INCERTO
Uma espécie de abismo suga
arde
aquieta:
pede para ligar a tevê
pisa onde pode
e nunca chora.
Varro as migalhas de mim
e tento ludibriar a incerteza
mas ela tece uma longa cauda
e me acerta.
Então deve haver outra coisa
além das crenças
porque elas nem sempre
sobrevivem.
Deve existir a incerteza
única e pulsante
como um marcapasso
para sempre.
Com ela bebo a luz da agua
e a sede me deixa viva.
Eu creio que a temo
por isso a esquivo.
Mas ela me pega pela mão
cheia de estranhas intenções.
Graças a ela desligo a mesmice
incomodo o pensamento
que vai dormir
e salto pelos muros
sem medo das facadas
do por que
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