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Textos_Religiosos-->Homilia do Papa aos novos cardeais -- 27/11/2007 - 11:19 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Homilia do Papa no consistório de criação de 23 novos cardeais

«O Senhor vos pede e vos confia o serviço do amor»

CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de novembro de 2007

ZENIT.org

Publicamos a homilia que Bento XVI pronunciou este sábado durante a celebração da Palavra por ocasião do consistório ordinário público para a criação de 23 novos cardeais, na Basílica de São Pedro no Vaticano.


Senhores cardeais,
venerados irmãos no episcopado e no sacerdócio,
queridos irmãos e irmãs:

Nesta basílica vaticano, coração do mundo cristão, se renova hoje um significativo e solene acontecimento eclesial: o consistório ordinário público para a criação de 23 novos cardeais, com a imposição do capelo e a atribuição do título. É um acontecimento que suscita à cada vez uma emoção especial, e não somente entre aqueles que são admitidos a fazer parte do Colégio cardinalício com estes ritos, mas entre toda a Igreja, transbordante de alegria por este eloqüente sinal de unidade católica.

A mesma cerimônia, em sua estrutura, sublinha o valor da tarefa que os novos cardeais são chamados a desempenhar cooperando estreitamente com o sucessor de Pedro, e convida ao povo de Deus a rezar para que em seu serviço estes nossos irmãos permaneçam sempre fiéis a Cristo, se for necessário, até o sacrifício da vida, e se deixem guiar unicamente por seu Evangelho. Unimo-nos, portanto, com fé, a seu redor, e elevamos, antes de tudo, ao Senhor nossa ação de graças com a oração.

Neste clima de alegria e de intensa espiritualidade vos saúdo com afeto a cada um de vós, queridos irmãos, que desde hoje sois membros do Colégio cardinalício, escolhidos para ser, segundo uma antiga instituição, os conselheiros e colaboradores mais próximos do sucessor de Pedro na direção da Igreja.

Saúdo e agradeço ao arcebispo Leonardo Sandri, que em vosso nome me dirigiu corteses e deferentes palavras, sublinhando ao mesmo tempo o significado e a importância do momento eclesial que estamos vivendo.

Desejo lembrar, além disso, o falecido monsenhor Ignacy Jeæ, a quem o Deus de toda graça chamou a sua presença antes da nomeação para oferecer-lhe uma coroa muito maior: a glória eterna em Cristo.

Minha saudação cordial se dirige, depois, aos senhores cardeais presentes e também àqueles que não puderam estar fisicamente conosco, mas que se encontram aqui unidos espiritualmente. A celebração do consistório sempre é uma ocasião providencial para oferecer «urbi et orbi», à cidade de Roma e a todo o mundo, o testemunho dessa unidade singular que une os cardeais em torno do Papa, bispo de Roma.

Nesta solene circunstância, quero dirigir também uma saudação respeitosa e deferente às representações governamentais e às personalidades aqui reunidas de todas as partes do mundo, assim como aos familiares, amigos, sacerdotes, religiosa e religiosos, e aos fiéis das diferentes Igrejas locais das quais procedem os novos purpurados.

Saúdo, por fim, a todos aqueles que se reuniram aqui para estar a seu lado e expressar com alegria festiva sua estima e afeto.

Com esta celebração, vós, queridos irmãos, ficais introduzidos a pleno título na venerada Igreja de Roma, da qual o sucessor de Pedro é o pastor. No Colégio dos cardeais revive deste modo o antigo «presbyterium» do bispo de Roma, cujos componentes, desempenhando funções pastorais e litúrgicas nas diferentes igrejas, lhe asseguravam sua preciosa colaboração no cumprimento das tarefas ligadas a seu ministério apostólico universal.

As circunstâncias mudaram e a grande família dos discípulos de Cristo está hoje disseminada em todo continente até chegar aos locais mais remotos da terra, fala praticamente todos os idiomas do mundo, e a ela pertencem povos de toda cultura. A diversidade dos membros do Colégio cardinalício, tanto por sua proveniência geográfica como cultural, sublinha este crescimento providencial e manifesta ao mesmo tempo as novas exigências pastorais às quais o Papa tem que responder.

Portanto, a universalidade, a catolicidade da Igreja, se reflete muito bem na composição do Colégio dos cardeais: muitíssimos são pastores de comunidades diocesanas, outros estão a serviço direto da Sé Apostólica, outros ofereceram serviços beneméritos em setores específicos pastorais.

Cada um de vós, queridos e venerados irmãos neo-cardeais, representa, portanto, a uma parte do articulado Corpo místico de Cristo que é a Igreja difundida por onde queira. Sei muito bem de todo cansaço e sacrifício que hoje implica a atenção das almas, mas conheço a generosidade que fundamenta vossa atividade apostólica cotidiana.

Por este motivo, nesta circunstância, quero confirmar-vos meu sincero apreço pelo serviço que haveis prestado fielmente durante tantos anos de trabalho nos diferentes âmbitos do ministério eclesial, serviço que agora, ao serem elevados à púrpura cardinalícia, sois chamados a realizar com uma responsabilidade ainda maior, em íntima comunhão com o bispo de Roma.

Agora penso com afeto nas comunidades confiadas a vossa atenção pastoral e, de maneira especial, às que sofrem por causa de diferentes desafios e dificuldades. Entre estas, como não dirigir o olhar com apreensão e carinho, neste momento de alegria, às queridas comunidades cristãs que se encontram no Iraque?

Estes nossos irmãos e irmãs na fé experimentam em sua própria carne as dramáticas conseqüência de um conflito que perdura e vivem em uma situação política sumamente frágil e delicada. Ao chamar a fazer parte do Colégio dos cardeais o patriarca da Igreja caldéia, quis expressar concretamente minha proximidade espiritual e meu afeto a esses povos. Queremos, juntos, queridos e venerados irmãos, reafirmar a solidariedade de toda a Igreja em favor dos cristãos daquela amada terra e exortar a que se invoque de Deus misericordioso a desejada reconciliação e a paz para todos os povos envolvidos.

Acabamos de escutar a Palavra de Deus que nos ajuda a compreender melhor o momento solene que estamos vivendo. Na passagem evangélica, Jesus acaba de recordar pela terceira vez a sorte que o espera em Jerusalém, mas a ambição dos discípulos toma o lugar do medo que em um primeiro momento lhes havia tomado.

Após a confissão de Pedro em Cesaréia e a discussão pelo caminho sobre quem deles seria o maior, a ambição leva aos filhos de Zebedeu a reivindicar para si mesmos os melhores postos no reino messiânico, ao final dos tempos. Na busca dos privilégios, os dois sabem muito bem o que querem, da mesma forma outros dez, apesar de sua «virtuosa» indignação. Mas, na verdade, não sabem o que estão pedindo. Jesus dá a entender falando em termos muito diferentes do «ministério» que lhe espera. Corrige a concepção grosseira do mérito que eles têm, segundo a qual, o homem pode adquirir direitos diante de Deus.

O Evangelista Marcos nos recorda, queridos e venerados irmãos, que todo autêntico discípulo de Cristo só pode aspirar a uma coisa: compartilhar sua paixão, sem reivindicar recompensa alguma. O cristão é chamado a assumir a condição de «servo» seguindo as pegadas de Jesus, gastando sua vida pelos outros de modo gratuito e desinteressado. Não a busca do poder e do sucesso, mas o humilde dom de si pelo bem da Igreja deve caracterizar todo nosso gesto e toda nossa palavra. A verdadeira grandeza cristã, de fato, não consiste no dominar, mas no servir. Jesus repete hoje a cada um de nós que Ele «não veio para ser servido, mas para servir e dar a própria vida em resgate por muitos» (Mc 10, 45). Eis o ideal que deve orientar vosso serviço. Caros Irmãos, entrando a fazer parte do Colégio dos Cardeais, o Senhor vos pede e vos confia o serviço do amor: amor por Deus, amor pela sua Igreja, amor pelos irmãos com uma dedicação máxima e incondicional, usque ad sanguinis effusionem [até o derramamento do sangue, ndt], como recita a fórmula pela imposição do capelo e como mostra a cor vermelha dos hábitos que vestis.

Sejais apóstolos de Deus que é Amor e testemunhas da esperança evangélica: isto espera de vós o povo cristão. A cerimônia de hoje sublinha a grande responsabilidade que pesa a cada um de vós, venerados e caros Irmãos, e que encontra confirmação nas palavras do apóstolo Pedro que há pouco escutamos: «Adorai o Senhor, Cristo, em vossos corações, prontos sempre a responder a quem vos peça razões da esperança que está em vós» (1 Pd 3, 15). Uma tal responsabilidade não livre de risco mas, recorda também São Pedro, «é melhor, se assim quer Deus, sofrer fazendo o bem do que fazer o mal» (1 Pd 3, 17). Cristo vos pede para confessar diante dos homens sua verdade, a abraçar e compartilhar sua causa; e cumprir tudo isto «com doçura e respeito, com uma reta consciência» (1 Pd 3, 15-16), isto é, com aquela humildade interior que é fruto da cooperação com a graça de Deus.

Caros irmãos e irmãs, amanhã, nesta Basílica, terei a alegria de celebrar a Eucaristia, na solenidade de Cristo Rei do universo, junto aos novos Cardeais, e a esses entregar o anel. Será uma ocasião ainda mais importante e oportuna para reafirmar nossa unidade em Cristo e para renovar a comum vontade de servi-lo com total generosidade. Acompanhai-lhes com vossa oração, para que ao dom recebido respondam com dedicação plena e constante. A Maria, Rainha dos Apóstolos, voltamo-nos agora com confiança. Sua presença espiritual, hoje, neste singular cenáculo, seja penhor para os novos Cardeais e para todos nós da constante efusão do Espírito Santo que guia a Igreja em seu caminho na história. Amém!

[Tradução por José Caetano.
© Copyright 2007 - Libreria Editrice Vaticana]


***


Homilia do Papa na missa com os novos cardeais e entrega do Anel cardinalício

Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo

CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de novembro de 2007

ZENIT.org

Publicamos a homilia que Bento XVI pronunciou este domingo durante a concelebração eucarística com os novos cardeais por ocasião do Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, na Basílica de São Pedro no Vaticano, na qual também o Papa entregou aos novos purpurados o anel cardinalício.

Senhores Cardeais,
venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
ilustres Senhores e Senhoras,
caros irmãos e irmãs!

Este ano a solenidade de Cristo Rei do universo, coroação do ano litúrgico, é enriquecida pelo acolhimento no Colégio Cardinalício de 23 novos membros, que, segundo a tradição, convidei hoje a concelebrar comigo a Eucaristia. A todos eles dirijo minha saudação cordial, estendendo-a com fraterno afeto a todos os cardeais presentes. Estou alegre, pois, em saudar as Delegações vindas de diversos Países e o Corpo Diplomático junto à Santa Sé, os numerosos Bispos e sacerdotes, os religiosos e as religiosas e todos os fiéis, especialmente aqueles provenientes das Dioceses confiadas à direção pastoral de alguns dos novos Cardeais.

A ocorrência litúrgica de Cristo Rei oferece à nossa celebração um fundo mais significativo, delimitado e iluminado pelas Leituras bíblicas. Encontramo-nos na presença de um imponente afresco com três grandes cenas: ao centro, a Crucifixão, segundo o relato do evangelista Lucas, em um lado a unção real de Davi por parte dos anciãos de Israel, no outro, o hino cristológico com o qual São Paulo introduz a Carta aos Colossenses. Domina o conjunto a figura de Cristo, o único Senhor, de frente ao qual somos todos irmãos. Toda a hierarquia da Igreja, todo carisma e ministério, tudo e todos a serviço de seu senhorio.

Devemos partir do acontecimento central: A Cruz. Aqui Cristo manifesta sua singular realeza. Sobre o Calvário se confrontam duas atitudes opostas. Alguns personagens aos pés da cruz, e também um dos dois ladrões se voltam com desprezo ao Crucificado: Se você é o Cristo, o Rei Messias – disse esse –, salva-se a si mesmo descendo do patíbulo. Jesus, ao contrário, revela a própria glória permanecendo ali, sobre a cruz, como Cordeiro imolado. Com Ele se junta inesperadamente o outro ladrão, que implicitamente confessa a realeza do justo inocente e implora: «Lembra-te de mim, quando entrares em teu reino» (Lc 23, 42). Comenta São Cirilo de Alexandria: «Vê-lo crucificado e o chama de rei». Crê que aquele que suporta escárnio e sofrimento chegará à glória divina» (Commentário a Lucas, homilia 153). Segundo o evangelista João a glória divina já está presente, ainda que escondida pela desfiguração da cruz. Mas também na linguagem de Lucas o futuro é antecipado para o presente quando Jesus promete ao bom ladrão: «Hoje estará comigo no paraíso» (Lc 23, 43). Observa Santo Ambrósio: «Ele pedia que o Senhor se lembrasse dele, quando chegasse a seu Reino, mas o Senhor lhe responde: Em verdade, em verdade lhe digo, hoje estará comigo no Paraíso. A vida é estar com Cristo, porque onde está Cristo lá está o Reino» (Exposição sobre o Evangelho de Lucas, 10, 121). A acusação: «Este é o rei dos Judeus», escrita sobre uma tábua fixada sobre a cabeça de Jesus, traz assim a proclamação da verdade. Nota também Santo Ambrósio: «A escrita está justamente sobre a cruz, porque não obstante o Senhor Jesus estivesse na cruz, ainda brilhava do alto da cruz com uma majestade real» (ibid, 10, 113).

A cena da crucifixão, nos quatro Evangelhos, constitui o momento da verdade, no qual se rasga o «véu do templo» e aparece o Santo dos Santos. Em Jesus crucificado acontece a máxima revelação possível de Deus nesse mundo, porque Deus é amor, e a morte de Jesus na cruz é o maior ato de amor de toda a história. E bem, sobre o anel cardinalício, que há pouco entregarei aos novos membros do sacro Colégio, está perfigurada justamente a crucifixão. Isto, caros Irmãos neo-Cardeais, será sempre para vós um convite a recordar de qual Rei são servidores, sobre qual trono Ele foi alçado e como foi fiel até o fim para vencer o pecado e a morte com a força da divina misericórdia. A mãe Igreja, esposa de Cristo, vos doa este sinal como memória de seu Esposo, que amou-a e se entregou a si mesmo por ela (Cf. Ef 5, 25). Assim, portando o anel cardinalício, vós sois constantemente chamados a dar a vida pela Igreja.

Se voltamos os olhos para a cena da unção real de Davi, apresentada pela primeira Leitura, nos golpeia um aspecto importante da realeza, isto é, sua dimensão «corporativa». Os anciãos de Israel vão a Ebron, estabelecem um pacto de aliança com Davi, declarando considerar-se unidos a ele e de querer formar com ele uma só coisa. Se referimos essa figura a Cristo, me parece que esta mesma profissão de aliança se presta muito bem a ser feita própria por vós, caros Irmãos Cardeais. Também vós, que formais o «senado» da Igreja, podeis dizer a Jesus: «Nós nos consideramos com teus ossos e tua carne» (2 Sam 5, 1).

Aproximamo-nos de Ti, e contigo queremos formar uma só coisa. Sejas Tu o pastor do Povo de Deus, Tu és a cabeça da Igreja (cf. 2 Sam 5, 2). Nesta solene Celebração eucarística queremos renovar nosso pacto contigo, nossa amizade, porque só nesta relação íntima e profunda contigo, Jesus, nosso Rei e Senhor, assumem sentido e valor a dignidade que nos foi conferida e a responsabilidade que essa comporta.

Resta-nos agora admirar a terceira parte do «tríptico» que a Palavra de Deus nos põe diante: o hino cristológico da Carta aos Colossenses. Antes de tudo, façamos nosso o sentimento de alegria e de gratidão com o qual origina, pelo fato do reino de Cristo, a «sorte dos santos na luz», não é uma coisa somente entrevista de longe, mas é realidade da qual somos chamados a fazer parte, na qual somos «transferidos», graças à obra redentora do Filho de Deus (cf. Col 1, 12-14). Esta ação de graças abre a mente de São Paulo à contemplação de Cristo e de seu mistério em suas duas dimensões principais: a criação de todas as coisas e sua reconciliação. Para o primeiro aspecto o senhorio de Cristo consiste no fato que «todas as coisas foram criadas por meio dele e em vista dele… e todas nele subsistem» (Col 1, 16). A segunda dimensão centra-se sobre o mistério pascal: mediante a morte na cruz do Filho, Deus reconciliou a si toda criatura, estabeleceu a paz entre céu e terra; ressuscitando-o dos mortos o fez primícia da nova criação, «plenitude» de toda realidade e «cabeça do corpo» místico que é a Igreja (cf Col 1, 18-20). Estamos novamente diante da cruz, evento central do mistério de Cristo. Na visão paulina a cruz está enquadrada no centro de toda economia da salvação, onde a realeza de Jesus se mostra em toda sua amplitude cósmica.

Este texto do Apóstolo exprime uma síntese de verdade e de fé tão forte que não podemos não ficar profundamente admirados. A Igreja é depositária do mistério de Cristo: é em toda humildade e sem sombra de orgulho ou arrogância, porque se trata do dom máximo que recebeu sem algum mérito e que é chamada a oferecer gratuitamente à humanidade de toda época, como horizonte de significado e de salvação. Não é uma filosofia, não é uma gnose, ainda que compreenda também a sabedoria e o conhecimento. É o mistério de Cristo; é Cristo mesmo, Logos encarnado, morto e ressuscitado, constituído Rei do universo. Como não experimentar um ímpeto de entusiasmo cheio de gratidão por estar posto a contemplar o explendor desta revelação? Como não sentir ao mesmo tempo a alegria e a responsabilidade de servir este Rei, de testemunhar com a vida e com a palavra seu senhorio? Isto é, de modo particular, nossa tarefa, venerados Irmãos Cardeais: anunciar ao mundo a verdade de Cristo, esperança para todo homem e para toda a família humana. Sobre a trilha do Concílio Ecumênico Vaticano II, meus venerados Predecessores, os Servos de Deus Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II, foram autênticos arautos da realeza de Cristo no mundo contemporâneo. E é para mim motivo de consolação poder contar sempre convosco, seja colegialmente ou singularmente, para levar a cumprimento, também eu, tal tarefa fundamental do ministério petrino.

Estreitamente unido a esta missão está um aspecto que quero, em conclusão, tocar e confiar à vossa oração: a paz entre todos os discípulos de Cristo, como sinal da paz que Jesus veio instaurar no mundo. Escutamos no hino cristológico a grande notícia: Deus quis «repacificar» o universo mediante a cruz de Cristo (cf. Col 1, 20)! Bem, a Igreja é aquela porção de humanidade na qual se manifesta já a realeza de Cristo, que tem como manifestação privilegiada a paz. É a nova Jerusalém, ainda imperfeita porque peregrina na história, mas em grau de antecipar, de algum modo, a Jerusalém celeste. Aqui podemos, enfim, referir-nos ao texto do Salmo responsorial, o 121: pertencente ao chamado «canto da ascensão» e é o hino de alegria dos peregrinos que, juntos às portas da cidade santa, lhe dirigem a saudação de paz: shalom! Segundo uma etimologia popular, Jerusalém era interpretada justamente como «cidade da paz», aquela paz que o Messias, filho de Davi, teria instaurado na plenitude dos tempos. Em Jerusalém nós reconhecemos a figura da Igreja, sacramento de Cristo e de seu Reino.

Caros irmãos Cardeais, este Salmo exprime bem o ardente canto de amor para a Igreja que vós certamente levais no coração. Haveis dedicado vossa vida a serviço da Igreja, e agora sois chamados a assumir nela uma tarefa da mais alta responsabilidade. Encontre em vós plena adesão as palavras do Salmo: «Desejai paz para Jerusalém»! (v. 6). A oração pela paz e a unidade constitua vossa primeira e principal missão, afim que a Igreja seja «sólida e compacta» (v. 3), sinal e instrumento de unidade para todo o gênero humano (cf. Lumen gentium, 1).

Coloca, antes, todos juntos colocamos esta vossa missão sob a cuidadosa proteção da Mãe da Igreja, Maria Santíssima. A ela, unida ao Filho sobre o Calvário e assunta como Rainha à sua destra na glória, confiamos os novos Purpurados, o Colégio Cardinalício e toda a Comunidade católica, empenhada a semear no solo da história o Reino de Cristo, Senhor da vida e Príncipe da paz.

[Traduzido do italiano por José Caetano.
© Copyright 2007 - Libreria Editrice Vaticana]



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