Usina de Letras
Usina de Letras
48 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62275 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10382)

Erótico (13574)

Frases (50664)

Humor (20039)

Infantil (5454)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140817)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6206)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Erotico-->A MENINA DO ÔNIBUS II - Cap II(c) -- 06/02/2006 - 17:21 (Edmar Guedes Corrêa****) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A MENINA DO ÔNIBUS II - Capítulo II(c)

Olá queridos leitores,

Vocês que acompanharam a história de Ana Carla em “A MENINA DO ÔNIBUS”, poderá a partir de agora conferi também alguns capítulos extras que farão parte do livro a ser publicado futuramente, assim que o livro estiver pronto.

Seguindo a ordem dos capítulos que foram publicados aqui na Usina de Letras, o capitulo a seguir é um capítulo entre II(b) e III da segunda parte. Para ficar mais fácil a localização, resolvi chamá-lo de capítulo II(c) para não confundir os leitores. Para ler o capítulo II(b), clique [aqui]

Abraços,

Edmar Guedes Corrêa

Se quiser saber como tudo começou, então clique em: A MENINA DO ÔNIBUS

II(C)
I

Andava triste e entediado ultimamente, pois me sentia muito sozinho, como se todos tivessem me abandonado. Aliás, desde a passagem de ano, não havia saído de casa. Passava a maior parte do tempo no meu quarto, deitado na cama, com os pensamentos ora em Ana Carla, ora em Maria Rita. Às vezes, mais disposto, abria um livro e lia um pouco. Havia começado a ler ECCO HOME de Nietzsche, assim que terminara de o meu Dostoievski. No entanto, a leitura prosseguia de forma lenta, porque na mais das vezes eu não conseguia me concentrar – ainda mais quando se trata de Nietzsche, um autor de difícil compreensão. – Aquela sensação desagradável, aquele aperto em meu peito causando-me uma dor pungente, arrancava-me de quando em quando da leitura e me levava a pensar naquelas duas jovens tão distintas, mas capazes de me deixar naquele estado tão para baixo.
Eu amava Ana Carla. Disso não havia a menor dúvida. E desde a sua partida há vinte dias, não deixei de pensar nela. Quando ela me ligava, o desejo de correr para seus braços era enorme. Entretanto, Maria Rita acabou tornando essa ausência menos dolorosa. E desde que ela também partiu, o mundo pareceu desabar de vez sobre minha cabeça.
Não vou dizer que cheguei a sentir por Maria Rita algo semelhante a uma paixão ou amor. Não, não. Não foi nada disso. Aqueles momentos não passaram de uma atração sexual regada por um desejo de possuir aquela jovem tão bela e virgem ao mesmo tempo. Aliás, se ela não demonstrasse interesse por mim, provavelmente não teríamos saído. E aqueles momentos de puro prazer não teriam acontecido. Só que isso não mudou em nada os meus sentimentos por Ana Carla. Em nenhum momento cheguei a pensar na possibilidade de trocar a “minha menina” por aquela jovem de 18 anos. Por mais qualidades que Maria Rita tivesse – e é preciso confessar que em muitos pontos ela era superior a Ana Carla, principalmente no intelecto e financeiramente --, eu não faria a troca duma pela outra. Ana Carla havia conquistado algo que a outra naquele momento jamais conquistaria: o meu coração. E isso era o que importava.
Quando Maria Rita partiu no dia seguinte ao ano novo, eu fiquei sem saber o que fazer. Toda aquela alegria e aquela expectativa de um novo encontro tornou mais exposto o vazio deixado por Ana Carla. Era como se Maria Rita fosse um tampão de madeira. E, ao ser removido, expôs aquele enorme buraco. Pois foi assim que me senti naqueles dias entre a partida de Maria Rita e a chegada de Ana Carla: como se tivesse um enorme buraco no peito.
Fazia dias que não falava com Ana Carla. A última vez foi na antevéspera de ano novo. Ela me telefonara, não obstante, não me informara o dia da chegada. Talvez tenha sido isso também que contribuiu para minha solidão. Eu a esperava, ficava naquela expectativa e nada dela aparecer. Sabia que retornaria, mas não quando.
Na quinta-feira cedo, recebi um telefonema de meu primo de Santos. Convidava-me à sua casa. Fazia algum tempo que não nos via, apesar de sermos muitos íntimos e não guardarmos segredos um do outro. Ele estranhara meu sumiço.
-- É que ando muito ocupado ultimamente – respondi.
-- Ocupado? Se eu não te conhecesse, talvez acreditaria – disse ele do outro lado da linha --, mas você não me engana não – continuou de forma sarcástica. – Isso está me cheirando a mulher.
Tentei desconversar, mas não teve jeito. Ele realmente me conhecia o suficiente para saber que estava mentindo. Tive que admitir. No entanto, não lhe contei sobre Ana Carla. Preferi lhe dizer sobre Maria Rita. Como ia poder lhe confessar que estava transando e ainda por cima apaixonado por uma menina de quatorze anos? Por mais amigo e compreensível que fosse, ele não deixaria de me repreender. E o que menos queria naqueles dias era ser repreendido por causa de Ana Carla.
Mas acabei indo até sua casa. Depois fomos ao Shopping Center ali perto e ficamos conversando por mais de duas horas. Acabei contando sobre Ana Carla. Aliás, falei tudo, não escondi nada. Contudo, foi uma conversa agradável, pois me ajudou a perceber o que teria que enfrentar pela frente.
E foi justamente quando estávamos preparando para voltar a casa dele quando o meu celular tocou.
Reconheci a voz de imediato.

II


Ah, como poderia dizer o que senti no exato momento em que ela disse estar em casa e que gostaria de se encontrar comigo! Por um momento achei que as forças iam me faltar nas pernas. O coração quis rasgar o peito e voar feito um raio de luz ao seu encontro. Não estava diante de um espelho, no entanto, pelo calor que senti na face, posso afirmar que um certo rubor deve ter salientado ainda mais as maçãs de meu rosto.
Sei que talvez pareço exagerado, mas fazer o quê? Se foi assim que me senti naquele momento? Nunca até então havia sentido algo assim.; mas, desde o primeiro encontro com Ana Carla, desde o primeiro olhar que tudo se tornou novidade para mim. Era como se ela fosse um castigo por tudo que fizera e dissera até então. Já não me sentia o mesmo homem há algum tempo, essa é a verdade. Aqueles dias sem Ana Carla, onde eu parecia ter voltado ao que era antes, foram apenas um instante de fraqueza, foi uma tentativa de resistir ao irresistível, como se por algum tempo eu não aceitasse o meu destino: ser uma pessoa igual a todas as outras.
Paulo Roberto, ao me ver naquele estado, não pôde deixar de inquirir-me:
-- Você está passando bem?
-- Claro que estou! – respondi de chofre ao seu deboche.
-- Isso tudo é por causa da sua “ninfetinha”? – insistiu ele. Paulo Roberto era um ano mais velho do que eu. Alto, de estatura magra, olhar penetrante, sabia seduzir as mulheres. Contudo, ao se casar, abandonara a vida mundana. Formara-se em psicologia há três anos atrás e agora trabalhava com crianças num centro para deficientes físicos.
-- É sim – assenti. – Mas ela não é nenhuma “ninfetinha” não – corrigi
-- Ó, meu primo! Você está ferrado! – entoou ele, como se fosse iniciar um discurso. – Ainda por cima apaixonado desse jeito? Ah, essa menina vai te colocar numa fria – proferiu em seguida, enquanto caminhávamos pela calçada.
Silenciei-me. Sabia disso. Ele estava com a razão. Porém, eu não poderia fazer nada.; ou melhor, não dispunha de forças suficientes para evitar um destino sombrio. Assim, só me restava deixar o destino seguir seu curso, além de torcer para que no final eu não me arrependesse.
Nos despedimos na porta de sua casa. Ele ainda me convidou para entrar e tomar um café, embora tivéssemos comido alguma coisa no shopping. Não aceitei. Disse-lhe que precisa me encontrar com a minha “ninfeta”.
Voltei o mais rápido possível para o Guarujá. Havíamos combinados de nos encontrar no Ferry Boat. E pela hora ela já devia estar me esperando.
E lá estava ela impaciente, quase desesperada. Pude ver em seus meigos e lacrimejantes olhos, na forma como ela sorriu e moveu os braços.; e principalmente quando correu em minha direção. Dir-se-ia de uma criança perdida ao encontrar o pai. Estava tão bela! Ah, sei que é exagero meu, não obstante, parecia mais bela do antes! Talvez fosse por causa da roupa: uma blusinha com detalhes florais, uma minissaia bem justinha, e nos pés tão somente uma sandália de salto.
Ah, querido leitor! Eu parecia um perfeito idiota, morrendo de saudades e louco para senti-la nos meus braços! Foi como se uma década tivesse passado desde o último encontro. E então nos abraçamos e nos beijamos sem ao menos se dar conta de que estávamos em um local público e bastante movimentado. Aliás, pessoas em grande quantidade entravam e saiam da barca.
Por algum momento ficamos em dúvida de onde ir. Ela queria ir para o Anexo Secreto, mas demoraria a chegar lá.; então teríamos pouco tempo para ficar juntos. Ela insistiu. Foi aí que sugeri uma pracinha ali perto.
Era uma pracinha pequena, como muitas existentes na maioria das cidades. Havia uma grande árvore e um banco de concreto bem embaixo. Foi nesse banco que sentamos.
Ana Carla falou-me de sua viagem. Não entrou muito em detalhes. Insisti para que mos narrasse, mas ela parecia relutar. Era como se inconscientemente quisesse fazer de conta que aqueles dias não existiram. Foi a impressão que tive. De forma que não quis força a barra para não magoá-la.
Penso em quando conheci Ana Carla, nos primeiros encontros e fico assustado com a transformação por que ela passou. Se fisicamente não mudou nada, o mesmo não se pode dizer de seu comportamento. Às vezes, fico até com medo de ter transformado-a numa garota vulgar e indecente. Digo isso porque ela parece não conter seus instintos. Dir-se-ia que, ao acender a chama do desejo em seu corpo, ela não sabe como evitar que essa chama provoque um incêndio. E o pior de tudo é o certo ar de rebeldia, quer porque quer que seus desejos sejam satisfeitos. E quando eu tento lhe explicar que não é possível, por ser muito arriscado e o lugar impróprio, ela se aborrece e se torna emburrada, tal qual uma criança a quem se nega um presente. Então é preciso um enorme jogo de cintura para convencê-la do contrário. Ah! Deveríamos nascer todos psicólogos para saber lidar com as crianças e os adolescentes! Aliás, estes últimos me parecem mais trabalhosos.
Enfim, ela queria porque queria fazer amor comigo. Disse que já não agüentava mais, e que eu precisava encontrar outro lugar. Claro que não teria como. Pelo menos hoje não seria possível. E tive que ser um psicólogo para demovê-la dessa idéia absurda. Só então ela aceitou em deixar para o outro dia.
O tempo passou rápido como uma ventania. Para dizer a verdade nem vimos à hora passar. Foi então que ela disse que precisávamos ir embora.
-- Eu vou com você até perto da sua casa, assim a gente fica mais tempo juntinhos – declarei, acariciando-a com as costas da mão à sua face delicada.
-- Tá bom, meu amor! – murmurou Ana Carla. – Mas eu queria ficar mais com você. Estou com tanta saudade! – confessou em seguida, aninhando-se depois, como se não quisesse me deixar.
Ficamos ainda mais uns dez minutos antes de levá-la para a casa.

III

Não sei explicar ao certo porque nem sempre as coisas acontecem como planejamos. Não que isto para mim fosse novidade, nada disso. Quantas e quantas vezes planejei algo e na hora deu tudo errado. Ah, mas a vida tem dessas coisas! Ainda mais quando se depende dos outros, como no caso de Ana Carla. Ela não podia de sair quando bem entendesse. Era preciso pedir permissão aos pais. E por algum motivo que até então me era desconhecido, não a deixaram sair de casa no outro dia.
Passei o dia em casa a espera de seu telefonema. Ela tinha o costume de me ligar após o almoço.; de forma que não me preocupei até a tarde chegar. Aliás, foi a partir das três mais ou menos que um aperto no peito e aquela sensação horrível de inquietação foi se tornando maior. Entretanto, lá pelas cinco eu já não tinha mais esperança. Sabia que algo havia dado errado.
Prefiro não comentar acerca da decepção. Foi como se ela novamente tivesse partido em viagem. Fiquei quase doido em casa. Não sabia se ficava no quarto ou na sala. Tentava pegar num livro, mas não conseguia me concentrar.
Minha mãe notou algo errado e me inquiriu. Contei-lhe o que podia. Ela tentou me confortar dizendo que não adiantava ficar assim, que no dia seguinte tudo se esclarecia. Ela tinha razão, mas quem dá ouvidos a razão nessas horas? Não, não... Só consegui me acalmar à noite, após o jantar.
Ainda bem que Ana Carla me telefonou no outro dia. Pois acordei com a mesma sensação horrível e a mesma inquietação. Contudo, ao ouvir sua voz do outro lado da linha, fui tomado uma sensação indizível de alivio. Foi então que ela me explicou o ocorrido: seus pais não a deixaram sair de casa.
Ela estava afoita para se encontrar comigo. Pude perceber nas suas palavras. Claro que eu também estava louco para me encontrar com ela. Quem não estaria?
Foi então que combinamos de nos encontrar as duas e meia no Anexo Secreto.
Cheguei atrasado. Fui com minha mãe a Santos comprar um celular para ela e demoramos mais do que o esperado. Sei que deveria ter-lhe avisado que poderia me atrasar. Só que não esperava me atrasar tanto. E quando cheguei lá, ela estava furiosa, como se eu tivesse cometido uma falha gravíssima. Tratou-me de forma fria e permaneceu emburrada a maior parte do tempo.
-- Quero ir para outro lugar – disse ela algum tempo depois. Falou de uma forma ríspida, feito uma criança quando quer porque quer algo.
-- Mas para onde, minha florzinha? – perguntei de forma carinhosa, fazendo o máximo de esforço para ser amável.
-- Não sei. Você não é o homem? Então se vira!
Como às vezes as pessoas agem feito crianças! Naquele momento Ana Carla não parecia em nada com aquela menina que eu conhecera. Era como se a viagem a tornara mimada e ao mesmo tempo infantil. Onde estava aquela garota bela e atraente que mais lembrava uma jovem de dezesseis anos? O que aconteceu? Ah, fiz-me essa pergunta mais de uma vez.
Enfim. Custei a convencê-la a ir para outro lugar até que anoitecesse. Ela concordou em ir ao cinema.
É. Mas quando as coisas não têm que dar certo, não adianta. A culpa também foi minha. Por que eu tinha que escolher justamente um filme que só ia começar dali a 45 minutos? E ainda por cima um filme longo? Fui egoísta! Só pensei em mim mesmo! Essa é a verdade. Por que não deixamos o filme para outro dia? Tinha acabado de estrear ontem.; portanto, não sairia de cartaz tão cedo. Não. Mas esse meu vício por cinema tinha que estragar o resto do dia. Vi o quanto ela saiu enfadada do cinema. Não quis comentar nada, todavia, parecia não ter gostado nem um pouco. Aliás, não era mesmo um filme para adolescentes. Até nisso a escolha foi infeliz.
Voltamos ao Guarujá.
-- Vamos até aquele lugarzinho no final da praia? – propus.
-- Qual? – perguntou ela, tornando-se mais animada, como se minha pergunta tivesse o poder mágico de animar as pessoas.
-- Aquele em que a gente transou embaixo da árvore. Lembra? Lá onde tem umas pedras – expliquei.
-- Ah.., sei – lembrou-se ela com um ar mais leve.
Tive a impressão de que o mau humor dela passara.
Mas foi só chegar lá que a decepção teve o efeito de uma nuvem negra. Havia alguns casais e nossos planos foram por terra. Ana Carla voltou a emburrar-se, como se eu tivesse culpa por aquelas pessoas estarem lá. Como num último fio de esperança, ela ainda insistiu:
-- Será que não tem outro lugar?
-- Não sei não – respondi com certo receio. Não queria contrariá-la ainda mais. Entretanto, não adiantava mentir. A cidade estava cheia de turistas. Não encontraríamos outro lugar de forma alguma. Por isso falei: -- Acho quase impossível. É melhor a gente desistir.
Pensei que ela ia se conformar e aceitar a derrota. Mas não. De um momento para outro começou a falar e por toda a culpa em mim.
-- Aposto como você transou com alguma vadia enquanto eu estava viajando. Por isso você não está com vontade de fazer amor comigo...
-- Não é nada disso, meu amor – interrompi. – É que...
-- É sim... – Foi a vez dela me interromper. Ana Carla falava de forma exaltada, com um tom de voz alto o suficiente para que outras pessoas ouvissem. Aliás, um casal parou de se beijar e nos encarou. – Se você estivesse morrendo de vontade, assim como eu, teria dado um jeito. A gente quando quer a gente consegue – continuou ela exaltadíssima.
Tentei acalmá-la, mas não houve jeito. Pelo contrário, acabei perdendo a cabeça também.
-- Quer saber duma coisa? Eu vou pra casa. Não vou ficar ouvindo você agir como se fosse uma criancinha mimada – falei muito exaltado. Não era do tipo de pessoa capaz de perder a paciência com facilidade, no entanto, Ana Carla havia passado dos limites.
Quando ela me viu se afastar, correu ao meu encontro e pediu desculpas. Estava por demais chateado e magoado para fazer de conta que não tinha acontecido nada. Aceitei porém suas desculpas, mas não de todo. Como forma de castigá-la, disse:
-- É melhor cada um ir para sua casa.
Ela principiou a protestar, mas desistiu. Com um olhar de tristeza, conformou-se em fazer o que lhe sugeri.

IV

A vida é feita de altos e baixos. Num dia as coisas dão erradas, mas no outro dá tudo certo. Quantas e quantas vezes isso já nos sucedeu? Eu não me lembro do número de vezes em que isso aconteceu comigo, entretanto, devem ter sido inúmeras.
Até parecia que eu estava adivinhando. Pois, ao acordar, tive a sensação de que aquele seria um domingo maravilhoso. Era como se eu fosse capaz de prever os acontecimentos.
Quando Ana Carla me ligou por volta das onze horas, ainda estava magoado com ela, mas seria capaz de perdoá-la no instante que ouvisse sua voz. E assim que ela me pediu desculpas, com aquela voz tão meiga e cheia de ternura, meu coração tornou-se mole e meus olhos lacrimejaram. De repente fui tomado por um descomunal desejo de vê-la. Se eu tivesse o poder da telepatia, teria me transportado até ela no mesmo instante. Não teria dado a mínima pelo que poderia acontecer se, ao surgir diante dela, deparasse-me com seus pais. Não. Nada disso fazia diferença. Enamorado do jeito que estava, seria capaz de cometer as mais loucuras. Aliás, não só a desculpei como lhe disse que havia arrumado um lugar para a gente se entregar um ao outro. Ela ficou numa euforia que só.
Consegui pegar o carro do meu pai emprestado. Então fui buscá-la. Fiquei de apanhá-la na pracinha próxima a sua casa.
Ah, como Ana Carla estava sexy! Seu corpo parecia emanar uma força estranha, capaz de despertar os mais ocultos desejos. Usava na ocasião uma blusinha justa e curta. Podia-se ver com clareza os contornos dos seios, inclusive os detalhes mais sutis. Abaixo do umbigo exposto, jazia uma minissaia com detalhes. Ainda não a tinha visto com esta peça de roupa. Provavelmente era uma das que tinha comprado para a viagem. Essa foi minha intuição. O que mais me chamou a atenção foi o tamanho da saia – curta demais --. Quase se poderia ver a calcinha. Não sei como a mãe pode lhe comparar uma roupa daquelas. Se eu tivesse uma filha, não a deixaria usar de forma alguma. Para quê? Para que os homens a desejassem como um objeto? Não, não suportaria ver a minha filha consumida pelos olhos sedentos de homens imundos, desclassificados, capazes de causar nojo nas mais ignóbeis prostitutas. Ah, não! Não mesmo! Posso ser o que for, mas jamais uma filha minha usaria uma saia dessas! “Por enquanto você pode usar. Até acho que você fica deliciosa, minha florzinha, mas não pense que vai ser assim para sempre... Não vou deixar mesmo você sair assim pela rua. Esse corpinho me pertence e a mais ninguém...”, pensei pouco depois.
Demos uma volta pela cidade. Ainda estava cedo. Não precisávamos ter tanta pressa.
Lá pelas sete horas, levei-a a um lugar especial -- numa praia pouco conhecida. – Era um dos poucos lugares onde poderíamos ficar à vontade. Dá até para ir a pé, mas é muito cansativo. Pois se sobe um morro e logo adiante se avista alguns prédios. Segue-se um pouco mais e desce por uma das ruas. Então é possível estacionar o carro e descer por uma trilha até a praia. Como já disse, é uma praia meio deserta. Não há calçada ou imóveis na orla. Aliás, há sim um quiosque que fica aberto até mais tarde. É um local tranqüilo e pouco conhecido. A água do mar é limpíssima, porém as ondas são fortes. À note quase não há iluminação, o que torna o lugar um ponto de encontro de casais de namorados.
-- Eu nem imaginava que esse lugar existisse – comentou ela, quando descíamos pela trilha. Era uma trilha formada por degraus em alguns pontos.
-- Mas existe. E tem muita gente que não sabe disso – falei. – Cuidado com os degraus – alertei-a em seguida. -- Vá apoiando nas árvores. Assim ó – mostrei.
-- E não é perigoso aqui?
-- Acho que não.
-- Parece tão deserto – opinou. – Aí! – proferiu ao se escorregar e quase cair.
Cerca de três minutos depois acabamos de descer e estávamos pisando na areia.
Sabia que o lugar não estaria de todo deserto, só não esperava encontrar tantos casais assim. Aliás, eles pareciam indiferentes a presença uns dos outros. Era como se todos ali fizessem os mesmos juízos de valores e avaliassem as intenções dos demais de acordo com as próprias intenções. Não que isso estivesse de todo errado.; pois a maioria fora até ali justamente para encontros íntimos. Eram pessoas de todos os tipos. Na mais das vezes, eram jovens sem condições financeiras para pagar um motel ou porque não tinham idade suficiente para freqüentar tais lugares, o que era o caso de Ana Carla. Não era possível levá-la. Talvez até conseguisse, mas era arriscado demais. E não vale a pena por tudo a perder quando se pode encontrar outra saída.
Procuramos um ponto onde a luz era menor e acabamos ficando ao lado, bem próximo, de um casalzinho aparentando uns quinze ou dezesseis anos. No entanto, não nos importamos com eles, ainda mais que ao olhar para eles discretamente com o canto dos olhos, tive a impressão de estarem tão absortos que nem notaram a nossa presença.
Ana Carla encostou-se no muro de pedra e principiamos a nos beijar. Mas o desejo era intenso demais. Existia uma energia acumulada nos últimos dias suficientes para nos extinguir. Por isso não precisou mais do que alguns beijinhos para que uma fagulha iniciasse um incêndio. E o desejo tomou conta de nós, ardendo-nos feito condenados nas chamas da inquisição.
Minhas mãos ávidas ergueram num átimo a blusinha dela, fazendo surgir na escuridão dois pontos claros, como duas lanternas. Digo isso porque seus seios brilharam naquela quase ausência total de luz. Ainda não havia anoitecido por completo, não obstante, a posição da praia e do morro fez com que parecesse mais escuro.
Eu sentia uma seiva venenosa correr em minhas veias. Era como se o meu sangue envenenasse o cérebro e me deixasse aturdido, tal qual sob o efeito dum entorpecente de grande poder. Era como se, para evitar que a razão me impedisse de seguir em frente, um escudo impedia o cérebro de comandar o resto do corpo. Acredito que não só eu como também Ana Carla vivia a mesma situação. Havíamos iniciado um processo irreversível. E nada nesse mundo seria forte o bastante para detê-lo.
Meus lábios desesperados, quase trêmulos, procuraram aqueles seios tão jovens e cheios de vida. Ah, como estavam rijos! A rigidez porém tornará-os sensibilíssimos, pois, ao tocá-los e perpassar de forma matreira a língua ao redor do ponto mais escuro, Ana Carla soltou um suspiro como se fosse um orgasmo.
Fico imaginando o tamanho do prazer que ela experimentou naquele instante. Deve ter sido o momento mais sublime do êxtase, daqueles que só uma conjunção de fatores é capaz de provocar. Em seguida, escorreguei lentamente a mão em suas coxas, os finos pêlos espicaçaram e ela contraiu as pernas. Não para me impedir de subir a mão.; foi mais como uma reação natural às sensações criadas por tais toques. Minha mão entretanto continuou subindo por baixo da saia até a peça íntima. Como uma ave de rapina, ela procurou a extremidade daquele pano delicado e escorregou por dentro, como se quisesse se esconder de alguma coisa.
Dessa vez Ana Carla soltou um gemido mais forte. Foi quando meu dedo se perdeu no vão escorregadio do corpo dela. Contudo, ali não permaneceu por muito tempo.; pois, instantes depois, Ana Carla sussurrou:
-- Espera aí. Me deixa tirar a calcinha.
Olhei para os lados. O casal continuava indiferente a nossa presença. Aliás, o rapaz também acariciava os seios da jovem. Pude perceber pelos movimentos das mãos nos seios negros dela. Não dava para ver de forma precisa, mas a saia dela também parecia levantada. Não obstante, para evitar que vissem Ana Carla tirar a calcinha, eu me interpus entre o casal e ela. Ana Carla por sua vez foi muito rápida, com uma destreza incrível. Depois, dobrou-a de qualquer jeito e a colocou no bolso da minha calça.
Novamente nos atracamos.
Meu corpo parecia uma caldeira pronta a explodir. Se não se abrisse a válvula e deixasse sair aquela pressão imediatamente, poderia acontecer algo imprevisível. O coração martelava no peito, as veias haviam se dilatado devido à tensão nos quadris. “Ah, não estou agüentando mais...”, pensei ao tomar ciência de que entre as pernas dela não havia mais nada, nada capaz de impedir a invasão daquele exército de um soldado só.
Antes que me achegasse novamente, Ana Carla, em silêncio, como se as palavras não fossem necessárias, abriu com pressa o zíper da minha calça, enfiou a mão e, ao encontrar o que procurava, puxou-o para fora.
Não sei nem com descrever a sensação de deleite ao sentir sua mão delicada a envolver-me o falo. Ela o segurava de uma forma tão especial, como se ele fosse a coisa mais preciosa e delicada do mundo. Ah, precisava ver como ela o segurava e deslizava a mão ao longo dele! Parecia alguém cuja experiência levou à perfeição. Aliás, desde a primeira vez, notei um tocar diferente, como se suas mãos tivessem um dom especial. Não era como as outras mulheres que muitas vezes o segurava, como se agarrasse o cabo de um martelo ou de uma enxada.; nem mesmo como Roberta que gostava de fazer dele um brinquedo, nem mesmo como aquela alemã de vinte e dois anos, ainda virgem, que apesar de todas as tentativas, não me deixou tirar sua virgindade. Aliás, foi a única com a qual me senti derrotado. Ela fazia de tudo, principalmente acariciar meu falo até o gozo, no entanto, não permitiu desvirginá-la. Não, nenhuma delas era tão delicadas quanto Ana Carla. Talvez porque havia algo mais entre nós que eu desconhecia.
Ela poderia tê-lo acariciado um pouco mais se isso lhe agradava tanto. Todavia, ali não era o local apropriado e nem o momento propício. O casal ao lado poderia ver alguma coisa. Além do mais nossos corpos não se contentariam com tão pouco. Era preciso ir até o fim, até que o demônio da volúpia nos abandonasse. Foi então que Ana Carla disse-me baixinho no ouvido:
-- Põe logo, antes que eu gozo!
Então tirei o dedo de sua suculenta vulva para dar lugar ao que ela realmente desejava. Enquanto fazia isso, inquiri:
-- Mas já? Que garota é você que não agüenta ser acariciada, que já quer gozar?
Então ela explicou. Disse que era por causa dos longos dias sem fazer amor comigo.
Um novo silêncio. As palavras tornaram-se não só desnecessárias como até seriam capazes de quebrar o encanto.
Ana Carla não pronunciou um único som quando a glande escorregou entre os grandes lábios e se perdeu no interior do corpo dela.; aliás, para ser mais preciso, houve apenas um leve suspiro, como se o êxtase a anulara por completo.
Durante alguns momentos ficamos desligados do mundo. Era como se estivéssemos em outra dimensão, onde não existiam espaço e tempo, nem o certo e o errado. Não sei por quantos minutos duraram aquele desligamento da realidade, mas não foram muitos. Foi tempo suficiente para que o gozo tomasse conta de mim. Foi tempo suficiente para que Ana Carla deixasse escapar um grunhido e então pendesse seu corpo sobre o meu, como se as forças lhe faltassem. Estava exausta e respirava de forma ofegante. Assim também estava eu. Mas eu tive que me manter firme e segurá-la para não cair.
O casal que estava ao nosso lado havia partido. Não sei se foi porque se sentiram constrangidos ou se foi porque não tinham mais o que fazer ali. Foi melhor, pois assim me senti mais livre, como se não existisse mais o perigo de alguém nos ver. Na verdade, senti-me à vontade para me desvencilhar dela, tirar a calcinha do bolso e limpá-la, sem se preocupar em cobrir-lhe os seios e guardar o falo ainda teso.
Agora sentíamos-nos em paz. Era como se um espírito maligno nos abandonara. Os sentimentos nutridos um pelo outro só se fez crescer, tal qual uma planta regada com amor e carinho. A cada momento, eu tinha a impressão de que nossos destinos se misturavam de forma irreversível.Dir-se-ia estarmos num processo de transformação, tal qual a larva em borboleta. Para dizer a verdade, não me sentia mais aquele homem que combatia implacavelmente o amor e o casamento. Não, não era mais aquele homem. O amor se instalara em meu peito de forma invisível feito um vírus, e agora tanto o corpo quanto a alma padeciam desse mal.
Estava tarde. Ana Carla já deveria ter ido para casa. Assim, esperei até que ela fosse a margem lavar a calcinha e então retornamos.

Se quiser saber como tudo começou, então clique em: A MENINA DO ÔNIBUS
Agora se quiser ler a versão da Ana Carla da história, então clique em: O DIÁRIO DE ANA CARLA



LEIA TAMBÉM
DEIXE A VERGONHA DE LADO
O DIÁRIO DE ANA CARLA - XIX
COMO SE FOSSE UMA PUTA
TEUS GRUNHIDOS
PALAVRAS NÃO SÃO NECESSÁRIAS
AINDA O MESMO PRAZER
NOSSOS CORPOS EM COMUNHÃO
O DIÁRIO DE ANA CARLA - XVIII
QUANDO O GOZO SE INICIA
LEVE-ME PARA TEU LEITO
ARROLHOS
O DIÁRIO DE ANA CARLA - XVII
O BANHO DE UMA FÊMEA
MEUS DESEJOS SE REALIZARAM
O PEÃO E A FILHA DO COLONO
A MENINA DO ÔNIBUS II - Capítulo II(b)
O DIÁRIO DE ANA CARLA - XVI
HÁ SEMPRE O QUE DESCOBRIR...
A MENINA DO ÔNIBUS II - Capítulo II(a)
EU TE ROUBEI A VIRGINDADE
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui