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Poesias-->BALADA DE UM FAVELADO -- 03/06/2001 - 00:12 (Medeiros Braga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu era um bom camponês,

Tinha amor à agricultura.

Quando estava no roçado

Sentia, sim, paz, ternura.

Eu via com admiração

A planta verde do chão

Nascendo duma semente!

Naquelas horas de calma

Era como se minha alma

Se firmasse, eternamente!



Por amor à natureza

Tudo me emocionava!...

Era a paisagem, a beleza,

Que da mata se estampava.

Do fértil chão de pauis

Aos céus mais belos, azuis,

A natureza se abria!...

Qualquer ação me tocava...

Até o mugido da vaca

Que no curral dava cria!



Era o aboio do vaqueiro,

O relinchar do cavalo,

Era o berro do carneiro,

O canto rijo do galo!

Eram as garças que ruflando

As asas, passavam em bando

No seu rito costumeiro!...

Era o cantar magistral

Do graúna, do pica-pau,

Do canário e do ferreiro!



Pode haver coisa mais bela

Que o amanhecer do sertão?...

Os raios luzindo a umbela

Que põe fim à escuridão?...

Que o galo que cacareja?...

Que o cachorro que fareja

As raposas e os guarás

Que sobre o mato, lajedo,

Batendo em fuga com medo

Sentem o risco logo atrás?



Após o inverno que vinha

Havia tudo em fartura,

Tinha o feijão, a farinha,

Milho, arroz e rapadura.

E como a mesa era farta...

Tinha o inhame, a batata,

A macaxeira, a galinha...

Tinha o peixe, a caça, o ovo

E o sabor sempre novo

Da fruta doce, fresquinha!



E como era boa e animada

As festas de padroeiro!...

As festas de Santo Antônio,

O santo casamenteiro.

Vinha gente de toda parte.

De Santana, Bacamarte,

Mombaça, Exu, Piedade.

Ficava ali pela praça

Dando o ar da sua graça,

Matando a dor da saudade!



Eu era o que se pode dizer:

Verdadeiro cidadão!...

A minha terra era pouca

Mas dava sossego e pão!

Dormia bem, asseguro!...

Respirava o ar mais puro

Dos area da redondeza!

A noite a brisa da roça

Perfumava a minha choça

Com o cheiro da natureza!



Hoje, na minha descrença,

Na favela que descerra,

É que sinto a diferença

Do meu pedaço de terra!

Minha noite é mal dormida,

Já não tenho ânimo na vida,

Meu mundo se transformou!

Tenho por casa um barraco

Onde o terraço é um buraco

E a lama podre é a flor!



Ao olhar os meus filhinhos

Sem saúde, desnutridos,

Eu caio em choros baixinhos

Pra não serem percebidos.

As vezes penso em voltar

À minha terra, ao meu lar,

Mas um impasse me persegue.

É que vivo numa prisão

Como pássaro num alçapão

Que quer voar, não consegue!



Companheiros, agricultores,

Que nos seus sítios estão,

Nunca sejam desertores

Do seu pedaço de chão!

Que jamais isso aconteça,

Que passe pela cabeça

Esse pensar sem juízo,

Porque, a bem da verdade,

Se comparado à cidade,

É o campo um paraíso!



Vocês têm é que se unir

E lutar pra melhorar,

Nunca pensem em sair,

Jamais distruir seu lar.

Lutar, pois, é a solução!

Só com a força da união

As coisas podem mudar...

E quando forem à cidade

Que sintam a felicidade

Na alegria de voltar!!!
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