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Contos-->Fale agora ou se cale para sempre. -- 06/02/2017 - 22:52 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Refez a maquiagem. Deixou o salão e em poucos minutos estava na basílica Santa Teresinha na Tijuca. Faltavam quarenta minutos, quando o pai dela  pegou o carro no  Aterro do Flamengo e se dirigiu em alta velocidade à Basílica.  Entrou em contramão, cortou sinal e foi multado diversas vezes pela vigilância eletrônica. A filha Jeremias  se casaria às 17:00h na Basílica. Precisava chegar a tempo de impedir o casamento da filha com Robert Pastorella. Chegar  antes que Ravenala  jogasse  o buquê.
Ela  não atrasou.
Os convidados esticaram  o pescoço na direção da porta de entrada. Enfim, toca a ‘Marcha nupcial. ’ Ravenala  caminha lentamente, levada pelo braço de Daniel.
A grinalda que não pôs era branca e tinha uma  rosa vermelha bem no centro. A noiva queria casar-se de forma simples e embora não usasse vestido longo, não se podia dizer que estivesse desalinhada. Para Daniel, tudo parecia um sonho, uma felicidade clandestina, que duraria até o momento de entregar Ravenala   a Robert. E naquele momento, as  fantasias de jovem ressoavam, trazendo imagens de um passado não muito distante, quando ele entrou na loja de informática da Rio Branco, procurando por uma lan house. A boca contornada pelo batom vermelho da atendente escondia a face da verdadeira dona da loja.
Morgana aguçava o sexto sentido, para decifrar os pensamentos do marido que, conduzia Ravenala  sobre o tapete vermelho da Basílica, a passos lentos, como quem caminha sem querer chegar. O ministério de música para. Desolado, Daniel entrega Ravenala a Robert, como Abraão entregou Sara ao faraó e sozinho volta. Sentou-se ao lado de Morgana. Ela o desprezou. Não lhe sorriu, desejou matá-lo.
Frei Gaspar saúda os noivos. A assembleia reduzida fica de pé, faz o sinal da cruz e reza o Ato Penitencial. Cumpriu-se o rito até  o momento do “Sim” ou ‘Não!...’
— Robert Pastorella, é de livre e espontânea vontade que aceita Talita Ravenala Palmeira, como sua legítima esposa?
— Sim!
O silêncio da noiva misturou-se com o barulho vindo da porta principal. Lá, um homem gesticulava, pulava e sacudia desesperadamente os braços. Frei Gaspar não acredita no que vê. Pensa nos proclamas que autorizou reduzir o prazo de divulgação... E Jeremias continuava pulando sobre brasas, subia e descia balançando as partes vergonhosas, mal guardadas. Estava com uma camisa listrada, provavelmente, de pijama, e na parte de baixo, uma ceroula de braguilha aberta, sem botão ou zíper. Estarrecido o frei conjecturava: ‘As mulheres seguram os seios quando pulam. Já os homens não se preocupam com seus penduricalhos. Será por que Jeremias veio com aquele traje ao casamento da filha?’ Alguém entregou as alianças ao padre, e uma luz brilhou como lampejo: ‘Se alguém souber de algum impedimento, fale agora, ou se cale para sempre!’ Um grito pula no ar como foguete itabirano: ‘Eles são irmãos! Eles são irmãos!...’
***

Adalberto Lima, trecho de Estrada sem fim...

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