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cronicas-->Cadê o meu Blutufi? -- 10/08/2007 - 15:20 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sete amigos numa mesa de bar, sou eu o sétimo deles. Em dado momento, sinto-me um estranho no grupo. Isolado por motivos que só uma consciência tecnológica universal conseguiria explicar. A meia dúzia de adultos perto dos quarenta anos divide-se em duplas de crianças exibindo celulares modernosos como brinquedos que ganharam do Papai Noel do Vale do Silício. A explicação é menos metafísica. É culpa daquele carinha, amigo de alguém na mesa, que passou por ali, minutos antes, exibindo toques de campainha exóticos e de gosto duvidoso: uma criança que chora; um panaca que grita "Sofia, Sofia, so fia da p..., atende esse telefone aí"; uma voz de mano que anuncia "eu podia tá roubando, eu podia tá matando, mas eu só tó pedindo: tio, atende esse telefone!", entre outras pérolas.
O que aconteceu com os barulhos normais de telefone, trim-trim-trim? Ou mesmo os já "tradicionais" toques de celular, como aquele que foi usado num comercial da Coca-cola, em que um garoto imita o barulho do aparelho com a boca, atende uma garrafa de Coke como se fosse o fone e entrega para uma moça que está ao seu lado dizendo: "é pra você!"? Simples como nenhuma tecnologia BlueTooth.
Aliás, foi esse bendito BlueTooth que ligou o mecanismo high tech da mesa. O carinha, arauto da telefonia móvel, após exibir a coleção de barulhos, ofereceu seu acervo para cada um dos meus amigos. Seria fácil transmitir os toques ali mesmo, via BlueTooth. Foi então que todos sacaram seus aparelhinhos e começaram a procurar: cadê o meu Blue Tooth? Eu nem arrisquei pois meu simplório nem sabe o significado dessa expressão difícil de pronunciar. Mesmo mordendo a ponta língua o resultado é mesmo um Blutufi cuspido.
Dente azul. É a tradução literal do nome dessa tecnologia capaz de transmitir dados através de ondas de rádio de curto alcance. Certo... Então só quem faz clareamento dos dentes e fica com aquele sorriso meio azulado pode usar o dispositivo que é fruto da colaboração de grandes empresas como Ericsson, IBM, Toshiba, Intel e Nokia e mais duas mil corporações? Que raio de nome é esse? Quem tem dentes azuis?
O rei viking Harald Blatand tinha dentes azuis. Era o Harald BlueTooth, a maior prova de que havia mesmo algo de podre no reino da Dinamarca (tártaro azul? Blagh). Controvertida a história desse nobre. Há quem afirme que Harald tinha mesmo uma dentição azulada; quem defenda que, no século X, era moda aplicar elementos coloridos nos dentes; e quem diga, enfim, que o nome Blatand, equivalente em línguas germànicas para Dente Azul, seria apenas um sobrenome como outro qualquer. De certo mesmo, sabe-se que o rei BlueTooth conseguiu manter Dinamarca e Noruega unidas sob uma única coroa. Por isso, por simbolizar a união, o nome BlueTooth foi escolhido para batizar essa modalidade de transmissão sem fio que hoje liga as pessoas.
A conexão é eficiente mesmo. Tanto que, quando acionado, o BlueTooth permite que você se conecte a qualquer outro celular que esteja próximo do seu e que também se encontre com o mecanismo habilitado. Suas fotos, músicas, vídeos viajam em ondas de rádio. As fotos, músicas, vídeos de todo mundo em volta de você também flutuam nessas ondas. Mesmo que seja um adolescente da mesa ao lado enviando pornografia para um coleguinha. Basta aceitar e você terá um problemão para explicar que aquela morena de vermelho que está no seu celular foi um BlueTooth cruzado.
Enfim, estou eu na mesa, cercado de pessoas Blutufi. Tento falar de futebol, política, filosofia. Assuntos sem grande apelo tecnológico. Não consigo fazer conexão com ninguém. Cadê meu Blutufi? Droga! Que saudade do tempo em que as relações eram olho a olho, sem interfaces complicadas. Tempo em que, para usar um telefone, o máximo em tecnologia moderna, bastava saber falar "Aló".
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