NA LATA
No fim, você não deixou nada.
Nem eu te deixei levar qualquer coisa.
É que talvez...não havia muita coisa.
Haviam reclamações e chatices
rotinas impostas sabe lá por quem
e normas nunca cumpridas totalmente.
Sim, é isso: não havia nada.
Mas haviam outras transgressões
e creio agora, pensando bem
que por elas existia nossa teimosia
em permanecer.
Havia um impulso esquisito
que pegava-nos de surpresa
e embriagava algumas noites
para fazer de conta
que éramos outros
nada a ver com os mesmos tontos
teimosos em se manter
Havia alguma parte de cada um
que em triste nostalgia do inicio
ainda tecía mentiras belíssimas
e em contos de planetas inventados
contava-nos o impossível
de forma tão simples e tácita
que nunca iria ficar para sempre.
Assim é a vida : tudo tem seu tempo.
Agora sou outra e você, nem sei quem é.
Tomara que saibas, para não se esconder.
Porque esconder-se da vida, veja bem:
é a pior regra
que alguém pode aprender!
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