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Artigos-->CLOSE NA VAGINA EM MOMENTO DE PARTO -- 19/05/2001 - 18:54 (denison souza borges) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A rotina do ginecologista é espiar, cuidar de vaginas e úteros. Para ele, não há nada mais bonito que todas essas coisas meladas do nascer. Mas aos poucos, os planetas que ele colocou em sua órbita vão incomodando. É quando entram as idéias punks do cineasta Altman a respeito da poesia no cinema, tão a mercê quanto estamos de tempestades e furacões, que até o sistema orbital do Doutor G é uma ilusão civilizatória. Estamos todos nós, homens, a tentar controlar, capturar a natureza do mesmo modo que as mulheres. As mulheres capturamos pela instauração do patriarcado; uma instauração um tanto quanto precária, mas esta é a única carta na manga eficaz que o homem tem para controlar as pobres frágeis coitadas.

A essa altura da História Humana é terrível perceber que só existem dois tipos de mulheres: as carentes enlouquecidas e as normais independentes, mas a função do Dr G, no universo feminino, é meramente simbólica. E ele pira existencialmente. Ele queria entrar no útero. Desesperado, dirige em direção a um tornado semelhante ao interior de um útero em ebulição menstrual. Como em O Mágico de OZ, numa última sequência desconcertante. Vai parar num vilarejo mexicano no meio do deserto. Um vilarejo habitado por mulheres, um matriarcado, como na "Cidade das Mulheres" de Fellini. Na hora do parto de Consuelo (consolo, conforto) as aldeãs passaram a noite tentando fazer um parto e o melhor ginecologista do estado literalmente cai do céu. Ainda atordoado, o Doutor redescobre sua função nesse mundo: Mais uma vagina dilatada na sua frente e a vida faz sentido de novo. Com o bebê nas mãos, a primeira coisa que o doutor faz é checar se tem rola ou buça: "É um menino!" - sorri aliviado. É o fim de um roteiro perfeito.



Altman filmou um parto de verdade para essa última cena. São 30 segundos de um close implacável na buceta melada da mãe, numa cena tão horrível quanto bela, tão revoltante quanto inteligente, tão real quanto delirante, tão dramática quanto cômica. A intenção é sair do cinema pensando porque achamos a cena do parto tão horrível quanto a de um esfaqueamento, tão nojenta quanto uma cultura de insetos viscosos, tão pornográfica quanto um filme de sexo explícito, tão desagradável quanto assistir um velho vomitar encima de uma criança vestida de branco e lacinho rosa na cabeça.

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