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Contos-->O Lençol manchado de sangue -- 24/05/2001 - 10:50 (Leonardo Almeida Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Para Lúcia Barreto, que dorme com os anjos.


Encolheu-se no canto do quarto. Um feto. Os cabelos longos sobre os braços brancos abraçados às pernas. Pulsação acelerada. Medo. Ele veio impaciente, senhor de tudo. Arrancou-a do chão com a virilidade típica dos cavalos selvagens. Domava sua égua. Venha, disse ao jogá-la sobre a cama, deixe de coisa, menina. Ela virou-se, a cara enfiada nos travesseiros, avestruz assustada. Ele se despia, resmungando. Ela começou a chorar, pedia a presença da mãe, quero minha mãe, quero minha mãe, e ele ria, insensível, Pare com isso, eu não estou com muita paciência hoje. Tirei o dia para resolver problemas do empório, quero uma noite decente. E ela insistia em chorar, engolindo o medo com a ajuda das lágrimas.
Ele se levantou, arrastou os pés e a irritação pelo chão, abriu a porta do quarto, e ela ouviu quando ele enchia o copo com água e bebia daquele jeito de quem governa gentes e gado, tudo de um gole, de uma vez, violento. Ela se aproveitou da ocasião, correu, fechou a porta com o ferrolho, e pulou na cama. Ele gritou do lado de fora, Vou lhe dar uns cachaços, Lúcia, abra essa porcaria de porta, anda. E ela lá, quietinha, ofegante, tremendo de medo, ouvindo as pancadas que ele desferia na madeira da porta Estava realmente possesso. As dobradiças tremiam na proporção dos anos, antigas o suficiente para não agüentarem aquele açoite por muito mais tempo.
A porta escancarou-se. Ele, apenas de cueca de algodão, visivelmente excitado, apareceu suado, emoldurado pelos velhos portais. Sua moleca, agora você me paga, saltou sobre ela como uma onça. Ainda tentou reagir, empurrando-o com os pés, arranhando-o, gritando socorro. Tudo em vão. Ele segurou-a com uma das mãos, atando seus braços sobre a cabeça, e com a outra rasgou a camisola de linho branca que sua mãe tinha bordado. Seus pequenos seios brancos, frutas ocultas e raras, saltaram ante o olhar faminto de Manuel, que se riu libidinoso. Com o joelho, senhor da terra e dos corpos, ele afastou suas pernas trêmulas, rasgou a calcinha de chita, e ela então sentiu algo rígido a forçar entrada entre suas pernas.
Ele se maravilhava com aquele corpo puro, casto, de alvura ímpar. As penugens douradas que repousavam sobre a flor úmida e quente. Beijou seus mamilos e ela chorou, sentindo-se suja. O choro parecia excitá-lo ainda mais. Como se chupasse uma manga, ele mergulhou nos finos lábios trêmulos da menina, sugando-lhe os soluços e, pela primeira vez ali, acendendo-lhe sentimentos estranhos. Sua língua percorria grutas, cavernas, dentes, rios de saliva e dúvida e medo e fogo e frio. Ela não conseguia explicar, oscilava entre o choro e uma vontade estranha de querer finalmente se entregar àqueles jogos inusitados. O corpo de Manuel, poderoso, suado, deslizando sobre o dela, despertava-lhe uma coisa boa, como quando brincava, no banho, sozinha, com os dedos entre as pernas. Era um querer esquisito, como o que sentira ao ver Luciano ordenhando as vacas da fazenda, e ela querendo ser uma das vacas. Agora, entregue aos caprichos de Manuel, ela experimentava a mesma sensação, um arrepio pelo corpo, pequenas explosões úmidas de gozo que ele extraía a cada mordida que dava em seus mamilos, a cada beijo, a cada toque entre suas pernas.
Ela foi se entregando, relaxando-se, deixando-se dominar – não sabia bem se por seu desejo, ou se por Manuel - submetendo-se enfim àquele homem. Ele, sentindo que domara a pequena criatura, inseriu-lhe o membro entre as pernas e, num golpe apenas, penetrou-a, extraindo um gemido de dor. Ela, olhando para o teto, permaneceu inerte, enquanto ele serpenteava sobre ela, urrando feito um louco, suando muito, gritando nomes feios. Finalmente, cansado, ele caiu de lado e dormiu. Ela virou-se para a parede, sentindo arder entre as pernas, um líquido viscoso a sair de dentro dela. Chorou baixinho, enquanto rezava. No dia seguinte, ao levantar-se, ele já teria ido para o campo, e ela, assustada, iria lavar cuidadosamente o lençol manchado de sangue e preparar o primeiro almoço para o marido.
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