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Cronicas-->O Sumiço do barrigão -- 25/06/2007 - 23:20 (Beatriz Cruz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O sumiço do barrigão


Quando fui estudar na França, já conhecia um pouco do português de Portugal. Em contato com lusitanos que por lá viviam, aprendi muito mais.
Em primeiro lugar foi preciso abrir meus ouvidos para que se acostumassem àquela maneira de falar, tão diferente da nossa. Como os ouvidos caducam para as línguas aos nove anos de idade, imaginem o esforço empregado por alguém já perto dos trinta. Mas sou persistente e consegui não só compreendê-los, como também me comunicar de forma que me entendessem. Vi muita gente penar, tentando conversar em sua própria língua.
Para obter sucesso devemos memorizar certos termos, principalmente aqueles diferentes que costumam repetir-se a todo instante. Depois, adaptar o que falamos à moda portuguesa.
Não diga que está "fazendo" tal coisa, está "a fazê-la". Pronto, isto já é o suficiente para que a conversa não emperre. Outro ponto importante é o emprego dos pronomes, até mesmo aqueles chatinhos que teimam em aparecer fora de hora.Use-os sempre, abuse deles, mesmo que não se sinta à vontade. "Gostas de frutas? Ótimo. Mas lave-as antes de comê-las, inclusive aquelas mais pequenas".

Aprendi que travão é o freio do carro, breque é palavra feia por lá. Meia de leite (que eles dizem laite) é a média de café com leite, bica o cafezinho e batido, a vitamina de frutas. Sandes é o sanduíche.
Soube que os banheiros ficam na praia salvando vidas e nos apartamentos há casas de banho. Que em dias de chuva devemos andar com chapéu, não enfiado na cabeça, segurando-o pelo cabo. Utentes são os usuários e adesivo comprado na farmácia não passa de esparadrapo.
Pensei que dióspiro fosse palavrão, mas é caqui, aquela fruta gostosa.

Minhas amigas Helena, mais conhecida como Ilhiena e Terezinha, a Trezinha, gostavam de ouvir telefonia, andavam sempre com um radinho de pilha. Quando alguém cortava o dedo, elas logo ofereciam um penso rápido (band-aid).
Quando o frio acabou, deixei de usar um blusão acolchoado com o qual passara todo o inverno. Ao me ver sem ele, uma portuguesa espantou-se e disse: "Cria que estavas grávida!". Achei esquisito, pois pensei que ela queria que eu "estivesse" grávida. Mas como se tratava de pessoa simples, funcionária do restaurante, talvez não soubesse conjugar bem os verbos. Só mais tarde, pensando duas vezes no que ouvira é que me dei conta. Quem estava a se enganar com a gramática era eu. O "cria" era do verbo crer!
O barrigão que ela imaginava dentro do casaco tinha sumido...
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