O papel da educação é quebrar desigualdades. No Brasil se gasta setenta vezes mais com os filhos dos ricos do que com os filhos dos pobres. - disse o Ministro da Educação Cristovam Buarque, ao abrir a cerimônia de instalação do Fórum Brasil de Educação, realizado em Brasília.
Continuando: aqui se pode gerar idéias, propostas, formulações que visem mudar a educação brasileira. E alerta o Ministro: por trás de vocês estão as crianças brasileiras sem escola e com escola sem qualidade, jovens sem escola e perspectivas de futuro. Estão vinte milhões de analfabetos. Eu gostaria que, mais do que as entidades que vocês representam, não percam de vista que as entidades existem para servir àquelas pessoas. O Fórum pode dar uma grande contribuição, esperada, desde a criação da República.
Tragam idéias – insiste Cristóvão Buarque – que possam ser levadas ao Diário Oficial e que não fiquem apenas nos livros acadêmicos. A educação deve ser pensada como um instrumento de resolução de quatro trágicas realidades brasileiras: classe, raça, região e gênero.
O Ministro da Educação destaca no seu discurso que existem menos mulheres com educação do que homens, os negros têm menos representantes nas Universidades, os nordestinos encontram menos chances de serem educados do que os sulistas.
E lamenta: temos no Brasil, a educação como instrumento de construção e de consolidação da permanência da desigualdade entre as classes.
UNESCO E O FÓRUM
O representante da Unesco no Brasil, Jorge Werthein, gostou do que viu e ouviu. Entusiasmado, garantiu que a criação do Fórum coincide com a mudança e novos projetos de grande alcance social propostos pelo MEC, prometendo fazer tudo que estiver ao alcance da Organização para mudar o triste quadro de desigualdades no Brasil, através de maciços investimentos na educação.
O Fórum nasceu para ser um espaço de debate e interlocução sobre as perspectivas e desafios da educação no Brasil, promovido pelo Conselho Nacional de Educação (CNE)m com apoio do MEC e da Unesco.
A intenção é realizar encontros mensais em Brasília e em outras cidades do país. O próximo será em Salvador, dias 19 e 20 de março.
MENS LEGENDO ALITUR
Não podemos esquecer que 32 por cento da população brasileira, isto é, 54 milhões de pessoas vivem com menos de meio salário mínimo por mês, o que leva o Brasil a contribuir de forma significativa para a formação de um impressionante e negativo quadro de dados sociais no Mundo.
Acreditamos que o Programa Fome Zero do Governo Lula deve abrir um pouco mais o leque de bens materiais na Cesta, para acrescentar gênero de primeira necessidade muito importante ao combate à fome, um livrinho, mesmo que sem luxo, mas de boa qualidade e conteúdo, para a alegria dos filhos dos agraciados, junto ao feijão, ao óleo, ao arroz.... um livrinho seria uma surpresa bastante legal; distrai, alimenta a mente. Pode ser o primeiro passo para ensinar o brasileiro de baixa renda a aprender a pescar. A Literatura tem um encanto próprio, com uma incrível capacidade de modificar o ser humano. Ninguém duvida do que um livro é capaz!
A inclusão do livro na Cesta Básica é muito bom. Basta lembrar de Monteiro Lobato, que anos atrás dava a receita: um país se constrói com homens (de caráter) e livros (educação).
INVESTIR NA EDUCAÇÃO
É por aí, sim. Especialistas garantem que investimento maciço em educação é o mais eficaz meio de combater as desigualdades sociais. Ninguém nega que a boa instrução educacional é uma ferramenta valiosa para a melhoria de renda, atitude indispensável ao desenvolvimento de qualquer Nação que queira zerar a miséria.
O Governo Lula tem propostas claras neste sentido*. Vem debatendo como implementar a melhor política pública para educação, visando a democratização do acesso à educação pública de qualidade, um caminho seguro para apagar do mapa escolar o triste resultado de um estudo avaliativo de estudantes de escolas públicas de Minas, em que se verifica que três em cada dez alunos terminam a 4ª série sem condições de compreender um texto, ainda que curtinho – um perfil que certamente pode refletir outras regiões do Brasil.
Uma política pública de educação deve começar reconduzindo o livro para a Sala de Aula, mas livro de qualidade, capaz de despertar no aluno praz reconduzindo o livro para a Sala de Aula, mas livro de qualidade, capaz de despertar no aluno prazer de ler. Quando não se lê, não se aprende a pensar, principalmente na escola. Muito menos se consegue julgar a gama de informações que o jovem recebe a todo o momento, principalmente através dos meios de comunicação.
Tomara que, com o Fórum, o ensino público ganhe uma escola de qualidade, uma escola voltada para o cidadão menos favorecido, que não se limite a ensinar coisas meramente úteis, mas que ensine o brasileiro realmente a pensar e ser capaz de desenvolver capacidade analítica para, como o Ministro da Educação quer, ser uma peça importante na luta pela desigualdade social.
E para encerrar, vale uma citação do Secretário do Livro do Ministério da Cultura, Waly Salomão: o livro é uma alavanca de modificação social de posição subalterna das pessoas na sociedade.
Parabéns, poeta. Podemos fazer muito no meio de um país encalacrado como o Brasil. Acreditando, dá.
* Leia também o artigo: Uma Lição de Democracia Cultural., no site: www.ensinofundamental.kit.net/educacaoemfoco.
** Welington Almeida Pinto é escritor, Jornalista (08124/JP-MTE). Ver suas obras no site
www.welingtonpinto.kit.net/ index - e-mail: welingtonpinto@globo.com.br
