PEDAÇO DE MIM
Nos labirintos formados por pensamentos
arrasta-se um pedaço do eu escondido.
Parece que busca descanso
não faz barulho
confunde-se.
Perde-se como um grão de areia
dobra as esquinas de si mesmo
na tentativa de salvar o que resta.
É doloroso e deforme
porque adapta-se às paredes
engole limites em silencio
para não ser descoberto.
E falha : tudo parece tocá-lo.
É um eu sobrante ou talvez
a parte ferida e arrancada
do eu soberbo que manda em tudo
que cre vencer a vida
e fantasia-se de rei.
Este pedaço arrancado
rouba a borda das entranhas
e esfrega -se como cobra
para perder a dor.
Alivia o coração
com suas andanças pelos túneis
como uma criatura desgarrada
como um solitário sem farol
e cumpre guardar os segredos
acolher o sombrio da existencia
para que lá
de onde dá para se ver o mundo
tudo pareça finalmente,
estar em paz.
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