Shalom e Saalam são palavras em hebraico e árabe que se traduzem por Paz. Shalom Aleichem e Saalam Malaicho significam a mesma coisa: "A Paz esteja convosco". Elohim e Allah: o primeiro é um dos nomes de Deus em hebraico, Allah é Deus em árabe mas os significados são muito diferentes.
Abrão, velho pastor da Caldéia que ficava na Babilónia, hoje Iraque, deixou seus pais e familiares depois de ter sido inspirado a concluir que havia um só Deus. Estima-se que teria sido há mais de 4 mil anos. É o Patriarca, o pai do monoteísmo, as religiões que acreditam que existe um só Deus. Quanto à s fés monoteístas, cada uma delas tem sua própria concepção de Deus. Se assemelham mas não são iguais. O Velho Testamento engloba as leis judaicas fundamentais. O Novo Testamento é o livro fundamental do cristianismo da Trindade, do Pai, Filho e Espírito Santo. E o Corão que é o livro básico do Islam, que significa submissão a Allah, Deus, que tem Maomé como seu único Profeta e Mensageiro.
O conflito palestino-israelense é, na sua essência, a oportunidade de convivência em paz e colaboração entre o único país judeu existente e o mundo muçulmano. Se for realizável poderá ser o princípio de uma nova convivência das fés monoteístas. É bem mais do que uma luta por territórios o que pouco se discute. É o acordo sobre liberdade de expressão de cada religião e cultura em todos os cantos deste mundo. A superação do que certos autores escrevem como sendo uma grande ameaça ao mundo: a guerra entre civilizações, expressão que resultou das consequências do conflito israelense-palestino, do comportamento de organizações antiocidentais como o Al Qaeda, o suspeito caminho do Irã para desenvolver tecnologia nuclear, os ataques com táticas terroristas.
As concepções israelense e palestina sobre a Paz contêm diferenças fundamentais que ainda não se consegue transpor. Urge que israelenses e palestinos concordem num texto que possa servir de base para a Conferência proposta pelo presidente Bush da qual já se fala como sendo a de Anápolis, Estados Unidos. Seria antes do fim de novembro ou, na pior das hipóteses, antes do fim do ano. Sem este documento, nada feito.
A secretária de Estado, Condoleezza Rice, faz ponte-aérea entre Washington, Israel, Palestina e paises árabes. Até a noite de ontem, domingo, não tinha conseguido levar os lados a entendimento algum. As relações entre o Chefe do governo de Israel, Ehud Olmert, e o presidente palestino, Abu Mazen, consta, são amigáveis, porém não basta. Cada lado tem sua própria visão de paz e são mínimas as coincidências. Ambos, como natural, maximizam suas reivindicações. Israel por ser um Estado bem instrumentado e ocupar territórios conquistados da Jordània em 1967, que os transferiram aos palestinos para um seu futuro país independente, tem mais o que conceder. As principais concessões palestinas seriam o desarmamento e dissolução das organizações ditas terroristas e a desistência de partes dos territórios ocupados por Israel nos quais habitam cerca de 350 mil judeus em cidades construídas após a conquista, e um acordo sobre a soberania da Jerusalém dos Lugares Santos. A aceitação do roteiro do caminho, o "roadmap" das etapas a serem simultaneamente cumpridas do processo de paz como traçadas em 2003 pelo Quarteto - Estados Unidos, Rússia, Europa e Nações Unidas.
Desarmar os terroristas significa desarmar o Hamas e milícias do Fatah, e lembro verso de velho samba: "Com que roupa?". Abu Mazen, o presidente palestino, não tem a força militar nem a política, nem é o presidente de todos os palestinos. Israel se defronta diariamente com tais grupos na chamada guerra assimétrica que não parece poder vencer. Além do tamanho dos problemas existe a falta de confiança mutua.
No Velho Testamento e no Novo e na vida de Maomé, não faltam narrações de milagres divinos. O povo judeu, lembre-se, descende de Isaac, filho de Sarah, a idosa esposa do idoso Abrão que terá engravidado muito depois de ser fisicamente possível.
Em hebraico se diz: "Im irtze há Shem". Em árabe "Imshala"; significa "Se Deus quiser".