Nervoso, o tempo vinga presságios nos ponteiros do relógio. Ninguém se lembrou de consultar as horas. Só Onofre quando furou o velho manco cinco minutos passados da hora aprazada.
Vinte homens robustos pararam adiante. Antes da curva da estrada. Olharam para trás. E seguiram.
— Que fazer com o corpo?
— O patrão tá mandando reforço. Deve vir homem trazendo ferramenta. Foi o combinado: se chegar um vaqueiro sozinho, a pé ou montado... Mesmo que não diga nada...
— Pururuca deve ter chegado lá sem fala!
— Nem que num fale. A presença dele é o recado.
— Vamo’imbora! Nossa parte já fizemos. Agora é com os ‘enxadeiro’.
Ouviu-se o tropel, aproximando-se do acampamento. Mas já não havia mais acampamento de cigano. Vespasiano chegara atrasado para a revoada de marimbondos. Também não houve revoada. Foi só uma cutilada na boca do estômago e o cigano velho entregou sua alma. Se para Deus ou para o capiroto, não se sabe... Logo atrás, vêm os enxadeiros trazendo também as pás.
Levantaram tenda. Os ciganos arribaram, sem pratear o velho gajo, descartado como uma folha seca caída ao chão.
***
Trecho de Estrada sem fim...
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