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Artigos-->EDUCAÇÃO NO BRASIL. É HORA DE RECUPERAR. -- 09/03/2003 - 12:15 (Welington Almeida Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Colocação Incômoda:



Educação no Brasil. É hora de recuperar.



No final do ano passado, o PISA - Programa Internacional de Avaliação de Alunos, mantido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com a finalidade de analisar o contexto educacional em países ricos e em desenvolvimento, divulgou o desempenho dos testes realizados no 2º semestre de 2001.

O Brasil, com cerca de cinco mil alunos avaliados, considerando apenas respostas de textos lidos, da rede pública e particular, ocupou a última posição entre 32 países participantes. Os estudantes da Finlândia atingiram o primeiro lugar, nível 4; os do México, Rússia e Polônia, nível 2, penúltima posição.

Triste resultado. Estudantes brasileiros tiveram a pior avaliação, não entendem bem o que lêem, ou melhor, não conseguem decifrar a linguagem de um texto com precisão. Isso é mal. Influencia negativamente na compreensão de matérias como física, química, filosofia e outras ciências do currículo escolar. Como também prejudica o entendimento de contratos, normas e até bulas de remédio, interesses que qualquer cidadão é obrigado a decifrar no seu dia-a-dia.

Para Marcos Bagno, doutor em Lingüística pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP ... o problema tem origem no tratamento dado à língua no Brasil, onde o foco do ensino está na gramática, quando deveria ser na leitura e na escrita.

Há muitos anos a Inglaterra sugere à comunidade escolar, dos alunos à diretoria, interromper o que está fazendo em cada turno e, por um tempo determinado, se dedicar à leitura; cada um lê o que achar melhor. Depois, tudo volta ao normal. O interessante é que ninguém lê para fazer exames, mas é surpreendente o resultado: espontaneamente surgem comentários, análises e discussões sobre as histórias. Com a iniciativa, cresce o nível de leitura e as pessoas passam a se expressar melhor.

Ler é muito bom. Criança ou adulto que tem costume de ler aprende muito mais, é claro. A literatura, além de mostrar a beleza da língua, produz conhecimento, desenvolve imaginação e permite sonhar. As escolas não podem manter a política de retirar da Sala de Aula a Literatura, como está acontecendo pelo país.

Mais do que nunca, precisamos fazer do Brasil um país de Leitores. Vale a pena.



A Frieza dos Números



Para confirmar o desastroso resultado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o IBOPE, em 11 de dezembro do ano passado, divulgou outra pesquisa no mesmo sentido, entre dois mil brasileiros de 15 a 64 anos.

Os números: 26% leram um texto e entenderam a mensagem - 31% leram um texto e não entenderam a mensagem - 34% somente foram capazes de entender textos curtos - 09% dos entrevistados são completamente analfabetos.

O então Ministro da Educação, ex-professor Paulo Renato, ao comentar a participação dos brasileiros na avaliação internacional, declarou que ficou satisfeito com o resultado. Foi mal. Um atento leitor, na seção de cartas do jornal Estado de Minas, dia 12/12/2001, respondeu no mais fino humor: baseada na declaração do Presidente Fernando Henrique Cardoso (também ex-Professor), de que “...se a pessoa não conseguir produzir, coitada, vai ser professor...“ – é de que esta pessoa quando fracassa como professor, vai ser ministro do atual governo tucano.

Dias mais tarde, até o SBT entrou na briga, levando ao ar um programa para também avaliar o desempenho cultural do estudante brasileiro. Dos milhares de alunos, entre 13 e 14 anos, inicialmente avaliados pelas Escolas, apenas 60 foram indicados para participar do programa apresentado por Sílvio Santos. A primeira colocada, uma estudante do Rio de Janeiro, acertou 60% das perguntas, errando até o nome do rio que os Bandeirantes seguiram o curso para atingir o interior do Brasil: rio Tietê.

O SIMAVE – Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública, divulgou os números do último resultado no primeiro semestre de 2002. São eles: 83,4% dos alunos da rede pública não sabem Física; 82,1%, reprovados em Química; 70,42%, em Biologia; 47,4%, em Matemática; 20,4%, em História; 16,3%, em Língua Portuguesa, e 8,9%, em Geografia.

Recentemente, outro susto: uma pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Pscotrópicas mostra que 48,3% de nossos adolescentes, dos 12 aos 17 anos, fazem uso de álcool. Destes, 5,2% são dependentes. A maioria, fora da escola.

Para concluir, o IBGE acaba de mostrar os números que retratam a desigualdade de renda no Brasil, que também expõem nosso país entre os piores resultados do Mundo. Aqui, a distância entre a renda dos 20% mais pobres e a dos 20% mais ricos é de 33 vezes, superior a da Guatemala, com 30, Guiné-Bissau, com 28, e muito longe do México, com 13 vezes. A melhor colocação ficou com a Polônia, apenas 3 vezes, onde a educação é levada com muita seriedade.



Momento de Tomar Decisões

Diante de tanto resultado negativo, o Secretário de Educação de Minas, Professor Murilo Hingel ressaltou: ... Se a maioria dos alunos apresenta desempenho crítico nestas disciplinas, podemos concluir que algo está errado.

Lógico que sim. Em ano de novo Governo disposto a atacar as causas com competência e seriedade, deve começar pela capacitação do corpo docente e estimular o hábito de leitura também em Sala de Aula, sem esquecer, é claro, de outras questões de fundo, como deficiência de recursos pedagógicos, instalações escolares inadequadas, salas lotadas e do baixo salário do profissional em educação.

Triste realidade! Até que ponto ela responde por essas abomináveis manchetes:

* A marginalidade consagra o Brasil como um dos países mais violentos das 192 Nações do Mundo.

* A corrupção coloca o Brasil no pódio dos primeiros na lista de países que mais toleram esse tipo de crime.

* O Brasil é o campeão mundial em número de torcedores fanáticos por esportes competitivos.

· O Brasil ainda tem 3% da população de analfabetos.

· 3% da juventude brasileira, segundo a Unesco, usam drogas regularmente. Em números 941 mil jovens consomem drogas, conforme pesquisas divulgadas em novembro de 2002.

O Brasil real pede ação urgente, urgentíssima. Que seja bem-vindo todo político comprometido com causas sociais, principalmente se for um emérito pensador da educação. Dirigentes renovados, educação idem. Afinal, a carência de escolas e o ensino de má qualidade contribuem para a consolidação da miséria, já confortavelmente instalada no Brasil, um desafio que o próximo Governo vai ter que enfrentar.

Lembrando Monteiro Lobato: um país se constrói com homens e livros. Sem dúvida, o livro é um instrumento indispensável na construção de um país desenvolvido e feliz, regra que precisa ser encarada com seriedade pela sociedade brasileira – aqui, a taxa de leitura por habitante é de pouco mais de 2 livros por ano, incluindo os didáticos.

Será que o Brasil ainda comunga com a estratégia de manter estancado o nível de sabedoria do povo, visando a eleição de políticos pelos currais eleitoreiros?

Currais!... Marmitas!... Coisas do passado?!?... Acreditando, são.



PISA



O Programa Internacional de Avaliação de Alunos é um programa de avaliação comparada cuja principal finalidade é avaliar o desempenho de alunos de 15 anos de idade, produzindo indicadores sobre a efetividade dos sistemas educacionais.





Desenvolvido e coordenado internacionalmente pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), havendo em cada país participante uma coordenação nacional. No Brasil, o PISA é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP).

A primeira avaliação do PISA aconteceu em 2000, com a participação de 32 países, envolvendo mais de 250 mil estudantes. As próximas avaliações acontecerão em 2003 e 2006, sendo que no ano de 2000 a principal área avaliada foi referente à Leitura, em 2003 o domínio principal será o de Matemática, e em 2006, Ciências.

O compromisso de cobrir detalhadamente cada domínio de avaliação a cada nove anos, com atualizações a cada três anos, tornará possível aos países monitorar de maneira regular o progresso no cumprimento de objetivos-chave relativos à aprendizagem.

Os resultados do PISA permitirão que as instâncias encarregadas de formular e tomar decisões sobre políticas educacionais compararem a performance do seu sistema educacional com os demais países participantes. Além disso, os resultados do PISA servirão como base para o aperfeiçoamento da avaliação e monitoramento da efetividade dos sistemas educacionais.





** Welington Almeida Pinto é Escritor, Jornalista (08124/JP-MTE). Autor, entre outros livros, de Santos-Dumont, No Coração da Humanidade. Ver a relação de seus livros nos sites www.welingtonpinto.kit.net e www.ieditora.com.br * E-mail: welingtonpinto@globo.com



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