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Cronicas-->Dores de Dente -- 31/05/2007 - 23:48 (Beatriz Cruz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dores de Dente


Quando levei minha filha para tratar dos dentes pela primeira vez, estava preocupada. Haviam me dito que era preciso prepará-la bem antes, para que não se assustasse. Contaram-me casos de moleques que cuspiram na cara do doutor e de outros que pregaram mordidas na mão do dentista. Tentei explicar-lhe como seria aquele "passeio" e nem mencionei que talvez sentisse alguma dorzinha. Logo ela que já havia dado show num laboratório, só porque teve que fazer xixi num penico... Berrou tanto que as enfermeiras correram para ver quem estava matando a criança. Para minha surpresa, tudo correu melhor do que o esperado.
Ao entrar no consultório, imediatamente ela se mostrou encantada. Interessou-se pela cadeira que subia como se fosse mágica. E depois abaixava o encosto. Olhava curiosa para os "apêndices" ali pendurados. Telma, a dentista, foi mostrando com paciência o espelhinho, o esguicho, a pia onde deveria cuspir... Acendeu e apagou várias vezes o spot e ela achou engraçado. Depois mostrou-lhe o motor e explicou que servia para fazer um furo no dente e tirar de lá o bichinho chamado cárie. Confiante, Ana Emília abriu a boca e deixou-se examinar.
Satisfeita, a doutora não só examinou, como obturou um dente. Quando jorrou água em sua boca, minha filha adorou o gostinho de chiclete. Para compensá-la pelo bom comportamento, antes de sairmos Telma deu-lhe um molde de presente. E mais uma espécie de pinça para que ela brincasse. Toda semana Emília queria voltar ao consultório.
Foi um encantamento. Melhor do que qualquer outro brinquedo, aquela "dentadura" acompanhava a menina para onde fosse. Cutucava um dente, passava o dedo em outro, imaginava-se a doutora com seu cliente. E queria examinar nossos dentes também. Nas horas mais impróprias, lá vinha ela arreganhar nossas bocas. Dizia a todos que seria dentista. Isto durou até o dia em que, já no colegial, descobriu que para entrar em Odontologia seria necessário conhecer muito bem a biologia, a química...
Afora minha filha que gostava de ir ao consultório, não conheço ninguém que tenha este prazer. Eu mesma confesso que reluto até o último momento. E já me vi situações difíceis, quando a dor foi aguda e não havia quem me socorresse, porque era domingo ou encontrava-me em lugares distantes.
De qualquer modo, gostando ou não, precisei dos dentistas mais do que o normal, pois com tendência a ser prognata tive que usar aparelho. Adolescente, andei com o chamado "móvel". Mais tarde usei o "fixo" por longa temporada. Finalmente, sugeriram-me dormir com aparelho para que meus dentes não voltassem à posição original. Para o resto da vida.
Já tive problemas na gengiva, problemas de canal e também de dente quebrado por causa da azeitona da empada. Mas jamais com os profissionais do ramo. E de todos eles, os que mais me agradaram foram as mulheres. Telma, aquela que cuidou de minha filha, me chama de "sócia fundadora", por ter sido uma de suas primeiras clientes. Dra.Ema, a ortodontista, impediu que eu ficasse dentuça para sempre.
Felizmente, porque sei de pessoas que não tiveram a mesma sorte. Uma amiga contou-me que depois de tratar o canal a dor não foi embora. Após idas e vindas, descobriu que o dentista havia tratado outro dente, que estava bom! Talvez seja melhor mesmo extrair tudo e usar dentadura para não sofrer tanto.
E por falar nisto, soube recentemente de um caso extraordinário. À hora do jantar, a família reunida em volta da mesa, chega a vovozinha já avançada em idade. Feliz, olha para todos e, antes de sentar-se, abre um largo sorriso. Cor-de-rosa.
Cansada da vida limitada e monótona que é obrigada a levar, a velhinha achou por bem inovar: munida de esmalte de unhas rosa cintilante, pintou dente por dente de sua dentadura!


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