O TEMPO, EU e a TIRANIA
Nunca perco o Tempo.
Agarro-o e o desfio
com meu pensamento
até vê-lo nu.
Assim conto-lhe
que o tenho.
Digo-lhe como
foi usado
ou no mínimo...
pensado.
Às vezes, xingo-o
intruso que é na vida
para entortar portas…
É que de vez em quando
deixo que passe
e mesmo assim
o encontro
com sua risa irônica,
contando meus minutos.
Anos!
Então
aumento o volume
da última música descoberta
e ele, que tenta cavalgá-la
não consegue.
Volta ao zero
e confessa-me :
sabe que não o perdi.
Ao contrário
encontrei sua alma e a suguei
desesperada de sede
pela Vida.
Ele volta à Tirania.
Velho indiscreto
cheio de poesia.
Então de novo, abraço-o
e rouba-me outra vez
mais um pedaço.
Troco com ele
parte de mim
por alguma bujiganga
do tipo
coisa entretida
(dessas que fazem mais leve
o dia…)
Confirma oTempo
sua tirania.
Mas temos um acordo
- o de não importar
a idade,
os muros,
e principalmente:
dos homens...a correria.
Nossos encontros
agora
sem relógios
sem chantagem
sem mentira:
pode sonho,
pode memória...
Posso até
(sem horarios)
tentar roubar-lhe
alguma Poesia.
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