Nasceu assim, de repente
sem nome, sem nada.
Cresceu assim, de repente
de menino de rua o chamaram.
Tinha fome, mas não comia
Tinha frio,
não se vestia
Tinha pai, sinônimo porrada
Tinha mãe, sinônimo gritaria.
E um cachorro, sem nenhum sinônimo.
Começou a frequentar escola:
rua.
Uma nova profissão aprendeu,
a primeira prisão conheceu:
violentado
queimado
surrado
voltou à rua.
O bolso
onde guardava um pingo de esperança, rasgou
no seu interior nada sobrou.
O menino ao invés de chorar, roubava
ao invés de cantar, gritava
ao invés de viver, matava.
E num dos tiroteios cotidianos, uma bala o matou
Assim tão de repente...
Como sempre! |