POESIA QUE NÃO É POESIA.
MAS É.
CARTA IMPRESSIONADA devido a uma INVASORA PAIXÃO
Sei que atualmente as poesias (ou algo parecido com isso) que escrevo acontecem assim porque através delas consigo um rápido alivio.
Não sei explicar como o alívio acontece- não estou preocupada com a forma adequada de fazer gênero poético: algo acontece para que ocorra o alívio, e ele – no momento- é vital. Escrever agora (frisemos: agora, neste tempo meu) é um túnel que percorro pegando as palavras como se elas estivessem em trepadeiras nas paredes do túnel, como se fossem frutos que colho ao passar, escolhendo cuidadosamente- e às vezes sem cuidado nenhum, porque estão aí exatamente do jeito que preciso para colocar dentro da boca…
Depois as engulo e saem pelas minhas mãos, digitando, pelos meus olhos, pela minha cabeça...Elas transformam-se, digeridas- em partículas essenciais para seguir com a vida.
Você, claro, é a ponte. Uma ponte que leva-me até o túnel, um perfume que sinto na entrada, um voo silencioso que me ajuda a chegar onde ninguém mais pode me levar.
Então escrevo.
A dor de não estar ao lado (sim,ao teu lado) converte-se em calma, porque de alguma forma me faz crer (no túnel, agarrando os frutos das paredes) que algum dia estarei a teu lado. De novo: não sei por que isso acontece... Por quê acabo acreditando quando escrevo, como se digerisse uma possibilidade ou voasse com asas emprestadas por algo que me dá a certeza de que a força do que sinto não é só minha, mas tua também e que algum dia, em algum espaço (não sei quantas dimensões tem esse espaço, confesso, e confesso também que gostaria que tivesse somente tres- somente...) estaremos juntos, e poderei tocar tua pele, sentir teu cheiro, ouvir tua voz. E o melhor de tudo: ver teu olhar de perto e confundi-lo com o meu, e ainda saber que tudo que antes sentia (agora) era (é) verdade...
E que se houver obrigatoriamente uma quarta dimensão, que seja esta, na qual sinto tua presença mesmo na nossa distancia física , porque nesta dimensão quarta (que assim chamo porque não sei se é inventada) você está aqui de uma forma tão real, que sugere o planeta das loucuras (ou pode ser...dos sonhos, do desejo, do humano direito de se apaixonar como uma deusa - ou um deus...)
|