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Cartas-->O Deus da minha Infância -- 26/03/2004 - 03:29 (Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lembro-me que quando era criança eu descobri Deus através dos livros e do falar da minha mãe, descobri a essência do bem lendo livros que explicavam a bíblia para crianças.
Ainda me lembro daquelas páginas e até do cheiro delas, da sua textura grossa e das historias fantásticas que elas contavam, eu me sentava na sala e viajava com tudo aquilo.
E aprendi como todas crianças com minha mãe a rezar antes de dormir...e me lembro como se fosse agora a sensação que eu tinha falando com Deus nas minhas orações infantis, em como eu pedia para que ele protegesse meus pais e meus irmãos, pedia a ele de olhos fechadinhos que me protegesse e aquilo me enchia todo...eu acreditava em anjos e até podia vê-los com a minha imaginação...eu fui uma criança muito imaginativa e tinha até amigos invisíveis( eu ainda os tenho, só que hoje não os vejo mais, mas converso com eles quando estou escrevendo, não os vejo mais porque hoje eles moram dentro de mim)...e eu até as vezes podia ouvir vozes falando comigo quando estava em perigo que eu atribuía ao Deus da minha infância.

Lembro-me das crises de bronquite fortes que eu tinha onde o ar me faltava e eu tinha a nítida impressão que ia morrer e naqueles momentos segurando a mão de minha mãe eu sentia a segurança que todo filho sempre busca numa mãe...e nós rezávamos juntos e o Deus da minha infância ia aos poucos levando embora toda a minha dor e a minha falta de ar.

Eu cresci e a Bronquite sarou e a vida foi me fazendo deixar de ser inocente como eu era quando criança, hoje não tenho mais a minha mãe por perto quando tenho outras diferentes crises, mas seguro nas suas mãos em pensamento.O Deus da minha Infância aos poucos foi sumindo e outras coisas foram tomando o seu lugar, infelizmente para mim.

Uma certa vez me lembro que tinha feito algo do qual eu me envergonhava muito, mas muito mesmo e aquilo me doía no fundo da alma, tinha a nítida impressão que Deus lá do alto me reprovava....e quando passei na frente de uma igreja fechei os olhos, tapei meu rosto, como se quisesse fugir dos olhos de Deus...queria que ele não tivesse me visto fazer aquilo do qual eu me arrependia tanto.

E mais tempo passou....e mais eu fui aprendendo sobre a vida e sobre muitos ensinamentos, aprendi filosofia onde Nietzsche dizia que Deus está morto e todas aquelas suas teorias, me aproximei de religiões como o espiritismo e li sobre sua doutrina assim como o budismo, li o livro dos mórmons pois tenho uma tia que pratica a religião, li um pouco sobre o Islamismo, hinduismo, o xamanismo dos índios enfim sempre fui um apaixonado sobre as religiões porque sempre soube que os destinos da humanidade passam por elas, a religião define o homem, estabelece os seus limites,nela está a separação entre o natural e o sobrenatural, entre o que é humano e o que é divino, entre o que é profano e o que é sagrado.

E os anos foram me afastando daquele Deus da minha Infância, que me protegia e que protegia a toda minha família, quantas vezes estive em crise com Deus por não entendê-lo e por não aceitar as diferenças e as injustiças que existem nessa terra...até o dia em que entendi que a inteligência de Deus é algo tão superior e infinito que a limitada inteligência humana jamais será capaz de entender os desígnios de Deus.

Sempre foi uma pessoa muito sensorial, sempre gostei de provar as coisas e saber como elas são e como elas funcionam com os máximos detalhes e isso não foi diferente com Deus...sempre quis que ele me desse um sinal, que ele acendesse uma luz ou apagasse uma estrela do céu para eu saber que ele existia...até o dia que a minha mãe teve uma sério acidente vascular cerebral(isquemia) e quase morreu no banheiro da minha casa....tive a vida da minha mãe nas minhas mãos e a salvei graças a minha rapidez em levá-la ao hospital.

Foi a prova que eu precisava para saber que Deus existe e que ele nos dá inúmeras chances de reconhecê-lo nos ciclos que a vida está sempre fazendo ao longo de nossas vidas...a mesma mãe que me trouxe ao mundo e que me gerou e me criou dependeu das minhas forças para salvá-la da morte...Deus existe meus amigos, mas para mim ele não tem religião definida, ele é só fé e amor, sim as religiões são uma maneira de nos aproximarmos dele, mas não são as donas da toda a verdade, Deus mora no nosso coração e está em todos os lugares, disponível para todos.

Nas minhas mais negras e desesperadoras depressões, nos acidentes que sofri ao longo da vida eu senti o bafo gelado da morte no meu pescoço e nesses momentos o Deus da minha infância estava lá comigo me protegendo.

Hoje escrevo este texto desarmado...de meus preconceitos, das minhas emoções ruins, dos meus medos ede tudo que me afastou desse Deus...Lembrando das feridas da alma que o Deus da minha infância, e agora que sou um adulto jogando nesse pesado jogo da vida, curou....do perdão que eu mesmo e ELE me concedeu por aquele erro e por outros tantos que cometi...o Deus que não me pune e sim me engrandece...que é a ponte entre a minha insignificância diante do universo e o meu destino em direção a eternidade, que é a minha fonte e que sacia a minha sede espiritual.

Mesmo nos momentos mais difíceis e mais distantes eu jamais deixei de acreditar em você meu Deus da minha infância...que primeiro te conheci nas páginas daquele livro e que agora conheço das paginas que você me ajuda a escrever no livro da minha vida.

TE AMO.

http://andre.aquino12.blog.uol.com.br



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