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Contos-->II Vozes do além -- 15/03/2018 - 15:13 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 
Esperava a intervenção de Robert Daniel Smith, afinal, ele é o cientista.

 Fez um minuto de silêncio, e ela mesma continuou:
— Não funciona nas pessoas que têm um chip na palma da mão ou na testa, essas pessoas não  podem fazer contato, indiscriminadamente, com qualquer morto, senão com aqueles que estão depois dos muros abissais. Eles não precisam do aparelho auricular. Mandam e recebem mensagens por meio de bombas de pensamento como no tempo de nossos primeiros país, quando viviam no paraíso.
— Deve ser bom não ter que usar esses penduricalhos na orelha — disse Daniel.
— Não é bom. Os que vivem além dos muros que separam a luz das trevas, são maus. Suas auras não têm brilho. São estrelas apagadas que usam bombas de pensamento, para sugestionar o mal na mente das pessoas. Entre eles, funciona como uma ordem originada da cadeia hierárquica superior.
—  Êta gente! Há hierarquia no inferno?
— Claro  que há! Se subalternos não cumprirem completamente uma tarefa, são rebaixados para a mais profunda escuridão, por isso eles insistem em suas sugestões. Essas mesmas bombas lançadas aos que ainda  estão na vida militante, só surtirão efeito, se os viventes acolherem a sugestão, dando como resposta uma ação correspondente. O demônio não tem poder de ler nosso pensamento.
— É verdade, ele não pode. O ato de acolher e praticar uma ação por ele sugerida é a resposta de que precisa. Isso provoca  a sensação de penetrar na mente dos humanos. Mas nada ele pode fazer sem o consentimento. Digo interlocutor, porque, quando se aceita uma sugestão demoníaca, passa-se a com o demônio.
Robert    conectou minúsculos plugues a uma bola energizada com elementos trazidos de Marte, e conversou com a mãe numa língua quase universal usada pelos falantes do ano de   2057.
Já naquele ano, o psicoteledecodificador era de uso comum entre os mais abastados. Custava uma fortuna, e como se tratava de inovação, funcionava ainda canhestramente, e toda culpa recaia sobre o Sistema. Virou justificativa até para falha humana: ‘O sistema está fora do ar.’
 — Preciso que me passes a nova frequência do papai, parece que ele mudou os sinais de acesso e há mais de sete anos do calendário-terra, não consigo falar com ele.
— Bobbynho, teu pai foi elevado ao sétimo céu, de lá é impossível a comunicação com plataformas inferiores. Salvo, uma vez em cada sete anos, o que aqui representa apenas um Planck, ou seja:  5.39121 x 10 - 44 segundos, portanto, muitas vezes menor que os segundos bissextos do tempo solar. Resuma a conversa, minha bateria está descarregando. Gastei os últimos elementos trazidos de Vênus, e não há previsão de chegar novo estoque no mercado interplanetário.
—Está bem, mamãe! Até o próximo segundo bissexto.
— Até!
— Oi, mãe! Ainda estás na frequência? Esqueci de orientá-la: use elementos de Marte.
— Não posso.
A conexão foi interrompida.
Robert   refez os cálculos baseando-se nas informações que dona Leide lhe passara, e concluiu: Na terra, ano bissexto ocorre de quatro em quatro anos e acresce um dia ao calendário. É quando temos o mês de fevereiro com 29 dias. E como o  dia tem 24 horas, então, em cada ano ganha-s 6 horas. Em outras palavras, em cada ano acrescemos 1/19.600 segundos bissextos ao tempo solar. — ‘Será que meus cálculos estão corretos?’ Tinha certeza de uma coisa: quando queria saber se um ano é bissexto, ainda que no passado ou no futuro, bastava dividir o número por quatro e se não sobrasse resto o ano é bissexto... Era muito simples, mas em sua nova galáxia, não funcionava assim.
— Destrua esses aparelhos, Dan!— insiste Ravenala— ‘Quem seria o pai de Robert?’ — Ora Ravenala, repreendeu ela seu próprio pensamento: ‘ Fizera DNA do sangue de Jeremias. A margem de erro é de um por cento.’ — Sim, mas neste um por cento pode estar a verdade.
— Ravenala!
— Desculpe Dan, eu estava em off.
Pelos sinais de frequência, Daniel sabia que não era verdade, mas Ravenala nunca mentia. Estar em off naquele momento, significava que não estava conectada, nele, Daniel, sem com isso dizer que se desconectara do mundo.
— Eu estava dizendo: quebre esses aparelhos, Dan!
— Não posso! Isso seria sabotar o  SistemaPsicoteledecodificador de Inteligência. As grandes potências mundiais, não aceitariam. Com certeza, deflagrariam uma guerra nas estrelas.
— Não há mais grandes potências! A guerra nas estrelas já aconteceu. Não ficou pedra sobre pedra.
— Desculpe. Ainda estou na tela do ano 2017.
— Pois  mude para 2327 este é o ano. Desligue  os canais antigos. Houve interferência. Estás no passado, na frequência das forças do mal que agiram em um país bom, governado por homens maus. Naquele ano, a abominação da desolação assentou-se no trono. Governou pelas mãos da fera. — espere um pouco, retornarei em um Planck, disse Daniel. — a verdade entrou no mundo, pelo  ventre de uma mulher, mas agora, a mentira chega na boca da besta, que  põe ovos de serpente e faz ninho em todas  as nações. Domina os governos e governantes. Corrompe os políticos, desequilibra as finanças e o povo passa fome, enquanto os poderosos enchem seus bolsos com o dinheiro dos impostos que arrecadam. Tiram da boca da viúva e do órfão, expoliam a população com pesados impostos. E esbanjam e se divertem com caviar regado a vinho caro, há meio século engarrafado.
—  Mude o canal o canal para 2327, tu também estás em 2017!
— Não precisa! Foi só a passagem de uma estrela cadente. O tempo foi abreviado, estamos novamente em 2327.
Um  Planck depois.
— Mamãe!
— Oi Robert  , onde estás agora!
— Voltando, definitivamente, para o Brasil. No Velho mundo, não há mais água potável e o ar puro só pode ser respirado se estiver em cilindro  de oxigênio preso às costas.
— Em 2057 as coisas já estão assim? A previsão era de faltar água. Oxigênio, não!
Leide não quis informar que no mundo em que ela vivia o ano 2327, era o correspondente a 2057 no planeta Terra, portanto, uma diferença de 270 anos. Isso tornaria impossível o contato dos vivos com os parentes mortos, ainda que na mais  longínqua raiz da árvore genealógica, pois todos já estavam mortos.
— Há um erro de cálculo, Leide! Tem sobreviventes da família!
— Ramificações distantes, não têm mais laços consanguíneos.
— É verdade. Mas, refaça os cálculos, em 270 anos, pode haver resquícios.
— Não é tarefa minha. Cuido do espírito. Os cuidados da carne cabem aos que ainda estão na vida militante. Voltemos a falar sobre oxigênio. Não acompanho todas as manchetes da terra. Nem poderia, muitas são humanas demais.
— Estão fabricando árvores artificiais, não creio que resolva o problema, nem vou esperar pelo resultado.
— Árvore artificial? Isso não vai resolver nada! O Sul será engolido pelo Norte. No próximo múltiplo de sete, sete vacas magras engolirão sete vacas gordas e uma nuvem de gafanhotos virá do Kansas, destruirá as pastagens, transformando-as em deserto. O Nilo brasileiro secará.
Robert   não polemizou  a questão da água. Em alguns países, este líquido tão antes precioso, já está sendo vendido em pastilhas com dosagem para um mês.
***
Adalberto Lima, fragmento de Estela que o vento soprou.
Imagem: Intert

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