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Cronicas-->BOM DIA BENTY -- 15/06/2007 - 10:03 (Benedito Generoso da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BOM DIA BENTY


Querido Benty,

Fui dormir cedo ontem à noite e sonhei com você. Acordei e fiquei pensando, sentindo aquela sensação do amanhecer, o cantar do galo, pios de passarinhos, latidos de cachorros, os barulhos dos carros passando na rua, um bater de palmas no portão, que me encabulava e me obrigava a abrir os olhos para um novo dia que começava e cobrava de mim responsabilidade.

Senti-me como uma gata preguiçosa e não sabia se eu estava desperta ou se nem estava aí, pois tudo o que eu queria era nunca ter sido o que eu fui para mim e para você. Naquele momento eu sonhava que estava com você e você estava comigo num tapete de gramas verdes, flutuando no espaço infinito, até que em fim caímos no mar, o mal da vida, tão sofrida, porque tínhamos que viver e sofrer uma nova existência.

Lembrei-me de você, dedilhando a viola e cantando as modas do passado que eu queria esquecer e você teimava em me lembrar, mas eu tinha certeza que você já estava morto, porquanto dera cabo da vida em razão de um ciúme doentio que dia e noite corroeu sua alma até levá-lo à forca. Eu o amo muito, mas também o odeio, porque você fez com que a nossa bela árvore fosse a única testemunha do seu adeus.

Tenho certeza que a frondosa árvore não queria ser uma algoz passiva de seu sacrifício por mim, por isso mesmo sempre me acolhe debaixo de sua sombra, amenizando minha dor por não ter estado ao seu lado naquele momento extremo.

Não posso deixar de odiar essa árvore, que ficou silenciosa enquanto você fugia de mim para sempre, deixando-me dormindo sozinha, mas sonhando que você estava ao meu lado e nunca me abandonaria. Áh, Benty! Por que você fez isso? Foi nossa árvore, ou fui eu a culpada dessa tragédia?

Estou ficando louca, mas isso me faz estar bem comigo mesma, sentindo com toda certeza que você ao se matar, também me matou por amor, ou por ciúmes, o que dá no mesmo.

Um pássaro pequenino pousa todas as manhãs na janela de nosso quarto, voando diretamente de um dos galhos daquela árvore, como a me dizer que me traz de você um recado, e se empertiga dando pequenos pulinhos. Em seguida, olha triste para mim, vira depressa a cabecinha em direção à árvore da morte, abre seu biquinho ao mesmo tempo que agita as asinhas e entoa um lindo cântico e não menos triste, que eu já o conheço muito bem, pois é exatamente a música que você cantava para mim ao som da viola para eu cochilar no sofá, depois de nosso jantar.

Acho que sou mesmo uma burra, pois não consigo imitar nem para mim mesma aquela saudosa canção de ninar ao fim da tarde. Se você não tivesse feito o que fez, eu conseguiria reproduzir o canto desse pássaro que eu nunca vi e nem ouvi antes, mas que veio me dizer que você ainda me ama.

Não sei se sonhei ou se foi o passarinho que me disse, mas eu tenho certeza que você espera por mim debaixo daquela árvore traiçoeira, a qual me quer agarrar a todo e qualquer momento, sem eu mesma saber por quê.

Anseio estar com você, mas fujo da árvore maldita, em cujos galhos pousa e canta o passarinho verde-amarelo, num tom tão bonito, quase mágico, que me lembra muito você cantando modas de viola para eu dormir.

Acabei de ouvi-lo cantar neste exato momento e me pareceu que era você entoando para mim sua linda e imorredoura voz.

O cântico desse pássaro misterioso fez-me lembrar de você, de quem nunca esquecerei. Então resolvi lhe escrever. O que escrevi está escrito. Depois disso, eu só posso chorar..., Sem nunca mais esquecer esse sonho que você sonhou comigo:

A gente ficava trocando mensagens pelo computador, nos desejando e querendo que tudo aquilo estava acontecendo de fato e não só virtualmente. Pode parecer estranho o que vou lhe contar agora, mas sonhei com você nesta noite chuvosa e fria.

O pior (ou melhor você é quem vai dizer) é que não foi um sonho comum. Foi um tipo de sonho que eu nunca sonhara antes, ou seja, sonhei sim, foi há muito tempo e nem me lembro mais...

Mas, não fique assustado, porque foi um sonho bom. Tão bom que eu acordei apressada, com um desejo louco de transformá-lo em realidade o mais rápido possível, e é por isso que estou lhe escrevendo assim tão cedo, embora me sinta constrangida em confessar o que sonhei...

Mas, vamos lá... Sabe o que é? É que no meu sonho você não estava exatamente com aquelas roupas bonitas que você vestia para ir trabalhar.

No meu sonho não havia nenhum paletó sobre os seus ombros e nenhum sapato pressionando os seus dedos. Não precisei me esforçar nem um pouquinho para tentar adivinhar a fragrância da sua loção, até porque estava ainda com a barba por fazer e eu, mesmo dormindo, senti o seu cheiro bem forte e muito másculo.

Olha, pra terminar, tenho que dizer mesmo a verdade: No meu sonho você não vestia roupa alguma. Apenas uma toalha que ameaçava cair pelas suas pernas...

Quando caiu eu acordei. Que tristeza, pois aí voltei para a pesada realidade sem mais a sua presença, pois sei que não posso arrancá-lo daquela árvore detestável que, por ser estéril, talvez o quis para ostentá-lo como um fruto pendente ao sol do amanhecer de uma noite tenebrosa.

Quão horrível foi para mim encontrá-lo, depois de dar por sua falta ao meu lado em nossa cama, balançando para lá e para cá ao sabor do vento naquela manhã em que o sol nascia carrancudo para anunciar o fim de um sonho e a razão da existência de uma alma.

Como eu gostaria que fosse exatamente o contrário, bem diferente, e que a árvore estivesse carregada de frutos adocicados para juntos saborearmos gulosamente à sua sombra, durante aquele dia quente do pesadelo que se seguiu ao seu desaparecimento de minha vida.

Ah, Benty, como seria maravilhoso se aquele lindo sonho tivera sido o pesadelo de uma noite de verão, enquanto que o amanhecer daquela noite triste tivesse tido o poder de transformá-lo na ilusão desse meu sonho póstumo.

Bem não sei mais o que pensar nem dizer, depois de lhe ter dito tudo isso, mas saiba de mais uma coisa, que eu sonhei, sonhei. Pena que foi apenas um sonho, o que foi bom e real e que tenho vivido desde então. Só a saudade de você me dá forças para acordar todo dia de manhã, procurando aquele abraço cotidiano e o beijo que você me dava religiosamente, após a xícara de café forte que eu fazia do jeito que você gostava.

Benty, Benty...

Tente ao menos pôr fim a essa minha fantasia louca de que você nunca nem mesmo existiu. Quero que você tenha realmente feito parte de minha vida e reconheça em mim um atalho para voltar e completar o que deixou por fazer, pois acredito que somente assim nós dois ainda podemos sonhar com a felicidade, se é que o Paraíso realmente existe.

Estou definhando só pensando em você e a qualquer momento meu coração vai parar de bater, mas quando isso acontecer, direi: Graças a Deus vou me reencontrar com o meu querido Benty.


BENEDITO GENEROWO DA COSTA
benegcosta@yahoo.com.br
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS

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