Usina de Letras
Usina de Letras
264 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62171 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50575)

Humor (20028)

Infantil (5423)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->CORAGEM DE VIVER -- 29/07/2007 - 10:18 (SALETI HARTMANN) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:131103324678610700

Há muitos anos, visitava uma pessoa que ficou paralisada por causa de um acidente. Ela apenas conseguia mover a cabeça após o acidente, e o resto do corpo estava imóvel para sempre. Mas, para surpresa minha, esta mulher de fibra sempre tinha um sorriso na boca e nos olhos. E conversava, e ria, e brincava com todos aqueles que a visitavam na sua prisão, em que se transformou o próprio corpo. De repente, quem pensou que iria levar ànimo e consolo para Leopoldina, saía de lá encorajado a pensar que o ser humano é capaz de enfrentar os momentos mais difíceis com a mesma serenidade de sempre.
Leopoldina foi uma criança saudável e uma jovem feliz. Casou, teve vários filhos, e viveu uma situação que ninguém espera para si, mas que a fatalidade da vida acaba trazendo para milhares de pessoas neste planeta.
No entanto, Leopoldina sorria, e nos emocionava com a sua força interior. Tanto, que nos sentíamos pequenos diante desta sua grandeza, porque somos pessoas sadias, podendo nos movimentar livremente, e, ainda assim, sempre estamos encontrando coisas negativas como pretexto para ficarmos tristes e de mau humor.
Um dia, não pude me conter, e perguntei para ela, como é que ela conseguia ser assim forte e valente numa situação tão desesperadora. Novamente, ela sorriu, e novamente senti-me diante da grandeza humana, e não da impotência, como parecia. Olhou-me nos olhos, e contou-me como ela passa os dias, as horas e os segundos sem poder se movimentar para nada. Disse que, além das visitas que sempre recebe, a vida lhe traz outros pequenos motivos, para não perder a coragem. Eu realmente não imaginava quais seriam estes motivos, porque a situação de Leopoldina era a mais desagradável e triste que já vi. Então, ela apontou para os raios de sol que entravam por um filete da janela entreaberta do seu quarto, e disse que aquela luz era semelhante a Deus, porque nela encontrava um meio de distrair o seu olhar e o pensamento, e podia vê-la sempre, nos dias de sol. Naquele filete de luz, Leopoldina refletia na beleza e na perfeição do Universo, conforme ela, cheio de poeira cósmica, e sentia a alma e a mente vivas, cheias de uma ternura divina. Gostava de ver os reflexos que aquele raio de sol produzia no seu quarto, produzindo um brilho especial nos seus momentos de eterna imobilidade. Nos dias de chuva, gostava de ouvir os pingos batendo no vidro das janelas, como se fosse um canto de amor e carinho, ou como se fosse alguém pedindo ajuda na vida. E Leopoldina sorria, porque lembrava sempre das almas esquecidas do mundo, através destas pequeninas coisas que geralmente nós não valorizamos, por causa da excessiva materialidade de nossas vidas.
Saí do quarto de Leopoldina, pela última vez (em pouco tempo era viria a falecer), com a sensação de ter aprendido as maiores fórmulas científicas de produzir felicidade. Hoje, as coisas pequenas têm mais valor, para mim, porque aprendi a olhá-las com os olhos de Leopoldina. Hoje, cada pequeno acontecimento traz ao meu coração um pouco mais de coragem para enfrentar a vida, e é como se ouvisse a voz alegre de minha amiga querida. Ela buscou, nas coisas mais simples, a coragem para continuar sua vida como se fosse fosse uma parasita imóvel, dependendo do amor e da caridade alheios. Ela foi a própria coragem que nos fala de forças superiores a nos amparar nos momentos mais difíceis. A ela, devo a alegria mais verdadeira na minha vida, que são os momentos que a ternura de Deus proporciona aos nossos sentidos, e que só não valorizamos, porque não estamos imobilizados fisicamente por causa das fatalidades que atingem o ser humano milhares de vezes num mesmo dia. Penso, querida Leopoldina, que você foi um raio de sol quew brilhoupor alguns instantes - e para sempre - no meu caminho. Este raio de sol que você foi - e é - representa a ternura humana que nos une nas horas mais difíceis e que nos traz a esperança de que jamais perderemos a nossa capacidade de amar e ser amados.
(Baseado em fatos reais> Crónica classificada em 1º Lugar no 6º Prêmio Missões, promovido por Igaçaba Produções Culturais (cidade de Roque Gonzales). Nível Regional.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 5Exibido 424 vezesFale com o autor