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Cronicas-->A exterminadora 2 - Crónica derradeira -- 03/08/2007 - 21:26 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A exterminadora 2 - Crónica derradeira

Estava numa cidade do interior onde se realizava a 20a Festa do Motorista e do Colono. Assistia ao desfile de carroças e outros equipamentos, todos ornamentados com legumes e hortaliças. O proprietário que conseguisse mais beleza num de seus veículos de trabalho, ganharia como prêmio uma motocicleta zero quilómetro. Lá pela quadragésima apresentação alguém colocou as duas mãos sobre meus olhos, vendando-os por completo. Passei a mão sobre a da pessoa e senti uma maciez que denunciava pelo menos o sexo, feminino. Pedi que falasse algo. Ela disse suavemente, com os lábios quase colados ao meu ouvido:
- Advinha quem é?
Senti vontade de falar logo seu nome, mas com medo de errar, perguntei sua idade.
- Uns vinte anos.
- Nádia, é você?
Ela retirou as mãos e me deu um grande abraço e dois beijos no rosto, exprimindo a grande saudade, que era recíproca. Conversamos amenidades enquanto em nossa frente desfilavam cavaleiros vestidos à rigor, fanfarras, máquinas agrícolas, tratores e carroças. Os carros de tração animal, bem enfeitados, ora trazendo moinhos de cana de açúcar, de farinha, criação de aves, porcos, carneiros, trituradores de ração, ordenhadeira mecànica, resfriador de leite, motobomba, ferro de passar roupa a carvão e amostras da produção dos descendentes de alemães. Devo dizer-lhes que os equipamentos são miniaturizados para caberem nas carroças.
Terminado o desfile, próximo ao meio dia, convidei-a para almoçar comigo. Aceitou com aquela alegria ímpar e nos deslocamos para o barracão de festas. num banco para guardar o lugar, pois a gentarada resolveu encher os pandulhos no mesmo horário. A comida era saborosa: galinha caipira, polenta e recheio feito dos miúdos da ave.
Retomamos o assunto iniciado há meses: quais pessoas ela gostaria de exterminar dessa vez?
- Vou começar pelas invejosas. São pessoas que não tem vida própria. Mulheres que vão na casa da vizinha e obrigam o banana do marido a comprar fogão novo ou montar nova cozinha, para não ficar por baixo. Tenho até pena delas, mas não devem competir dessa maneira e, portanto, para que existirem?
Alegrei-me e, sempre sorrindo, a intisico e ela caiu como uma patinha e abriu o verbo:
- Fumantes nem deveriam nascer. Têm mau cheiro, são doentes e provocam doenças. Outra raça ruim é a pessimista. O percentual desses brasileiros deve ser muito grande, pois o país não vai para a frente. Essa minha teoria defendo, porque acho que o pessimismo traz problemas e não soluções.
Vi em seu semblante um sorriso enigmático. Não sabia se era felicidade de me encontrar ou alegria de poder botar para fora toda a raiva que sente de seus desiguais.
Continuamos a conversar enquanto bebíamos cerveja e degustávamos aquele manjar simples e de fazer lamber os beiços.
- Meu querido. Sinto pena das pessoas que não se acham bonitas. Eu, particularmente, me acho linda. Tenho que me valorizar. O que achas?
- Tenho duas colocações sobre o assunto. Primeiro, foi o tratamento com que me premiasses. Adorei o "querido". Segundo, é sobre a beleza e a feiúra. Costumo acompanhar o ditado popular: se eu não me achar bonito, quem irá me achar? Eu me considero bonito e sempre vou gostar de mim.
- Posso também te tratar de querida? Deixando o papo meloso, vamos ao assunto principal, extermínio.
- As pessoas mentirosas e fofoqueiras poderiam sumir ou morar na Conchinchina. Não gosto de encontrá-las. Tem uma que, quando lhe contei os meus pensamentos, escreveu uma crónica e colocou ao conhecimento público.
- Querida, me perdoa - retruquei com sinceridade.
E acrescentei:
- Mil perdões. Espero que não me extermines.
Ela sorriu, me deu um beijo na boca e proferiu:
- Meu bem, eu te quero sempre junto, pois sabes me escutar, és alegre e poderei ser feliz contigo.
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