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Cronicas-->O ónibus do amor -- 02/09/2007 - 07:48 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ónibus do amor

Fui passar o feriadão de Páscoa na casa de meus pais, já que há um mês não os visitava. Era calouro de Engenharia e estudava na Cidade das Flores e das Bicicletas, Joinville, apesar de ser natural da Terra de Anita Garibaldi e do Carnaval do Sul do País, Laguna.
Estava retornando a Joinville quando, na rodoviária de Florianópolis, vislumbro uma linda garota. Ela estava acompanhada de outra mais jovem, mas não tão bonita. Junto a mim, um amigo da faculdade que morava também na minha cidade natal. Comentamos sobre as moças, mas só eu estava empolgado com a possível paquera.
Entramos no zarcão (como eram chamados os ónibus em Joinville) e nos sentamos uma poltrona à frente delas, do outro lado do corredor. Como naquele tempo não existia celular para que eu pudesse mandar torpedos, as mensagens começaram a ser trocadas via bilhete, em pequenos pedaços de papel. Eram singelas perguntas, como:
- Qual o seu nome? De onde você é?
Ao final de algumas trocas de bilhetes, ela me deu o número do telefone. Esqueci de dizer que eu era muito tímido e durante todo o percurso, não troquei uma só palavra com a garota. Duas semanas depois é que tive coragem de ligar e marcar um encontro na casa dela.
Com receio de levar um fora, levei junto um colega da pensão em que me hospedava. Chegando ao endereço indicado, vi que era uma grande e antiga construção que dava a impressão de ser de uma família rica. Fiquei com medo de tocar a campainha e não ser recebido pelos donos da mansão. Passamos adiante e voltamos com passos lentos para ver se alguma coisa acontecia. Quando estávamos quase chegando no casarão, duas adolescentes apareceram na janela recolhendo a bandeira do Brasil. Criei coragem e perguntei se ali morava a Zélia. Elas fizeram uma algazarra e saíram para chamar a moça.
Começou justamente no dia do trabalhador o meu namoro com ela, por isso aquelas meninas arriavam o lábaro.
O romance transcorria às mil maravilhas quando resolvi contar para ela que eu estava namorando firme em minha terra. Passei a viver um conflito interior: com qual das duas continuar o romance?
Esqueci de falar que a sua residência nada mais era que um lar de crianças órfãs e que ela além de estudar, trabalhava na cozinha e na educação das meninas e meninos.
O Lar Abdon Batista, ou Asilo, como era conhecido, era dirigido por freiras e uma delas é que a trouxera para trabalhar ali. Consequentemente esta freira era considerada sua segunda mãe. Ela pediu conselhos à freira e a mesma lhe deu a seguinte ordem:
- Enquanto ele não terminar o namoro com a outra, não fale mais com ele.
Quando duas pessoas estão apaixonadas a maré pode vir em sentido contrário e com tal força que ambos conseguirão transpó-la e chegar até a alguma ilha, mesmo não sabendo nadar.
O que aconteceu em seguida foi algo não planejado. Marcávamos encontros às escondidas, gazeteávamos aulas e assistíamos aos filmes mais romànticos possíveis, como Love Story ou Romeu e Julieta.
Mas tudo desmoronou quando a freira descobriu e a levou nas férias para Minas Gerais. Foram tentar dar consolo e fé às crianças pobres, ribeirinhas do Rio São Francisco, em Pirapora. Ela tentou me esquecer, mas o amor era mais forte e, depois de um mês longe de mim, voltou. Eu pedi para continuarmos o namoro, pois havia encerrado o outro.
Reconciliamos-nos e fui conhecer seus pais, que moravam na Terra das Hortaliças e dos Parques Aquáticos, António Carlos.
Hoje estamos bem casados há mais de trinta anos. Dificilmente andamos de ónibus. Se eu pudesse, aconselharia os jovens a andarem mais de "latão", pois um desses poderá ser o seu "ónibus do amor".
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