Alça vóo hoje uma rainha. Rainha no sentido de ter braços para alcançar dezenas de súditos e abraçá-los. Se necessário colocá-los debaixo de suas asas e protegê-los. Rainha no caráter, no bom-senso, na palavra amiga. Na sabedoria do sorriso fácil. Rainha ao encontrar palavras de elogio, mesmo quando as coisas não ocorriam como ela tinha aprendido que deveriam ocorrer, noventa e oito anos atrás.
Mulher de fibra. Soube educar seus seis filhos de forma exemplar. Estão todos aí para comprovar minhas palavras. Acolheu genros e nora de maneira impecável. Para cada um de nós criou especificidades e fez de um tudo para agradar a todos.
Depois vieram os netos. Uma penca de netos (22?). Uma penca de maridos e esposas dos netos (15?) e para todos eles houve um carinho especial. Um doce especial. Uma comida especial. Uma lembrança diferenciada. Não era um estranho que entrava para a família, era alguém para quem ela encontrava um diferencial.
Na sequência vieram os bisnetos (23?) e as asas da abelha, repletas de mel, continuaram crescendo, abraçando, encontrando espaço, palavras e atitudes que fizeram dela um ser inesquecível.
Há pouco mais de um ano nasceu o primeiro tetraneto e a rainha mãe foi fotografada emoldurando quatro gerações.Repleta de orgulho, mostrava a foto para todos, pois sua prole era uma das suas maiores alegrias.
Como não lembrar com saudade de alguém assim tão especial?
Rainha até no nome, D. Regina soube se fazer amar e admirar por todos nós. É claro que fica uma tristeza, um imenso vazio, mas também é claro que permanecerão para sempre as boas lembranças espalhadas pelos seus 98 anos de vida.
Feliz de quem teve o privilégio de conviver com ela. É e sempre será uma mulher admirável. Meus filhos e eu que somos os mais estranhos da família pela distància que nos separa e pelas poucas vezes que convivemos durante esses 27 anos em que eu a conheço, temos por ela um carinho que palavras não conseguem definir. O mínimo que podemos dizer é que nós a amamos e admiramos incondicionalmente e agradecemos a Deus por ter permitido que fizéssemos parte da sua vida.
Mulher. Esposa. Mãe. Sogra. Avó. Bisavó. Tetravó. Amiga.
Alce seu vóo de despedida, abelha rainha. Vá semear seu mel em outros lugares, pois para onde quer que vás continuarás reinando, já que esse parece ser o papel que lhe foi destinado e por sinal magistralmente desempenhado por D. Regina, minha sogra.
