"Fumantes doentes demoram a procurar ajuda
Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (DF), a maioria dos fumantes doentes que chega à rede pública de Saúde têm algum tipo de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), como enfisema pulmonar e bronquite crônica. Mas esses são apenas 10% dos enfermos. Os outros 90% de pessoas acometidas por alguma DPOC não procuram ajuda médica. Em geral, esses fumantes só batem à porta do consultório médico quando a capacidade de respiração está abaixo de 50%.
Os primeiros sinais podem chegar logo nos primeiros anos de vício: falta de ar, cansaço fácil e alta produção de secreção. Em 80% dos casos tratados, há pouco o que fazer para melhorar o estado de saúde do doente quando chega ao hospital. ``Como não querem parar de fumar, os viciados só procuram o médico quando já estão muito debilitados. Em geral, a alteração pulmonar é irreversível``, conta o pneumologista Celso Rodrigues, coordenador de Programa do Controle do Câncer e Tabagismo da Secretaria de Saúde.
Na área de pneumologia do Hospital de Base do DF, mais de 70% dos pacientes são vítimas do cigarro. E boa parte portadores de DPOC. ``Recebemos, por dia, cerca de 25 pessoas doentes porque são fumantes``, contabiliza a pneumologista Clarice Guimarães Freitas, chefe do setor do HBB. Outras doenças provocadas pelo fumo de grande incidência são infarto com derrame cerebral, cânceres e trombo-angeite-obliterante - doença que entope vasos sangüíneos e impede o fluxo para braços e pernas. O tratamento dessa doenças custa ao GDF R$ 16 milhões por mês, o dobro do valor arrecado pelo governo com ICMS das empresas tabagistas. Cerca de R$ 10 milhões vão só para o tratamento de câncer.
Como no restante do país, as estatísticas sobre o consumo de cigarro no Distrito Federal não são animadoras. A cada dia, quatro pessoas morrem por doenças ligadas ao uso de cigarro. A estimativa é de que cerca de 35% da população do DF seja fumante.
Fonte : Correio Braziliense",
INCA, 24/03/2004.
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