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Cronicas-->Textos noturnos -- 01/10/2007 - 13:18 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Precisava ouvir um pouco de reggae. Ouvir Bob Marley. E ler um pouco de Carlos Castaneda.
Passei por mais uma semana racional com alguns poucos momentos em que tolerei meus sentimentos.
Quem me disse para interromper o trabalho foi o chefe. Percebeu minha babaquice numa sexta-feira no final dos tempos. Ou dos tempos.
Então pensei nas mulheres que eu poderia contatar para ouvir um pouco de música. Pensei em várias e não liguei pra nenhuma delas. Refleti sobre meu discurso e a solidão programada.
Acho que exagerei no direcionamento. Estava sozinho de fato, mesmo passando por vários ambientes onde grupos experimentavam músicas. Uns optavam por aquelas tranqueiras eletrónicas, outros boleros, forrós, os temperos acústicos de Porto Velho.
Fiquei tentado pelo bar onde executavam Guns & Roses.
Mas faltava a mulher que eu escolhera pra fitar os olhos, dividir sorrisos. Dividir sorrisos. Dividir sorrisos.
Por causa dela exercitei a tautologia. Da última vez em que a vi estava mal vestida, quase feia. Por isso a paixão deu uma batidinha na porta.
Pastrano e sorumbático.
Equalizara a alegria um pouco antes ao ver o belo rosto pacífico de Vionê, uma das mulheres de sorriso mais pacificador da cidade.
A baiana passou para buscar informações. Em seguida foi embora com seus orixás. Senti-me como um santo sem terreiro. Avaliara a solidão como um problema político.
Um indivíduo só não procura nem o bem nem o mal. Desloca-se pelo universo como partícula tonta, evitando choques, numa racionalidade que permite o isolamento, mas não a reflexão. Sentimentos extemporàneos atingiram a medula provocando espasmos patéticos e palpitações pouco esclarecedoras.
O som de Marley ajudou um pouco no relaxamento, não o suficiente para impedir a produção literária, a raiva da tecnologia que enchia meus ouvidos numa madrugada profícua.
Trezentas músicas contidas num tubinho de plástico e metal provocaram o texto.
Poderia mandar flores para a baiana, só para deixar seu namorado confuso. Rá!
Nem sei se ela tem namorado. Ou para Josélia, só para revelar um amor secreto. Rá!
Seis folhas sulfitadas aclamaram a pena. Imagino se Camões tivesse conhecido esferográficas.
Uma lua minguante minguava no ciberespaço esperando que eu me resignasse a compartilhar do sono que o corpo sugeria.
Não houve jeito. Como um lobo uiva para a lua cheia pensei num corpo de mulher. Uma que vai casar. Essa não pode ter nome. Não seria muito correto exprimir um registro público.
Em algum lugar de Minas alguém espreita. Come acerolas pensando num poeta.
Delírios onomatopéicos, metáforas perdidas se misturam numa galhofa de celulose e tinta, parceiras perfeitas de crimes hediondos.
Será possível entender tudo isto na hora de passar para o computador?
É politicamente incorreto escrever o nome das mulheres que namoram outros.
Que se dane. É incorreto tentar fazer poesia.
Só a insónia é permitida. Pássaros jamaicanos voam sobre Porto Velho.
As cores da Jamaica parecem com as do Rio Grande do Sul.
Um pampa se desloca sobre a Amazónia agonizante.
O pampa agoniza cheio de eucaliptos.
Uma mulher faz amor. Está sorrindo. Sorrindo. Sorrindo.
Repousará como um anjo depois de permitir o gozo ao corpo.
Ela deve ter um nome.
Agora seu corpo agradece os fluídos, troca de energia.
Seu nome está perdido num crachá inútil após um dia de trabalho.
Seus cabelos teimam em fugir da cama enquanto sonha com uma terra distante.
Ela sorri quando o vento sopra trazendo raios perdidos de constelações distantes.
O ar fresco da madrugada compensa o dia quente e improdutivo.
Folhas farfalhavam um jardim onde as rosas vermelhas celebram a vida.
A natureza mistura Marley e os sorrisos dela, que parece bailar num espaço-tempo perdido de Porto Velho.
Ela flutua ao sabor do vento na histórica Madeira-Mamoré.
Seu nome já não pertence ao crachá inútil.
Grupos dançam à sua volta. Os sorrisos e os sorridentes se encontram para comemorar o dia que nasce.
Como um dia nasce todos os dias nascem estrelas.
Um velho licor de chocolate perdido sobre a mesa lembra que a vida doce constrói suas prisões.
Equilibraram-se as notas musicais. Já vi todas aquelas mulheres dançando reggae. Como nuvens povoando o espaço, dançando nos pampas e na Amazónia, nas três cores que poderiam simbolizar um novo tempo de amor.
Verde, amarelo e vermelho.
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