POEMA SEM NOÇÃO
A extensão da incerteza
calcada nas coisas da Vida
com cara de objetos
perfumes de pessoas
extranheza de acontecimentos
simplicidade informal
de momentos
medos grandes e pequenos
que brotam das esquinas
e incrustam-se nas paredes
é a certeza de existir e passar
como voam os tempos
como muitos vão embora
como outros que chegam
de repente
alguns até nascem como a gente
e crescem
e viram entes…
E tecemos os sonhos como loucos
com loucuras que fazem-nos reais
sem ter que quebrar temores
ou mesmo quebrando-os todos
porque estar vivo é contraditório
é querer se esconder muitas vezes
e também aparecer como monstros.
Estar no tempo e no espaço é amar
porque amar faz sentido
é a vida mexendo as entranhas
umas vezes com dor esquisita
outras tantas servindo de abrigo
Porque amar é banal e divino
como suave ferida de espinho
e resguarda-se só num instante
nas artérias ou em vaso de vinho.
E por isso viver é agressivo...
Há que ter a coragem e o brio
de aceitar o maior desafio:
tanto amar o silencio e o frio
quanto o “nós”, no calor compartido.
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