, que somente permitiam saídas em um ou outro final de semana.
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