Posso ir ao banheiro?
(Eine kleine toilleten)
Certa manhã, enquanto esperávamos nosso transporte à saída de uma cidadezinha na Alemanha, já em local afastado, deu-me enorme vontade de ir ao banheiro. Como estávamos ao lado de um bosque, Helena achou que eu devia me esconder atrás de uma árvore e resolver o problema. A idéia não me agradou nem um pouco, pois o frio era intenso e, além disso, sou muito inibida para fazer algumas coisas em público. Resolvi que andaria até a casa mais próxima e ali pediria socorro.
Minha amiga, mais amiga da onça do que minha, disse que eu me virasse sozinha, ela não acompanharia ninguém. Então eu lhe supliquei que ao menos me ensinasse como pedir tal coisa em alemão. Ela desfiou uma longa e complicada frase que fui decorando, repetindo-a pelo caminho.
Diante da primeira casa, que era suntuosa, toquei a campainha. Assim que o rapaz abriu a porta (tinha que ser um rapaz!), sapequei-lhe a papagaiada, sentindo-me como criança a recitar a poesia mal estudada. De tudo o que eu dizia, só compreendia mesmo a palavra "toilleten". O rapaz, admiradíssimo, fez sinal para que eu entrasse e foi logo mostrando o caminho.
Ao sair mais tranquilizada do lavabo e querendo agradecer, troquei umas palavrinhas com o mancebo: Danke schön, auf wieder zehen, Ich bin student in Frankreich, ao que ele me respondeu com frases incompreensíveis. Achando que era pouco diante de tanta gentileza obtida, resolvi falar mais, só que meu parco vocabulário se havia esgotado. Então, já me encaminhando para a porta da rua, fui fazendo reverências enquanto dizia: volkswagen, telefunken, Bundesrepublik, alles blau in Blumenau...
Quando cheguei ao lugar em que Helena se encontrava, de tanto esperar no frio ela também estava apertada, mas era tarde, um carro parou e alguém nos ofereceu carona.
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