Muito piores do que Hitler
Eduardo Levy
(Texto extraído de http://edulevy.blogspot.com/2007_02_01_archive.html - LEVYPLA - Terça-feira, Fevereiro 27, 2007)
Não sei nem por que estou escrevendo isso. Todos que vão ler já sabem. Eu já disse isso umas cem vezes, muitos outros já disseram duzentas. Mas vamos lá.
Lê-se na Veja desta semana: "Hitler foi `o ser humano mais misterioso do século´. A hipérbole, infelizmente, se mantém. A personalidade do tirano que arrastou a Europa à hecatombe, comandou o genocídio de 6 milhões de judeus e provocou um conflito que custou no total dez vezes mais em vidas humanas parece destinada a desafiar toda explicação e ultrapassar, em maldade, qualquer medida compreensível." Realmente, Hitler foi um tirano horrendo, de uma malignidade a um só tempo inapelável e incompreensível. É enorme ignorància, porém, dizer ou dar a entender que foi o pior tirano de todos os tempos. Se ele conduziu (e conduziu) o mundo a uma guerra que matou 60 milhões de pessoas, Mao Tsé-tung sozinho, em seu próprio país, em tempos de paz, matou 65 milhões. Quem é que é pior?
A asneira é repetida em todos os cantos. Outro dia mesmo, o History Channel chamava Hitler de "o pior tirano de todos os tempos". Por aí se vê o poder imenso da propaganda comunista. Tempos atrás, meu ex-amigo (não me perguntem por que ex-amigo, eu não saberia responder. Mas é, de fato, um ex-amigo) Leonardo Bruno, a.k.a Conde Loppeux de la Villanueva, me dizia ao telefone: - "O grosso da massa de militantes esquerdistas nem sonha isso, mas 99% do que eles repetem como matracas foi concebido e criado pelo stalinismo. É pura propaganda, concebida com esse fim, que alguns têm a desfaçatez de chamar de história e levar a sério. E o pior é que muito dessa propaganda já começou a ser a versão oficial de tudo, até de fontes sérias". E, de fato, nenhum exemplo mais eloquente disso do que a comparação entre nazismo e comunismo. Se colocarmos na conta do nazismo todos os mortos de todos os lados da Segunda Guerra Mundial, não chegam a 60 milhões. Já os comunistas, excluídas quaisquer guerras, mataram em seus próprios países, em tempos de paz, cem milhões de pessoas. E enquanto o nazismo (com toda a justiça) foi relegado à lata de lixo da história e é visto como um crime horrendo, o comunismo continua aí, prestigiado, louvado, defendido, brigado, todo pimpão. Como tanto nazistas como comunistas adoram a Teoria da Evolução, pode-se dizer que, na batalha pela sobrevivência do mais apto entre os regimes genocidas, o comunismo viveu mais porque matou muito mais.
(Não demorará a surgir idiotas me chamando de nazista. Não devia ser necessário dizer nada, mas há leitores que são tão obtusos, que é preciso explicar tudo. Eu abomino tanto o nazismo quanto vocês, meus queridos. Simplesmente, quero mostrar que o comunismo deveria ser abominado mais ainda, por ser mais ou menos um nazismo ao quadrado.)
Hitler seria no máximo o terceiro ou o quarto pior ditador. Stalin matou mais, com mais requintes de crueldade, com mais loucura e desfaçatez. Não consta que Hitler sorteasse listas mortos por regiões, como fazia Stalin. Nem que condenasse alguém simplesmente por ser neutro politicamente, ou por ser poeta, ou por ser escritor. O mito de que comunista come criancinha não é mito: Alexandre Soljenítsin conta, no Arquipélago Gulag, que, na URSS, a fome era tanta que os pais comiam os próprios filhos. Passaram pelo Gulag cerca de 66 milhões de prisioneiros. 20%, se tanto, dos prisioneiros nazistas?
E eu já me esquecia da China. Por falar em comer criancinha, na China de Mao comia-se não só criancinha, como adulto também. Os repórteres da Veja que escreveram aquela asneira deviam ler mais a própria revista. Diz a Veja de 22/01/97: "Num massacre famoso, na escola de Mushan em 1968, na qual 150 pessoas morreram, vários fígados foram extirpados na hora e preparados com vinagre de arroz e alho". E comia-se com os piores requintes de tortura. Conta Félix Maier, de quem tirei essa citação da Veja: "Essa prática de canibalismo tornou-se corriqueira no período de 1968 e 1970, quando centenas de `inimigos do povo´ foram devorados em Guangxi, conforme pesquisas de Zheng Yi em Guangxi. O trabalho de Zheng Yi, dissidente exilado nos EUA desde 1992, resultou no livro Scarlet Memorial - Tales of Cannibalism in Modern China (`Memorial Escarlate - Histórias de Canibalismo na China Moderna´). Na mesma época, havia um tipo de tortura sui generis: alguns presos, ainda vivos, tinham seus órgãos sexuais (pênis e testículos) arrancados, assados e comidos, como consta no mesmo artigo de Veja: "Wang Wenliu, maoísta promovida a vice-presidente do comitê revolucionário de Wuxuan durante a Revolução Cultural, especializou-se em devorar genitais masculinos assados". Como se afigura maravilhosa a esperança de morrer numa càmara de gás quando a alternativa é ter as genitais arrancadas e fritadas antes de morrer! Devorar genitais assadas de presos vivos! Vocês vão me desculpar, mas perto disso Auschwitz era colónia de férias e Hitler, Mahatma Ghandi.
Mas, segundo diz Paul Johnson, mesmo os padrões de Mao, de comer genitais assadas de presos vivos, eram humanísticos e democráticos se comparados aos adotados por Pol Pot no Camboja. E o pior ditador da história foi Adolf Hitler. Por aí se tem uma vaga idéia do que é o poder balofo da propaganda comunista.
posted by Eduardo Levy at 11:04 AM
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