Noite de amor*
Passava a lua pelo azul do espaço De teu regaço A namorar o alvor! Como era terna no seu brando lume... Tive ciúme De ver tanto amor.
Como de um cisne alvinitentes plumas Iam as brumas A vagar nos céus. Gemia a brisa - perfumando a rosa - Terna, queixosa Nos cabelos teus.
Que noite santa! Sempre o lábio mudo A dizer tudo A suspirar paixão De espaço a espaço - um fervoroso beijo E após o beijo E tu dizias - "Não!..."
Eu fui a brisa, tu foste a rosa, Fui mariposa - Tu me foste a luz! Brisa - beijei-te; maripopsa - ardi-me, E hoje me oprime Do martírio a dor.
E agora quando na montanha o vento Geme lamentando De infinito amor, Buscando debalde de escutar as juras Não mais venturas... Só me resta a dor.
Seria um sonho aquela noite errante?... Diz, minha amante !... Foi real... bem sei... Ai! não me negues... Diz-me a lua, o vento Diz-me o tormento... Que por ti penei!
*Castro Alves, CB, 15/04/2019, Diversão & Arte, p. 4.
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