VOCÊ (ou eu contigo)
Não consigo
inventar no explícito.
Mas sim: consigo nos bastidores…
No submundo das entrelinhas
solto balões de fogo
ou remo em lagos tranquilos.
Das palavras nuas e tácitas
escondo-me; covardemente.
Não saberia fazer pactos suaves
com a rudeza do explícito.
Creio que então te invento
para poder mergulhar
como criança imatura
cheia de pretensões.
Então eu rio do serio
e desfio tuas profundezas.
Não que eu queira o cenário:
é a fuga infantil deste meu ser perdido.
É esperar segredos
e receber caminhos
ou apostar em doce
mas ver-se no vazio.
Tudo muito maluco
no coração faminto.
É por isso que digo
coisas que nunca digo,
porque crio um idioma
para falar contigo.
Deve ser a surpresa
de topar com teu brilho.
Ou este temor que tenho
de ti...Desconhecido!
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