A procissão é às três da tarde — Lembrou Euzébia.
Nhá Maria Santa sabia. Jamais se esquecia da hora, quando o assunto é reza. Amanhecido o dia, uma multidão ocupa o pátio da fazenda. Euzébia olha aquelas mulheres. Poucos homens. Todos traziam uma garrafa cheia de água e a barriga vazia. Jejum forçado. A comida estava escassa, mas na casa de Generoso tinha fartura.
Euzébia procurou a patroa.
— Corina, a senhora já viu? O terreiro tá coalhado de gente.
— Abata cinco galinhas e dois frangos. Faça um tacho de arroz.
— E feijão?
— Pobre não gosta de feijão. Faça pirão. Maxixe e quiabo.
— É... Saco vazio não segura em pé.
Fazer comida para mais de trinta pessoas. Era muito serviço para ela sozinha.
— Nhá Santa...Nhá Santa...
— Peraí, tô rezando...
O tempo não para. As horas avançam. O ponteiro grande parece apressado. Nervoso. Euzébia também. Corina começa a cuidar do maxixe. Nhá Santa lava o quiabo picado, e põe limão. A panela baba. A cozinha inala o cheiro de sementinha de coentro verde, alho e sal.
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