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Contos-->Caldeirão mineiro -- 20/12/2016 - 14:13 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Pururuca é trapaceiro. Corrido no mundo. Passou apuros, quase foi cozido no caldeirão do Estado  mineiro. Ele sabia desde menino, que  Minas tem Ouro Fino, e Malacacheta... Mas foi em Diamantina que criou seu primeiro  negócio. Bem  na parte alta, próxima ao Passadiço onde outrora fora um convento de freiras, abriu uma loja para vender bicicletas, com o intento de ganhar muito dinheiro. Lá em baixo, no fim da mesma rua, interessado em pagar menor preço, comprava de um freguês cansado, que empurrava a geringonça ladeira acima, e dava  em paga nada além de metade do valor pelo qual há pouco lhe vendera. Do mesmo modo, entre uma e outra subida, para os mais insistentes em escalar a serra, a esses; o comerciante  dava como paga  um par de Alpercata. E assim, depois de alguns anos nesta lida, teve medo. A cidade era pequena e descobriu sua  Barbacena  por dinheiro. O povo lhe  deu o dedo. E para não desonrar Kubitschek ainda infante, Pururuca arriscou a sorte noutro Tabuleiro. Então,  veio-lhe   a ideia de fabricar cuecas para vestir olho nu. Mariana muito lhe comprava para vestir o marido, mas queria dar em pagamento beijos e alguns  queijos de minas. A Boa Esperança era mudar-se dali. E o aventureiro foi criar peixe-leiteiro em gaiolas, nas  águas do São Francisco. Já naquela idade de dezesseis anos, embalava leite de cabra com a indicação de conter ômega três. Vendido como de peixe leiteiro. Foi a última vez  que fez a Contagem das receitas e despesas. Faliu. Seu travesseiro não tinha mais as painas das  Paineiras. Nada na algibeira. Areado, totalmente perdido, não tinha reservas em dinheiro nem comida na geladeira. Foi aí que a Jacutinga gemeu no tronco do juremal e ele comeu Periquito para sobreviver. Caçou Perdizes,  roeu Pequi em Mato Verde e  às vezes comia Manga, que em Romaria  de Nova União o  bom coração   do povo lhe oferecia. Não tinha sequer água no Pote. Precisava inventar outro Passa Tempo, que ao mesmo tempo, lhe rendesse dinheiro. Mudou-se para Formiga, passando a fabricar formicida dissolúvel em Água Boa, mel de Arapuá ou mesmo em Águas Vermelhas. Acaiaca o pegou novamente. Albertina morreu e muitos outros filhos de Minas também morreram. Seu Comercinho chegara outra vez ao fim. O crime foi Descoberto. Governador Valadares, muito esperto, ficou neutro na questão, mas o Barão de Monte Alto queria trancafiar Claudio no Curral de Dentro. O Capitão Enéas, bem como o Coronel Fabriciano, também não lhe desejavam Bom Sucesso e fizeram um Juramento que mandariam o trapaceiro para os fornos de Carbonita ou afogá-lo-iam  em Lagoa da Prata com uma pedra de moinho ao pescoço. Coronel Murta nem se fala... Este queria fazer justiça com as próprias mãos e honrar Setubinha, a netinha morta envenenada pelo trapaceiro. O aventureiro ficou a contar Carneirinho, esperando a morte chegar, mas por sorte, tanto Frei Gaspar, quanto o Cônego Marinho, diziam preces em favor daquele que nascera fadado a se deixar queimar nas carvoeiras de Tremedal. Dona  Euzébia, por antecipação,   chorava. Pai Pedro lamentava o destino do filho e  seguia os  Passos da cria: “Passabem, meu filho...Passa Vinte pro Guarda-Mor, dá a ele um Patrocínio em dinheiro, uma boa Moeda de ouro ou de Prata, uma Pedra Azul, uma Esmeralda ou uma pepita de Ouro Fino. Assim, o Capitão Andrade terá Piedade das Gerais e ao  filho de outra terra  abrirá uma Porteirinha, para fuga do homem mais Bonito de Minas. Tu sabes que dinheiro Abre Campo e cria uma Ponte Nova para a vida’, disse isso prostrando-se junto aos  Oratórios da Capelinha de Santa Cruz de Minas, rezou uma Ladainha às Três Marias e a Santa Luzia, pedindo misericórdia ao filho cego por dinheiro. Bom Jesus do Galho, o Nazareno, nascido em Nova Belém, veio enxugar  os  prantos da criatura que suplica. Felício Santos fica  em Extrema felicidade. Logo , encheu os Olhos-d’Água, quando viu abrir-se  o Quartel Geral  e o  sobrinho sair esgueirando-se Entre Folhas, adentrando a Mata Verde. Dali em diante, o rapaz teria Novohorizonte. Estava em Liberdade, afinal, no Coração de Jesus há sempre  Bom Repouso. Pai Pedro, Espera Feliz pela Consolação da família. Por sorte, o cangaceiro Antônio Dó teve pena e Grupiara  com o Juiz de Fora, um Bom Despacho ao processo. Agora livre, desembargado e protegido por Santo Antônio do Aventureiro, Cláudio Manuel nunca mais voltou ao seu Reduto. Sem-Peixe,  aportou a fazenda Campo Grande em Montes Claros. 
— Mil Perdões, Nhô mas acaba de fazer uma Campanha contra Pururuca ou uma lista de cidades mineiras?
— Tem um pouco de verdade. Cláudio Manuel é o nome de Pururuca. Muita gente tem apelido. Tio Bonzinho dizia lhe custava muito, honra o ‘nome’, ser bonzinho. Lá pra nós, chamar Japuaçu de João Congo pode dá até morte. Ele só anda com uma faca na cintura. Preparado...
— Como o senhor consegue guardar tanta história na cachola? Inventou essa de Cláudio Manuel?
— Não! Isso é resultante de uma vergonha que passei na escola. O professor me mandou dizer dez cidades de Minas. Só me lembrei de cinco.
— Aí o senhor ...
— Já disse, não inventei. Tirei nota baixa na prova oral e no outro dia, o professor trouxe a lista já contando a história. ‘Tome! Que essas cidades sejam Candeias para iluminar sua mente...’ Mas o Pururuca é mesmo trapaceiro. 
— Já conheço os vaqueiros de seu patrão, antes de me encontrar com eles.

***
Adalberto Lima -fragmento de Estrada sem fim...
Imagem: Internet

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