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Cronicas-->UMA CONVERSA DIRETA COM O PRESIDENTE -- 16/09/2007 - 22:15 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UMA CONVERSA DIRETA
COM O PRESIDENTE JUSCELINO KUBITSCHECK
João Ferreira
16 de setembro de 2007

A tarde estava linda. O sol já descendo em vestes carmesinas, em tom poético de despedida, a enfeitar o horizonte e a encantar os olhos dos mortais que sustenta na terra com sua energia. Havia ajuntamento na Praça do Cruzeiro, perto do Memorial JK, em Brasília. Como parte da crónica do dia, é justo que se informe o leitor que a Casa do Poeta Brasileiro, seção DF, havia feito um convocação para um Encontro romanticamente intitulado "A Poesia do Entardecer". Um encontro para acontecer na dita Praça, no horário das 17 às 19 horas. Eu compareci no horário e disposto a usufruir aquele agradável momento. Hoje, dia 16, 24 horas após o evento, me sinto feliz por ter comparecido ao palco da "Poesia do Entardecer". Vários poetas do Plano Piloto e das cidades vizinhas como Taguatinga e Sobradinho acorreram à chamada. Aproveitaram o acontecimento para compor versos e para declamar. Um ato cultural de poesia, no fundo, tocado pela dinàmica figura da professora Ydê Afonso. Além dela, encontravam-se presentes Hércio Afonso, Áureo de Melo, Teresi, Leão Sombra do Norte, Cerro Azul e outros. A oportunidade era única para mim.
Estava desatualizado sobre este trecho monumental de Brasília e como não conhecia as últimas novidades do Memorial JK, aproveitei para o visitar, antes das solenidades na Praça do Cruzeiro com o grupo de Poesia.
Até aqui, eu tinha um ritual monótono quando passava pelas imediações do Memorial. Sempre que havia uma oportunidade de utilizar a pista que contorna a praça do Buriti ou de seguir em direção ao Detran ou Eixo Monumental, nunca achei uma oportunidade de parar um pouco.Mesmo que fosse para olhar de perto e admirar este monumento incrivelmente belo, no coração de Brasília. Olhava-o de longe, numa atitude comum de quem se limita a lembrar o já sabido, ou a relembrar uma imagem definida e parada. Ou seja, contentava-me a divisar ao longe o vulto material erguido nessa coluna de concreto, a que chamavam Monumento JK, dedicado ao Fundador de Brasília. Pensando bem, este meu olhar não passava de um comportamento próprio de um cidadão de massa. Um olhar rotineiro que não consegue se tocar além do que já tem hábito ver. Passando rotineiramente pela pista ao lado, via no Monumento um vulto parado e frio que não ultrapassava a emoção de algo "déjà vu"!!!Este modo positivista de ver uma coisa como algo que é apenas uma figura ou um desenho onde sobressaem linhas geométricas e nada mais, nunca me impediu porém de olhar sempre com respeito para aquela figura solitária do Fundador, lá no alto do monumento. Eu sempre fui admirador de JK, um grande bandeirante do cerrado do Centro-Oeste. E por isso, nesta hora, mais perto dele e com disposições anímicas apropriadas, parece que sentia uma vontade de observar melhor. Acendia-se em mim uma intenção de aprofundar a natureza e o significado desse monumento.De pé, Jk estava representado no Monumento no interior de uma foice revolucionária, sustentada por um forte pedestal de cimento. Uma foice que até um passado bem recente era nada mais nada menos do que um símbolo claro e frontal, juntamente com o martelo, do Partido Comunista, e portanto, também do Partidão. Politicamente Juscelino foi um social democrata do PSD, nunca foi um comunista, embora nas eleições de 1955, aliado de João Goulart, que pertencia ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) , tivesse tido os votos dos comunistas, o que suscitou mal-estar por parte das forças conservadoras e militares. É importante saber, porém, que quem projetou este Monumento JK foi Oscar Nyemeier, um comunista confesso e atuante. O projeto de Nyemeier que deu o Monumento JK, construído em 1980, coloca Juscelino no interior de uma foice. Para isso, Nyemeier dá esta explicação:
"A primeira escultura que criei foi no monumento JK. O alto fuste que, terminado em curva, protege e realça sua figura, esculpida por Honório Peçanha. O protesto foi contrariar os que os desprezavam - a ditadura vigente - obrigando-os a vê-lo todos os dias, sorrindo vitorioso sobre a cidade que construiu e eles desdenhavam."
Fica claor nas palavras de Nyemeier que esse ´projeto tinha uma intencionalidade de passar um recado aos militares. Depós, o Governo Militar passou, e o debate sobre a foice se esgotou. Juscelino lá no alto do monumento, passou a conviver, na qualidade de Fundador, com uma foice que para ele passa a ser também um símbolo revolucionário adaptado. E hoje, mais longe dos debates ideológicos demarcados, estamos mais livres para avaliar se sim ou não cabe colocar Juscelino no interior de uma foice. O grande público, mais independente e menos ligado a partidos ou ideologias demarcadas, pode achar que esse símbolo em nada afeta a figura de Juscelino. Ele foi de verdade um criador, um homem de idéias criativas, um reformador avançado. A foice pode ser hoje, noutro contexto, um símbolo reformista desse homem que todo o brasileiro preza e admira. E pode sim, essa foice, significar, para além de qualquer ideologia demarcada, a vontade indómita e prática que Juscelino teve de cortar certos vícios públicos pela raiz e implantar bases de certa maneira radicais de um Brasil mais feliz e mais brasileiro, onde a paz social e a vida humana mais intensa pudessem ser formas destacadas da nova vida nacional.
A revolução de Juscelino aconteceu, a capital do Brasil mudou para o Planalto Central e, a partir daqui, o Brasil se interiorizou, se alargou. Foi para acalentar esta reverência que tenho por Juscelino que fui ver a nova versão do Memorial JK, por dentro e por fora. Lá dentro fiquei encantado com a galeria de fotos e com a Biblioteca particular proveniente de sua residência.Tirei meus apontamentos e e pensei que brevemente poderia fazer um artigo sobre alguns destaques dessa Biblioteca.
Na frente da entrada do Memorial, me encantei com uma cena especial. Uma cena que vi e que não tinha imaginado. Romanticamente sentados, num banco de branco mármore, Juscelino e Sarah, como dois noivos permanentes, estão de mãos dadas, entrelaçadas. É um bronze do escultor Roberto Sá. Eu não sei quantas pessoas já viram este bronze romàntico, e se se emocionaram como eu me emocionei. O par presidencial está voltado para a cidade que criou e cujo futuro vaticinou para o desenvolvimento de um Brasil maior. Não sei quem olhou, não sei quem observou, não sei quem já viu este parzinho. Também não sei quanto tempo cada um ficou ali observando. De minha parte, eu sei. Foram cerca de 15 minutos, em progressiva tentativa de percepção: olhando, observando, tentando ver. E vi alguma coisa que me encantou. Sem idade, o Fundador de Brasília, feito homem romàntico, está de mãos dadas com a primeira dama Sarah Kubitshek, numa lindo gesto natural. Os dois estão bem aconchegados, em vestes sociais formais, e pela atitude, nos fazem adivinhar - se o escultor traduz a verdade de duas vidas -, que há ali um romance de vida carinhoso, que nos mostra o outro lado da vida de JK.
M encantei, sim. Gosto destas atitudes naturais e frontais. E aí me perguntava: - Será que todo o mundo já viu esta cena linda? E dava-me vontade de chamar as pessoas para que vissem. Num parque bem comportado, diante de um prédio severo que é o Memorial, este índice de vida espontàneo, de um casal "real" aconchegadinho no coração, tem de ser registrado e valorizado. Quieto e observador, silencioso e vivo em meus olhos, eu tive aqui, realmente com Juscelino um resto de conversa pessoal que tinha iniciado bastante diretamente frente aos livros de sua biblioteca particular. Acho que de uma maneira e de outra consegui que minha alma voltasse a ler o significado simbólico deste grande brasileiro -nosso Presidente Juscelino Kubitshek de Oliveira -, num dia de Poesia ao entardecer.

João Ferreira
16 de setembro de 2007
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