Um trem no Oriente
“inspirado num momento idílico em que o amigo Fred Chaves recebe de uma admiradora um presente sutil, trazido diretamente do Japão”
Fui para o Japão mas estranhei
não enxerguei o que sempre via
aquela gente fria, a agitação
nos meus olhos só o azul
do mar, do teu olhar, o meu coração;
Um azul celestial, mas muito mais
um azul humano com viço de homem
um gosto inusitado que eu jamais
senti, de fogo: erupção de saudade.
Eu vagando só, mas acompanhada,
que coisa engraçada, só a paixão
tem esse dom, esse fulgor
e pensei tanto que nem escrevi,
preferi confessar pessoalmente
O meu amor
Assim te entrego sem pejo
esta caneta: objeto de desejo,
que além de rabiscar teu nome
pôde saciar a minha fome
lembrando aquele apêndice viril
que de súbito em minha vida apareceu
E nunca mais fui a mesma...
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