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cronicas-->Loucos de todo o gênero -- 17/01/2001 - 11:32 (Anizio Canola) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Enlevado pela magia do lusco-fusco vespertino, o grupinho amigo ocupa a mesinha da barraca praiana, para desfiar assuntos complicados. Como os transcendentais. Abordando de tudo um pouco, mediante apreciações impregnadas de sensibilidade.
Bel, sempre bem informada, usa da palavra:
- "O Globo Repórter afiançou, numa matéria científica sobre o cérebro, que o ser humano difere apenas 1% do macaco. Levamos vantagem, por conseguir lembrar do nosso passado. Enquanto o animal só percebe o presente. Isto é, o que passou inexiste, devido não poder raciocinar igual a gente".
A Boêmia, vivendo ali no seu mundinho, compreende muito bem essas coisas que falam ao coração:
- "Que horrível viver sem recordações. Nem pensar... Saudade machuca, mas sem ela a vida não teria nenhum sentido".
O Sonhador aproveita a guinada da conversa, para externar o romantismo de sua alma:
- "Pela minha amada, invadiria sua praia, indiferente a todos os perigos e obstáculos. Surgiria de repente à sua frente, qual lance mágico, insinuando talvez que as ondas do mar me levaram. E a abraçaria e beijaria, sussurrando ao seu ouvido com ternura: Oi, amor. Foi difícil chegar até aqui, mas, acredite, agora não pretendo morrer na praia".
Ela se encanta ao imaginar cena tão ousada, que lhe parece real demais, pois balbucia:
- "Você é louco..."
Ocioso dizer mais. Importa apenas curtir emoção deveras cativante.
Bel gosta do devaneio. E cita o que reza o artigo 5.o do Código Civil Brasileiro.
- "São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil (conforme a alínea II): Os loucos de todo o gênero".
Magal reage:
- "Contudo, os loucos diferem entre si. Alguns nem são enquadrados nesse particular. Estará desvairado aquele que come a flor que ama? Se essa é a sua maneira efetiva de carinho..."
Bel retruca:
- "E rasgar dinheiro, tem atenuante?"
Magal continua segura de si:
- "As pessoas gastam em desatino. O psicótico julga coerente destruir, igual esbanjar dinheiro".
Nádia intervém e lembra que, outros doidos, até são admirados por suas espantosas proezas. Porquanto poucos se atrevem a arriscar em tais maluquices. Como empinar motos, fazer acrobacias aéreas, circular no globo da morte, passar de um lado a outro no fio estendido no alto, ou colocar a cabeça na boca do leão. Tirante os momentos de loucura, são pessoas semelhantes a nós".
Bel conclui:
- "Os que precisam usar camisa-de-força, são loucos ou afins de idéia fixa. Prisioneiros de convicções congeladas, conforme o alcance limitado de seus cérebros. Incapazes de mudar de imagem mental, por causa do bloqueio do acesso ao passado. Ou não poderem fugir dele. Nesse aspecto, lembram os macacos, que não têm memória, nem lembranças".
O Sonhador remata que:
- "As paixões incontroláveis geram loucos amorosos. Igualmente não catalogados, nem sujeitos aos rigores da lei. Porque, na verdade, encantam os que apreciam devidamente a vida, com suas adoráveis loucuras arrojadas. Ademais, quem viveu momentos palpitantes dessa natureza, pode testemunhar o quanto é maravilhoso ser um louco apaixonado".
O fascinante pór-do-sol findou. A noite bonita chega com tudo, adornada pela lua e incontáveis estrelas. Na extensa avenida à beira-mar, os carros ligam os faróis. A Boêmia, na sua hora e vez, acha supérflua a iluminação artificial, que rivaliza com o luar.
Prodigiosamente, são todos envolvidos pelo perfume inebriante de rosas vermelhas, que ela garante estar sentindo. Uma agradável loucura coletiva. Seu tino apurado capta a essência do sentimentalismo humano. Qualidade inerente a quem ostenta um passado digno de ser cultivado.
Convenhamos, uma dádiva que doidos varridos de verdade, e macacos, jamais poderão usufruir...

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