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cronicas-->Duas faces -- 22/11/2007 - 16:50 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Duas faces

Fernando Zocca

Dentre os acontecimentos "sem causa", "sem motivo" ou "sem explicação" que nos aporrinhavam, naquele tempo da ocupação do imóvel situado na rua Benjamim Constant, havia um que deixava meu pai extremamente irado.
Consistia essa maldade em fazer encostar um caminhão basculante (com carroceria de metal) defronte a casa, antes do amanhecer e mantendo o motor ligado (soltando fumaça preta de óleo diesel queimado) carrega-lo com pás, picaretas e enxadas lançadas de longe.
O vozerio dos trabalhadores da Fábrica de Barcos Irmãos A. a algazarra, e as chacotas tinham a propriedade de suscitar a ira em F.Z., que sem titubeio saía à janela pedindo consideração.
Quando isso acontecia, geralmente à tarde surgia em visita R. D. L. um sobrinho do F.Z. (meu primo) filho da L.Z. e J.D.L. Ele vinha para "assuntar" os acontecimentos, que com certeza, serviriam depois para fustigar, via feedback, o F.Z. no seu local de trabalho.
Mais allheados naquele tempo não conseguíamos discernir a hipocrisia que revestia R.D.L. e o colocávamos inteiramente a par dos assuntos domésticos, sempre ressaltando nossa revolta contra o líder.
Aqueles pratos cheios alimentavam a sanha de vingança nutrida por todos os demais interessados nos quinhões do espólio de J.C.Z.
C.A. era casado com I.Z.A., irmã de F.Z., e trabalhava na Fábrica de Barcos Irmãos A. Seu interesse no dinheiro, que lhe cabia, tinha a intensidade das necessidades da filha adolescente M.C.A. que terminava o Magistério e precisava mudar-se para São Paulo.
Um outro filho de C.A., irmão de M.C.A., J.C.Z.A., era alcoólatra e seus negócios, nas feiras livres, tinham todas as características capituladas no Art. 171 do Código Penal Brasileiro.
Seus embrulhos foram tantos que um dia J.C.Z.A., desapareceu e ninguém mais soube do seu paradeiro. Seus pais morreram sem saber o destino do filho.
Mas lembro-me de uma sacanagem aprontada que consistiu nisso: sem motivo aparente fui convidado para ir a uma fazenda de propriedade do pai de M., que hoje é cirurgião dentista quase aposentado em Piracicaba.
No dia combinado cheguei a sua casa, (um sobrado ainda hoje existente na esquina das ruas XV de Novembro e Boa Morte), chamei-o e aguardei na entrada.
O menino desceu (naquele tempo ambos éramos meninos) e nos convidou para esperarmos, na Kombi estacionada na esquina, o seu pai que se preparava para sair.
Dentro do veículo começamos a falar de futebol e às nossas respostas, para suas perguntas, ele demonstrava admiração até que ao não respondermos nada sobre a Portuguesa, cuja camisa tem a cor vinho, ele muito ríspido, nos constrangeu.
A viagem para a fazenda foi iniciada estando eu me sentindo muito mal, tenso recalcado e mudo.
Eu não poderia explicar a grosseria, se não tivesse o Barbosa, do nome da minha mãe, origem portuguesa.
Lá na fazenda, depois de nadarmos num riacho de águas geladas, expostos ao vento forte e na sombra, ainda cavalgamos no pêlo um cavalo branco magro.
O falecido J.C.Z. enterrado em 1943 tinha uma égua branca, seu xodó, que lhe dava muito orgulho e o destacava na vizinhança.

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