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cronicas-->"Zé Marca Hora" -- 19/11/2007 - 11:16 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

À semelhança da "Velha do Fogo" "Zé Marca Hora" também não pedia esmolas. Nascido muito depois desta, partilhou da mesma vida de rua, mas ao entardecer, tal qual a "Véa do Fogo" retornava a seu aconchego: um casebre de taipa, chão batido e paredes rotas, dependuradas nalguma aba de morro em volta da cidade. No dia seguinte, começava a jornada. Chegava, batia à porta das casas, dizendo:
-Dona, essa vassoura "mamué "mandou pra `sin-hora´. - A dona da casa apiedando-se dele, comprava a vassoura, ainda que no momento não precisasse daquilo, mas de qualquer forma, as vassoura de palha que Zé "Marca Hora" fazia, nalgum momento poderiam ter sua utilidade na casa.
Cada doido tem sua mania, "Zé Marca Hora" era conhecido com esse nome por causa da precisão com que reconhecia as horas, apenas olhando para o céu, mesmo sem sol, e o fazia em qualquer momento, bastava que alguém o consultasse. Até um menino, se lhe perguntasse as horas, mesmo que por anarquia, ele respondia: "é tal hora". Podia conferir que a diferença não era maior nem superior a cinco ou dez minutos.
Não sei a hora nem o dia que José passou a consultar mais de perto o relógio do sol, pois não está mais em nosso meio. Mais de quarenta anos se passaram depois que o vi em 1965, já com idade avançada, entregando as vassouras que "mamuié" mandou.


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