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cronicas-->Dormindo até babar -- 20/07/2007 - 10:43 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dormindo até babar

Fernando Zocca

A faxineira Lola Ola entrou no quarto do Grogue, naquela manhã de 18 de junho com objetivo de limpar o ambiente. A desordem, bagunça mesmo, era geral, total. Havia roupas jogadas pelo chão, pedaços de papéis, pastas suspensas, rádios desmontados, poeira e gordura. Era o caos. Então a magricela branquela viu uma folha de papel onde havia esse escrito:
"Fofoqueiro desatualizado. Isso é o que deve conter a etiqueta a ser colada no sujeito que, intencionando constranger alguém com insinuações de fatos antigos, notícias deturpadas e calúnias, deseja sobrepor-se num grupo de conversadores.
O maluquinho da fúria incontida, pretendendo ocultar sua astúcia para a prática do furto, tendência para lesões corporais gravíssimas, praticadas com golpes de ivirapema, e desejoso de provar também seu valor duvidoso, pode até tentar imprimir figuras toscas de cavalos em camisetas, pendurando-as depois nos varais da casa miserável.
Se o adoidado, histérico, crer ser você um problema impeditivo da aquisição de sucesso, cuidado! Ele pode atacá-lo com uma chave de fendas.
E se agressor, depois de lhe ferir a cabeça com uma bordoada, o braço com um golpe de chave, não ver nisso motivo de satisfação, pode muito bem o debilóide fotografá-lo fazendo montagem depois com as fotos usando-as para caluniá-lo.
Além disso, o adoentado pode juntar-se a seitas malignas e disseminando inverdades tentar destruí-lo com perversidade.
O tabágico cidadão insone, pela mulher deixado na mão, abandonado sem pendão, indispõe de outra tábua que não seja a dos soníferos. Isso é terrível.
Se a lembrança das maldades perpetradas, dantes motivadas pela insània, pela lise não se dissolverem, pode o desestruturado voltar a cometer as doideiras ofensivas."
Suspendendo a leitura, Lola Ola Calheiros iniciou seu trabalho. A faina durou duas longas horas. Não foi nada confortável.
A trabalhadora preparava-se para sair juntando seus pertences quando viu o dono do pardieiro chegando. Era Grogue que não estava muito bem das pernas. Ele não sabia se foram as pingas que bebera, os remédios que ingerira ou se a mistura de ambos os verdadeiros causadores daquele travamento inusitado.
Lola Ola temia o Van, por isso não lhe perguntou nada e nem lhe disse mais do que o bom dia usual.
O Grogue pobre, cambaleando e sentindo nas mãos os primeiros tremores do Parkinson que se instalava, ao ver o papel dantes escrito por ele, ali ao alcance daquela xereta, tomou-o de inopino, tirando-o de cima da mesa onde jazia.
Agindo como se tomado estivesse, por uma premência de solidão, rasgou a folha jogando os pedaços ao solo.
Em seguida, tirando do bolso os R$ 35 da féria da diarista, deu-os à mulher que sentiu ser imperioso partir sem dizer palavra.
Durante o restante do tempo, Grogue dormiria. Dormiria até babar.




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