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Cartas-->PARA CLÓVIS LUZ SILVA-SOBRE SE A FOTOGRAFIA É ARTE -- 27/10/2001 - 00:37 (denison) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gostei muito da questão levantada por Clóvis Luz e sua esposa sobre se Sebastião Salgado é um gênio e se a fotografia seria uma arte...resolvi, pois, me manifestar e espero que outros participem da discussão sobre o gênio, entretanto exijo respeito ao assunto. Serei breve em minha análise:
Eu poderia responder a pergunta dele de forma rápida, usando um modelo que ele usou como exemplo de arte, o cinema, da seguinte forma: Clóvis Luz concorda que o cinema é arte. Tudo bem, mas sabemos que o cinema é simplesmente fotografia em movimento de sequência com o objetivo de contar uma história ou mostrar um evento. Isso significa que a fotografia é arte também, aliás o cinema é uma filha menor da fotografia, pois a foto expressa sua mensagem de forma pura e depende apenas de si mesma, enquanto o cinema se vê, cada vez mais, dependente de outras linguagens...música, teatro, a própria fotografia de cenário, etc. A única diferença entre a fotografia e o cinema é que este possui a linguagem do corte de sequências, a montagem do filme, que nada mais é do que uma coleção de fotografias que, normalmente, possui um sentido narrativo. Pronto! Mas eu vou um pouco mais longe para esquentar a discussão:

Existem várias formas de fotografar...a fotografia de viagem, a fotografia de guerra( Matthew Brady), documental( Jacob Riis), fotografia _ retrato( Nadar )...isso sem contar que a fotografia foi usada por grandes artistas ( Delacroix, Ingres, Coubert, Manet e muitos outros) como acessório para suas pinturas, eliminando o tempo de posar do modelo.
Todavia, os artistas da fotografia passaram a exigir que sua arte não fosse tratada como meio de fazer retrato ou base para a pintura, mas como uma bela arte em si. Como disse o escritor Lamartine, a fotografia ‘mais que uma arte, é um fenômeno luminoso, em que o artista colabora com o sol e a luz, assim como uma pintura’. Para competir com os artistas plásticos, os fotógrafos de arte começaram a bater fotos ligeiramente fora de foco, a retocar negativos, acrescentar tintas à impressão, superpor negativos e inúmeras outras formas de criar arte.

Mas quero responder a pergunta do casal do Usina:

Vamos começar definindo o que vem a ser um gênio; acredito que todos devem concordar comigo de que um gênio é alguém que se colocou à disposição de desenvolver seu conhecimento e domínio na técnica - numa ou em algumas determinadas áreas da atividade geral humana: Religião, Esporte, Arte e Ciência - numa dimensão muito maior do que deve ser exigido naturalmente pela necessidade quotidiana.
O gênio, além de talentoso, é geneticamente dedicado à sua área de atuação, se tornando um indivíduo um pouco diferente, estranho e distraído em assuntos práticos e sociais.

E por que existem poucos gênios na Humanidade? Por que para a Natureza não é interessante que todos sejam gênios, pois o mundo não teria praticidade e dinamismo nos afazeres comuns, muito importantes também para o desenvolvimento da raça.
As pessoas comuns apenas se preocupam com o dia-a-dia, procriação, lavar, passar, ter um emprego para sobreviver, consumir e vive em função daquilo que chamo de Força da Vontade Básica, comum à todos os seres. Os gênios, não. Eles vivem intensamente seu escolhido objeto de conhecimento de forma ampla e busca a Universalidade no individual.
O gênio domina, ou ao menos conhece, as técnicas anteriores ao seu tempo e as amplifica, desmontando-as, negando-as, relendo-as, criando uma linguagem própria.

Então há artistas dedicados, mas não geniais, pois a dedicação à busca do conhecimento e o domínio da técnica não são completos; é o caso de Sebastião Salgado, que é uma grande referência brasileira para o mundo, mas não é gênio no universo da arte da fotografia. Gênios mesmo são Cartier-Bresson, Atget, Weston, Stieglitz ou Bourke-White, além de outros. Salgado não desmontou, não releu, não criou nenhuma escola, apenas é um bom profissional que faz de forma ‘bonita, expressiva e satisfatória’ sua arte. Entretanto é importante que fique claro que, o fato de Salgado não ser um gênio, não significa que a fotografia seja o motivo de tal frustração. A arte da fotografia continua nobre independente de qualquer pessoa que decida fotografar.

Não é nada fácil documentar diversas espécies animais no fundo do mar; exige técnica, estudo, conhecimento. Certos fotógrafos fazem isso com destreza e habilidade planejada.
Isso sem contar que o produto final da fotografia exige conhecimentos profundos, à priori, de iluminação, estética, composição, geometria, cor, matiz, plano, textura, revelação, pigmento, montagem, colagem e outras diversas técnicas e ‘macetes’ mais; não é apenas um simples click na máquina. Exigir o epíteto de ‘artista’ à uma mãe que tira uma foto amadora de um filho na praia é o mesmo que achar que todo mundo que pinta é artista sério.

A fotografia pode ser uma arte, sim, se quem a executa for um artista de verdade, mas nasceu nas mãos de um químico que nada entendia de arte. Em 1826, o francês Nicéphore Niépce criou esta técnica maravilhosa, entretanto é na mente de pessoas inventivas e dedicadas que esta descoberta se elevou ao nível de uma arte tão digna quanto a pintura, a escultura, o desenho ou a gravura. Lembremos que os inventores do cinema - os irmãos Lumière e Thomas Edison - não são os maiores gênios da História do cinema; este epíteto ficou para outros que vieram depois, como o cineasta citado pelo próprio Clóvis Luz, por exemplo.

Em breve eu estarei publicando aqui no Usina os grandes gênios de todas as linguagens artísticas - desde a Idade Antiga até 2001. É uma pesquisa incansável que estou fazendo há um ano e 11 meses e só ficará pronta no mês que vem.


Prof. Denison _ História da Arte




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