Usina de Letras
Usina de Letras
126 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62237 )

Cartas ( 21334)

Contos (13264)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50635)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140810)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6192)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Eu, Bruna e o tamanduá -- 27/05/2007 - 19:01 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Bruna, eu e o tamanduá


Início de 1982. O diretor global, Walter Avancini, mergulha com sua equipe de mais de quatrocentos homens e mulheres -atores, atrizes e cinegrafistas, nos sertões das "gerais", além de Cordisburgo, às margens do lendário rio Urucuia. Sua missão era gravar a mini-série "Grande Sertão: Veredas", inspirada no livro homónimo de Guimarães Rosa, um que todo brasileiro esperto deveria ler, ter paciência para ler. Mas isto é outra história.
Dentre os artistas que foram convocados, para desempenhar o papel do cangaceiro Diadorim, destacava-se Bruna Lombardi, bela mulher, lindos olhos verdes, excelente atriz -e muito melhor do que a gente pensa-, escritora e poetisa encantadora. A equipe viveu por mais de cem dias no sertão, rudimentarmente, em meio a cavalos suados, escorpiões temidos, mosquitos e pouca água, aprendendo a gostar da gente pobre e humilde das "gerais". Bruna, a poetisa, emergiu da atriz e botou poesia no seu diário: "Diário do Grande Sertão". Li tudo, e acho que você também devia.
Conta ela que, em certa manhã quando acordou, viu no chão da sua tenda um escorpião gigante. O bicho parecia convidá-la para dançar uma castanhola, talvez um tango. Aceitou prontamente o convite e o esmagou com a sua sandália "havaiana". Imediatamente virou heroína do acampamento, deu entrevistas, mas ficou com pena de ter matado o pobre animalzinho. Naquele mesmo dia, e já fazia mais de dois meses que estava no meio do mato longe do marido, passou várias horas contracenando com Tony Ramos, decorando o seu difícil texto. Apenas quando se levantaram é que perceberam ter passado o tempo todo sentados sobre duas "enormes aranhas caranguejeiras". Pode ser verdade, mas pode não ter sido. Eu penso que, devido ao fato de ambos estarem longe dos respectivos companheiros, cónjuges que ficaram na cidade grande, a escritora faz essa citação de propósito. Haverá aí alguma conotação sexual, de carência afetiva, de sonhos e desejos? Vai saber!
Noutro dia a atriz ganhou, de um sertanejo que ficara seu fã, um insólito presente: nada menos que um filhote de tamanduá, mansinho, porém musculoso. Leio e me encanto com o que diz Bruna Lombardi no seu diário: "o tamanduá não era um bicho tão bonito, seu focinho parecia um avião concorde, aerodinàmico. O bicho não merecia beijos, mas dava cada abraço!...".
Não tenho certeza, nem posso afirmar, mas acho que rolou algo mais no escuro solitário do sertão do que simples abraços entre aqueles dois sem-vergonha. Na próxima mini-série que forem gravar, até já mandei um recado pro Avancini: quero fazer o importante e gostoso papel do tamanduá.



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui