Há 4 anos acompanho a discussão em torno do Mercado de Carbono e Mudanças Climáticas.
Através da minha experiência em comunicação e marketing, devo dizer que necessitamos de uma discussão didaticamente "rasteira". O meio é perfeito, a internet; porém a linguagem técnico-científica está complexa, pouco popular e nada democrática.
Costumo dizer que o profissional de propaganda é um especialista em generalidades, propaganda vem do Latim propaganda, propagação de princípios ou teorias; associação que tem por fim espalhar certas doutrinas ou conhecimentos; divulgação; o marketing é o estudo que define qual o público (mercado) que queremos atingir, e qual código ou linguagem usaremos para aquele determinado público consumidor.
Na minha trajetória profissional fui proprietária de uma agência de propaganda durante 7 anos.
Na maioria das vezes o cliente era quem escolhia nossa agência para trabalhar, com critérios que iam desde a capacidade técnica até a criatividade e organização.
A partir de 1997 resolvi reformular este padrão de escolha e iniciar a busca de clientes comprometidos com o desenvolvimento sustentável e consumo consciente, que fossem socialmente responsáveis. Cada escolha significa ter que deixar outras opções para trás. Deixei de ganhar muito dinheiro com propaganda, mas ganhei experiência sócio-ambiental que poucos publicitários têm. Ontem uma dura decisão e hoje um diferencial positivo.
Iniciei uma longa pesquisa e me apaixonei pela possibilidade de novos produtos provenientes deste mercado e consumidores destes produtos.
Decidi com isso trabalhar para propagar os novos rumos da economia; assim, iniciei o trabalho da Rede de Marketing Ambiental, importante nó de comunicação da Rede CTA-JMA, como intuito de traduzir ao mercado novas frentes de desenvolvimento sustentável.
É necessário reavaliar os padrões tradicionais de produção, formar consumidores conscientes, oportunidades de trabalho, uma vez que a nossa atenção será focada no que poderemos planejar para estes grupos de produtos e consumidores, quem e como estão sendo executados estes negócios; para isso estamos questionando e debatendo em rede publica de comunicação:
a) o que são derivativos? b) o que são commodities? c) quais as diferenças entre commodities convencionais e ambientais? d) se uma commodity ao ser produzida causa impacto ambiental como produzir uma commodity ambiental? e) não seria paradoxal produzir bens de consumo nos mesmos moldes tradicionais e afirmar que eles são ambientais apenas colocando-lhes um rótulo purpurina verde?
O Manifesto Cluetrain expressa muito bem a agonia do velho entre o desafio deste novo marketing:
"Estes mercados são conversações. Seus membros se comunicam em uma linguagem que é natural, aberta, honesta, direta, engraçada e muitas vezes chocante. Quer seja explicando ou reclamando, brincando ou séria, a voz humana é genuína. Ela não pode ser falsificada."
Precisamos ter acesso à informação, muita comunicação e de respostas rápidas para as seguintes questões:
a) O que o mercado deseja consumir? b) O que são instrumentos econômicos e para que e a quem servem? Como nós (Sua Eminência Parda: O Mercado) queremos ser tratados? Quem vai falar a nossa e pela nossa língua? Será que não estamos criando mais um mercado excludente com uma nova MARCA? Ou mais, como identificar os jogos de interesses da economia globalizada? Qual a nossa posição, legítimos representantes do mercado, no tabuleiro de xadrez dos mercados de capitais?
O mercado somos nós. Queremos agir e descobrir qual o melhor modelo para o desenvolvimento do Brasil e não compactuar com os modelos estabelecidos (establishment) que a meu ver existem única e exclusivamente para o financiamento de guerras e para estrategicamente mantê-los sempre no topo da pirâmide mercadológica, impondo regras e construindo normas segregacionistas.
Em 15 dias os EUA começarão uma guerra um pouco parecida com a que estamos vivendo diariamente nas ruas do nosso país. A diferença é que lutamos pela sobrevivência humana, pelo trabalho, pelo combate à da fome, desemprego, desesperança e falta de perspectiva, enquanto o outro pela apropriação dos recursos naturais estratégicos, matéria prima vital para a produção de commodities.
Cluetrain - O Trem das Evidências está passando nos Mercados On-line...
"Mercados em rede estão começando a se auto-organizarem mais rápido que as empresas que os tem tradicionalmente servido. Graças à web, mercados estão se tornando melhor informados, mais inteligentes, e demandando qualidades perdidas na maioria das organizações."
Creio que o Brasil pode mais que isso: pode começar a FALAR SÉRIO!
Fontes: Dimantas, Hernani. Manifesto Cluetrain: Aprendendo com os Mercados - Boletim CTA-JMA 0162 . Cluetrain.com http://www.cluetrain.com/portuguese/index.html
El Khalili, Amyra. BECE respondendo aos "COMOS?!!" - Boletim CTA-JMA 0124.
http://www.sindecon-esp.org.br e http://www.jornaldomeioambiente.com.br
El Khalili, Amyra. Falando com sua Eminência Parda: O Mercado - AnaliseFinanceira. http://www.analisefinanceira.com.br - Boletim CTA-JMA 0123
Elizabeth Gut - professora pela faculdade de Belas Artes de São Paulo, design, publicitária de carreira, com ênfase em gestão de projetos sócio-economicos e captação de recursos. É e divulgadora do Jornal do Meio Ambiente e coordenadora voluntariamente a Rede de Marketing Ambiental. email: rmambiental@superig.com.br