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Cronicas-->Bons fluidos -- 23/09/2007 - 00:13 (Beatriz Cruz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TROCA DE BONS FLUIDOS


Esta prática pode ser considerada como marca registrada brasileira. Dois homens se encontram e plac, plac, se dão tapinhas nas costas. Conversam, conversam, põem as novidades em dia e na hora da despedida, outra vez plac, plac, tapinhas nas costas. É natural, parece que já nascemos sabendo que este gesto faz parte da nossa cultura.

E faz mesmo, porque isto não acontece em outros lugares do mundo. Cada povo demonstra o afeto que sente por seu semelhante a seu modo. E muitos acham que não devem ser efusivos neste tipo de demonstração. Sentimentos são coisas muito íntimas que só interessam a cada um e pronto. Tocar alguém é constrangedor para eles.

Entre nós tudo se passa de outro modo. Temos necessidade de tocar as pessoas, parece que se não o fizermos aparentamos frieza. Encontrar alguém e simplesmente estender a mão para um cumprimento formal é muito esquisito. Entre amigos, o natural é que nos abracemos, nos demos beijinhos e toquemos os braços dos outros ao conversar.

Podemos pensar que por toda parte se cumprimenta ou se despede da mesma forma, mas não é bem assim.
Chegando em Folkestone, na Inglaterra, estendi a mão para cumprimentar Hilda, a dona da casa onde eu ficaria por uns tempos e ela nem se mexeu. Minha mão ficou uns segundos no ar enquanto ela falou o que tinha que falar e apresentou o marido Jimmy. No dia em que parti, já imaginando que o mesmo poderia acontecer, nem larguei a mala, despedi-me apenas com palavras e uma cerimoniosa reverência de cabeça.

Os franceses têm um jeito um pouco mais parecido com o nosso, mas não chega a ser igual. Eles gostam de ser chamados de latinos, querendo dizer com isso que são mais calorosos que os ingleses ou alemães, porém ficam muito aquém das nossas expectativas em relação a demonstrações afetivas. Eles costumam cumprimentar-se com um aperto de mão, às vezes exageradamente forte. E dão a mão para todo mundo.

Quanto aos beijinhos, os franceses também diferem de nós. Enquanto dizem bom-dia- tudo- bem e apertam a mão, encostam o rosto de um lado, do outro, de um lado e do outro, terminando na quarta vez.

Os dois beijinhos que o Presidente da República Francesa prega na face de Chefes de Estado no momento em que os recebe solenemente é ato exclusivo do dirigente da nação e só nesta circunstància. Nunca vi dois homens franceses trocando beijos e, para falar a verdade, nem abraços. Nem mesmo depois de longa temporada sem se verem. Um forte aperto de mão é o que basta.

As mulheres francesas também não se abraçam muito. Encontram as amigas e se contentam com os quatro beijinhos dados maquinalmente.

Aqui temos o costume dos dois beijinhos; três para arranjar namorado ou quatro para não morar com a sogra, como dizem as mocinhas.
Vocês já repararam de que lado começamos as beijocas?
Nós oferecemos primeiro a face direita e depois viramos o rosto. Os franceses, porém, começam pelo lado esquerdo. Por isso, ao cumprimentá-los, preste atenção, senão acontecerá um zig-zag de cabeças indecisas.

Quanto aos homens brasileiros, penso que são os mais bem resolvidos em relação a demonstrações de amizade. Acho bonito vê-los se abraçando e estapiando os amigos.
Parece um ritual de troca de bons fluidos.



Beatriz Cruz
















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