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Artigos-->PUXAR OU "EMPURRAR" A PORTA DO BANCO - UMA QUESTÃO DE TRAD -- 26/02/2003 - 12:13 (Edmilson José de Sá) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"PUXAR" OU "EMPURRAR" A PORTA DO BANCO - UMA QUESTÃO DE TRADUÇÃO OU COMPREENSÃO?



Se você já teve dúvida se precisava puxar ou empurrar a porta ao entrar num banco quando se deparou com a palavra push, não foi a primeira pessoa a cometer o engano. Por outro lado, ao encontrar um extintor de incêndio na entrada de um hotel, você deve ter pensado em pular para que ele caísse e não puxar a alavanca. Ora, você viu a placa pull ao seu lado. Nada mais normal de se pensar das pessoas que , por algum motivo ainda não descoberto, não atentam para os seus inimigos mortais, chamados de falsos cognatos e se limitam a fazer sua correspondência materna de forma livre.

A própria palavra tradução, que vem do latim traducere, se mantém nesse patamar de caminhos suntuosos, uma vez que seu próprio sentido original é de conduzir alguém de um lugar para outro, apesar de que, para chegar a esse caminho, não está livre de passar por alguns obstáculos nada insignificantes.

O próprio Bocage mostrou que uma simples vírgula dá um sentido duplo como ocorreu na frase "Matar o rei não, é crime!". Observa-se que um simples esquecimento condena qualquer rei à execução, ao mesmo tempo em que a falta de compreensão de qualquer termo desconhecido pode lhe fazer matar alguém sem que essa pessoa tenha sequer aparecido na história.

Foi-me difícil compreender, por exemplo, um trechinho da obra A Pair of Blue Eyes de Thomas Hardy, famosíssimo escritor da Literatura Inglesa do século XIX em que ele menciona "...I d ever have lawered my dignity to marry, or there s not bread in nine loaves", com o dificílimo sentido de que "algo é tão certo como dois e dois são quatro". O mesmo processo ocorreu no poema de Elizabeth Barret Browning If thou must love me no qual ela relata "...neither love me for thine own dear pity s wiping my cheeks dry" e tem o sentido de "não me ame por ter pena de ver minha face enrugada pelo tempo".

O que seria de mim se ao ver a versão americana de Leaves of Grass de Walt Whitman, não colocasse a expressão "Unscrew the locks from the doors! Unscrew the doors themselves from their jambs" como Liberte-se! Liberte as suas próprias vidas de suas pressões, e sim, o original "Desatarraxe as travas de suas portas! Desatarraxe as próprias portas de seus umbrais! Seria um desastre, não?".

Como se vê, o uso do dicionário não é um mecanismo único para se chegar à perfeita compreensão. Imagine quantos dias alguém passaria para colocar uma expressão do tipo perdido feito cego em tiroteio para o inglês, quando existe a forma simplória like a Bull in a china shop ou para colocar a expressão inglesa "when two Sundays come in the same week" em português se poderia simplificar dizendo "no dia de São Nunca".

As peripécias mentais que um estudioso de línguas precisa fazer para traduzir uma expressão do português para o inglês não são poucas. Há inúmeras palavras polissêmicas, ou seja, há vários sentidos diferentes como a palavra ponto que poderia se perder nos contextos de ponto de ônibus, ponto de bolo, ponto de cruz ou na expressão de surpresa "a que ponto chegamos?".

Deve-se, assim, levar em conta a cor local do povo nativo que tem sua própria cultura, sua própria maneira de pensar e de agir e nós estamos aprendendo a sua forma de vida, sintetizada em seu idioma, mas não estamos pensando como eles. Há que se fazer uma adaptação de expressões tão corriqueiras para eles, mas tão confusas para nós. Quem já imaginou que a expressão "before you can say Jack Robinson" poderia significar "antes que o diabo esfregue o olho" ou que o simples Go and eat cake! não é um convite a um lanchinho e sim uma expressão de raiva, mais ou menos do tipo "Vá para o inferno!"?

Não deixemos de lado as dificuldades que supostamente devem ter os nossos vizinhos do outro lado para dizerem em inglês saudade, sertão, cafundó dos judas, etc...

Uma vez me pediram para colocar em inglês uma alusão francesa que Edmond Rostand faz ao beijo em Cyrano de Bergerac. O trecho que diz "c’est un point rose qu on met sur l i du verb aimer" foi colocado em inglês como "it s a pink point that we put on the I of the verb like ", graças à leitura que fiz da versão que o tradutor Carlos Porto Carrero fez em português, definindo o beijo como um ponto cor de rosa que se põe sobre o i do lábio que se adora. Se ele não pôde defini-lo como um ponto colocado no i do verbo amar, que não tem i em português como tem em francês, tive também que fazer uma adaptação trocando amar por gostar que em inglês é like e tem um i na sua escrita.

Temos que ser fiel ao momento e à situação em que encontramos a expressão de qualquer idioma que seja. Devemos, pois, atentar aos interesses lingüísticos que nos mostram as origens léxicas dos idiomas e nos levam a mundos distantes e, ao mesmo tempo, tão presentes em nossas vidas e para a nossa própria sobrevivência, precisamos adquirir interesse e familiaridade com as línguas e, portanto, com o ponto de vista cultural de nossos vizinhos do planeta Terra.

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