"Ainda sim acredito que para haver poesia
Necessita- se um pouco de cor-de-rosa,
Precisa de canecas de vinho
Para embreagar a mente insana do poeta.
"Quem matou a poesia?"
Não!!! A poesia ainda vive!
Suspensa num mundo de glórias, Cecílias e Clarices...
Num mundo de Marcelos, Carlos e Fernandos.
A poesia sobrevive,
Alimentando-se das idéias desconexas de perdidos, como eu.
Em noite escura,
mesmo sem Estrelas ou Lua,
a poesia ainda existe!
No olhar do bêbado chorando num bar,
ou até mesmo nas pontas dos dedos da prostituta,
que, ainda mesmo que em segredo,
espera o seu Lord.
A poesia se escancara no restos,
nos farrapos, nas migalhas:
O amante no telhado chora mágoas,
A criança teme debaixo da cama,
O pintor se perde entre real e ilusório,
Tudo isso define a poesia.
O Poeta, quando se encontra com a poesia,
se entrega
e chega ao êxtase com as formas,
as chances, as possibilidades de poesia.
O Poeta é seu amante,
seu cúmplice,
e quando quer encontrá-la,
se isola,
se afasta,
se purifica e penetra no surdo Reino das Palavras.
E numa viagem quase astral,
ele se enrosca com os sentidos,
e abandona o nexo.
A poesia sobrevive,
ainda que em essência,
na ponta da caneta,
nos olhos se encontrando,
nas distância se fazendo.
Ela ainda se alimenta dos vazios,
dos medos e angústias.
Passa despercebida no olhar normal,
Mas continua sendo o consolo, talvez na praia,
do Poeta cansado, exausto de buscar o seu lugar!"
J.R.C |